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TENDÊNCIAS NA ALIMENTAÇÃO

O futuro da alimentação

Até 2100, alcançaremos a marca de 11 bilhões de habitantes no mundo. Uma estimativa expressiva que aumentará em cerca de 30% a demanda por alimentos. Um cenário complexo que gera um importante questionamento: como será a nossa alimentação no futuro? A pergunta apresenta uma série de hipóteses. Parte dos especialistas acredita que os alimentos do futuro deverão ser cada vez mais nutritivos e sustentáveis. A tendência, segundo eles, é que cada vez mais consumidores se interessem em conhecer de perto a cadeia produtiva dos alimentos que consomem no dia a dia e exijam uma postura sustentável de seus produtores.

Valorizando o consumo local

Além disso, movimentos como o Eat Local, que incentivam o consumo de alimentos orgânicos produzidos localmente em prol da economia da região, devem crescer ainda mais, ampliando a transformação das cidades em diversas zonas agrícolas produtivas – atualmente há uma série de empresas especializadas em transformar espaços ociosos, como os telhados de prédios, por exemplo, em áreas para cultivo de hortaliças e frutas. “Tento consumir produtos que sejam mais locais. Algo considerado natural, mas que viaja da Argentina a um país distante, não me convence”, analisa Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace International, em reportagem da revista Época Negócios.

Fazendas verticais

O processo de agricultura indoor, que consiste no cultivo de vegetais e hortaliças em ambientes fechados e controlados por inteligência artificial, é outra proposta que tende a crescer nos próximos anos. O Massachusetts Institute of Technology (MIT), por exemplo, uma das instituições de tecnologia mais respeitadas do mundo, está investindo em versões individuais do que os especialistas chamam de food computer (computador de comida) que pode transformar qualquer pessoa em um fazendeiro em sua própria casa.

Comida sob demanda

Ainda no campo da tecnologia, o design de alimentos é mais uma tendência que deve ficar cada vez mais forte tendo como foco o desenvolvimento de pesquisas alinhadas aos desejos e necessidades dos novos consumidores. Comida sob demanda. A Bayer, por exemplo, desenvolveu uma variedade de melancia menor, sem sementes e com mais nutrientes que as tradicionais. Enquanto uma melancia convencional pesa em média 15 quilos, a criação da Bayer tem um peso médio de 6 a 8 quilos. “Isso facilita o transporte e armazenagem, bem como evita o desperdício do alimento”, afirma Guilherme Hungueria, especialista de marketing da Unidade de Sementes e Hortaliças da Bayer em entrevista ao Planproject. “O produto ainda é mais saudável, já que contém o dobro de antioxidantes que a melancia convencional, além de possuir um sabor e uma doçura inigualáveis”, acrescenta. A empresa também lançou a Dulciana, uma cebola que não faz chorar pelo fato de apresentar menos ardência que o vegetal convencional.

Alimento como prevenção

Nesse sentido, há também pesquisas focadas no desenvolvimento de alimentos produzidos especificamente para prevenir doenças ou atender as necessidades nutricionais de grupos específicos. Estes estudos defendem que cada pessoa passaria a comer os alimentos que a deixam mais saudável, levando em consideração a sua genética e o seu histórico de doenças. Alimento como prevenção. “Não é mais a mesma comida para todo mundo. Temos de individualizar produtos de acordo com o que o corpo precisa com base na idade ou no sexo, por exemplo. Há muitos parâmetros”, explica a chefe da Nestlé na Alemanha, Beatriz Guillaume-Grabner, em entrevista ao site DW. A proposta da maior empresa de alimentação do mundo é lançar produtos que consigam cada vez mais levar micronutrientes, como zinco e magnésio, para os consumidores.

Quando a soja vira bife

A redução no consumo de carne também tende a se fortalecer nos próximos anos com o desenvolvimento de técnicas e de empresas que ofereçam opções nutritivas e deliciosas de alimentos sem o envolvimento de animais. Exemplos dessa dinâmica são as empresas Impossible Foods, que vende “carne” produzida a partir de plantas em mais de 500 restaurantes nos EUA, e Beyond Meat, que desde 2013 produz “carne” e “frango” feitos de planta.

Reduzir o desperdício de alimentos

também é uma outra tendência que deve crescer. Em um futuro não tão distante, teremos mais empresas como a ResQ, plataforma on-line com atuação na Europa que vende as sobras de cafés e restaurantes. Só para se ter uma ideia, a iniciativa já evitou que 100 mil porções fossem jogadas no lixo.

Entendendo o futuro

Marcas que produzem ou comercializem alimentos devem estar atentas ao que o consumidor vem buscando, e ao que ele tende a buscar. Sabina Deweik, no curso online “Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes”, apresenta os 4 grandes paradigmas que nortearão para onde a sociedade caminhará nos próximos 20 anos. E um dos temas abordados por ela é diretamente relacionado ao que estamos discutindo nesse texto, como o Paradigma Unique & Universal, onde:

  • a antinomia entre o local e o global será deixada permanentemente para trás;
  • será reconhecido o valor dos produtos únicos e locais;
  • produtos locais serão transformados em opções globais;
  • o caráter distintivo das origens e dos processos será comunicado de modo mais transparente;
  • as mídias sociais serão usadas a fim de criar novas lógicas de distribuição e de comunicação, dando aos produtos locais uma melhor oportunidade de se afirmarem no mercado global;
  • customizado, personalizado, distinto passam a ser conceitos relevantes.

Com propostas tão diversas em curso (de alimentos cada vez mais orgânicos e naturais a opções geneticamente modificadas), podemos concluir que o futuro da alimentação será diverso e dependerá do caminho escolhido por cada consumidor. Escolhas distintas e individuais para responder a uma mesma questão. Com qual proposta você mais se identifica?

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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QUAL O IMPACTO AMBIENTAL DAS NOSSAS ESCOLHAS ALIMENTARES?

Já são muitas as discussões sobre tendências, movimentos de mercado e comportamento de consumo que propõem a ressignificação na maneira como lidamos com alimentação e que fortalecem o elo entre comida, saúde e sustentabilidade. Reflexo do interesse do consumidor por alimentos mais saudáveis, os produtos “clean label, ou de rótulos limpos, por exemplo, são formulados priorizando poucos ingredientes simples, naturais, frescos, sem corantes ou conservantes artificiais – tudo isso apresentado de um jeito fácil de entender. Um exemplo: iogurte. Para a sua produção são essencialmente necessários leite fresco e fermento lácteo. Infelizmente, a maioria dos produtos ainda tem um rótulo com mais de dez ingredientes listados no rótulo, alguns deles impronunciáveis. 

Para a nossa escolha alimentar, os impactos ambientais são tão importantes quanto o valor nutricional dos alimentos. De onde vem a minha comida? Qual o impacto ambiental das minhas escolhas à mesa? Não existem pessoas saudáveis em um planeta doente. Você já parou para pensar no desgaste da biosfera para você comer uma romã americana? A ideia é priorizar produtos da estação e que são produzidos próximo de onde vivemos. Parece óbvio, mas não é como acontece no dia a dia. Consumir alimentos integrais na sua forma mais natural, não refinada, com o mínimo de processamento possível, é mais saudável e mais sustentável. Com isso você também vai estar optando por alimentos mais baratos e mais saudáveis, e pode priorizar os produtos da estação e que são plantados na região em que você mora. Ou seja, frequentar a feira do seu bairro é mais barato, mais saudável e mais sustentável.
A ‘pegada ambiental’, ou seja, os recursos que as atividades humanas consomem, em termos de água, terra e ar, para produzir nossos bens de consumo deve ser repensado, ressignificado. Afinal, somos responsáveis pelas marcas que deixamos no planeta para atender ao nosso estilo de vida. A indústria da carne, por exemplo, é responsável pela emissão de cerca de 18% de todos os gases de efeito estufa, enquanto os meios de transporte são responsáveis por 13%. Além disso, necessita de terra tanto para a pastagem dos animais quanto para o plantio de matéria prima necessária para produzir a ração que os alimenta. 

Isso não significa que você tenha que mudar toda sua dieta. Adotar um estilo de vida que prioriza o consumo de legumes, verduras, leguminosas, grãos e cereais já é passo importante. Quanto menos pessoas e etapas intermediárias estiverem envolvidas no fornecimento de alimentos, melhor. Dessa forma, as empresas de alimento podem contribuir para o aumento da economia rural, criando novas formas de vender e divulgar produtos locais e atrair novos tipos de clientes. 

COZINHAR MAIS E DESPERDIÇAR MENOS: O CAMINHO  
Comer é prazer, é nutrir, é afeto. Cozinhar sua própria refeição sempre que possível, é redescobrir os sabores vindos da natureza. Você pode apreciar pratos simples e alimentos feitos com poucos ingredientes, de qualidade, de preferência orgânicos. Os números da saúde mostram que 52,5% da população brasileira está com sobrepeso. O que gera doenças que poderiam ser evitadas, apenas com uma melhora da qualidade da alimentação.
O desperdício e a perda de alimentos são imensos no mundo inteiro e nessa situação escondem-se muitas oportunidades de negócios. Soluções que vão desde a doação para instituições de caridade até utilização das sobras para fabricação de combustível estão sendo pensadas e colocadas em prática. Enquanto 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado, milhões de pessoas passam fome todos os dias. 

Refettorio Gastromotiva exemplo de iniciativa para reverter essa situação, foi apresentado no Food Forum, que aconteceu em São Paulo, no primeiro semestre de 2017. Trata-se de um restaurante-escola criado no Rio de Janeiro durante os jogos olímpicos que serve jantares gratuitos para a população carente. A iniciativa surgiu dos chefs Massimo Bottura (Food for Soul), David Hertz (Gastromotiva, um movimento de gastronomia social) e da jornalista Alexandra Forbes para contribuir na luta contra o desperdício de alimentos, má nutrição e exclusão social.  

No espaço, chefs convidados e jovens talentos cozinham com ingredientes excedentes doados. O formato é possível de ser replicado em qualquer lugar. “Cada vez mais pessoas e organizações estão percebendo a importância de pensar e colocar em prática ações que garantam que as próximas gerações tenham um planeta mais saudável e tenham condições de viver mais saudáveis, felizes e produtivas”, diz Charles Piriou, diretor da CP&Co Consultoria, co-fundador da Simplesmente e idealizador do Food Forum. “E o conhecimento é a arma mais importante para moldar uma sociedade mais sustentável”, completa.