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PAULO MENDES DA ROCHA É TEMA DE DOCUMENTÁRIO

Criador de obras importantes como o Museu Brasileiro da Escultura (Mube) e o Museu da Língua Portuguesa e o arquiteto brasileiro mais premiado da história, Paulo Mendes da Rocha é tema do documentário Tudo é Projeto, que deverá chegar aos cinemas no segundo semestre de 2018. Produzido pela Olé Produções, o filme apresenta uma conversa franca e descontraída entre Mendes da Rocha e sua filha, Joana Mendes da Rocha (que divide a direção do filme com Patrícia Robano), sobre sua vida e, principalmente, sua emblemática obra.

Natural de Vitória, Espírito Santo, Paulo Archias Mendes da Rocha formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, em 1954, e desenvolveu uma prestigiada carreira acadêmica, a partir da década de 1960, na Universidade de São Paulo (USP) – na qual se aposentou em 1999. Conhecido como “arquiteto-cidadão”, é um dos mais renomados arquitetos modernistas brasileiros e criou obras que se tornaram referência em arquitetura brutalista no mundo. É também um dos principais representantes da chamada Escola Paulista, que defendia uma arquitetura crua, limpa, clara e socialmente responsável.

Premiado com o Pritzker (considerado o Nobel da arquitetura e a maior honraria para os profissionais da área), em 2006, já dividiu o troféu norte-americano Gordon Bunshaft com Oscar Niemeyer (1907-2012), em 1988, e, ao longo de 2016, foi reconhecido em três importantes premiações internacionais: o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, o Prêmio Imperial do Japão e o Royal Gold Medal, do Institute British of Architects (Riba).

Neste ano, foi laureado com a Medalha de Mérito Cultural, um condecoração concedida pelo Ministério da Cultura do governo de Portugal a indivíduos ou grupos, nacionais e estrangeiros, pela dedicação a atividades de impacto cultural – ele foi o segundo arquiteto a receber o prêmio (o primeiro foi Álvaro Siza Vieira, em 2009). Além disso, inspirou uma exposição no Mube, em São Paulo, que buscou traçar um paralelo entre a arte e o seu trabalho.

Aos 88 anos, Paulo Mendes da Rocha segue em plena atividade. Um de seus últimos trabalhos foi a museografia do Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, que abriga a maior coleção de carruagens do mundo.

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CONHEÇA O FAROL SANTANDER

Símbolo da transformação de São Paulo em metrópole

Um dos prédios mais icônicos de São Paulo, o Edifício Altino Arantes, antigo prédio do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), popularmente conhecido pelos paulistanos como Banespão, é um ótimo programa para quem tem interesse em conhecer um pouco mais sobre a história da capital.

Projetado pelo arquiteto Plínio Botelho do Amaral, o prédio foi inspirado na arquiteturaartdecódo Empire StateBuilding de Nova York e começou a ser construído em 1939, ficando pronto em 1947. Símbolo da transformação da cidade em metrópole, o edifício foi estrategicamente instalado entre as ruas São Bento, XV de Novembro e Direita, região conhecida na época como o centro financeiro da capital.

Com 161 metros de altura e 35 andares, o prédio foi considerado a maior construção de concreto armado do mundo e por quase 20 anos foi o maior edifício da cidade – o título foi perdido em 1960 para o Condomínio Mirante do Vale, no Vale do Anhangabaú, e seus 170 metros. Adotado pelos paulistanos, o Banespão se tornou um cartão-postal da capital, não apenas pela sua magnitude, mas principalmente pelo seu mirante, que proporcionava uma visão panorâmica da cidade que crescia velozmente ao seu redor.

No ano 2000, o banco Santander comprou o Banespa e adquiriu o imóvel para o seu patrimônio. Em 2014, a construção foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e, no ano seguinte, foi fechada para uma reforma que durou dois anos. O prédio foi reaberto em janeiro de 2018com o nome de Farol Santander e a proposta de ser um espaço de cultura, entretenimento e lazer.

MEMÓRIA, ARTE, LAZER E EMPREENDEDORISMO

Dos 35 andares do edifício, 11 agora estão abertos para visitação. O tour é dividido em quatro eixos: memória, arte, lazer e empreendedorismo. Ao adentrar o prédio, os visitantes dão de cara com um lustre de cristal de 13 metros e uma tonelada, presente no edifício desde 1988, que foi totalmente restaurado. No segundo andar, é possível conferir um vídeo sobre a história do prédio e algumas projeções. Já no terceiro, há um painel interativo sobre a história do dinheiro brasileiro, dos réis do período imperial até o real dos nossos dias.

No quarto andar, fica uma exposição permanente do artista Vik Muniz, com sete painéis com retratos do prédio produzidos à base de dez toneladas de sucata entulhos de obras do prédio. No quinto andar, é possível ver móveis e alguns objetos originais utilizados nos escritórios do antigo Banespa nas décadas de 1940 e 1950. Boa parte do acervo foi produzida pelo Liceu de Artes e Ofícios, uma das mais tradicionais escolas da cidade.

No oitavo andar, são realizadas palestras quinzenais, aos sábados, coordenadas pela Garimpo de Soluções, enquanto que no 21º andar foi instalada uma pista de skate, projetada pelo campeão mundial Bob Burnquist, que conta com um percurso de street e estrutura para iniciantes e avançados. Os andares 22 e 23 são dedicados à arte e abrigam, por uma temporada de quatro meses, obras de dois artistas (um nacional e o outro estrangeiro) sempre sobre o mesmo tema. A curadoria dos espaços é feita pelo empresário Facundo Guerra, que emprega o conceito da arte imersiva (que permite ao visitante interagir com as obras).

No 25º andar, foi instalado um loft de 350 metros quadrados com vista panorâmica criado pelo Triptyque, o premiado escritório de arquitetura. Com capacidade para abrigar até cinco pessoas(em caso de hospedagem) ou 50 (em caso de evento), o imóvel está aberto para hospedagem. Os valores e as reservas estãonoAirbnb.

O mirante, a mais tradicional atração do prédio, está localizado no 26º andar. No local, foram instaladas placas de vidro para garantir a segurança dos visitantes. De lá é possível ter uma visão de 360 graus da cidade e observar pontos como o Pico do Jaraguá, a Avenida Paulista e até a Serra do Mar. A área agora conta também com uma unidade do Suplicy Cafés Especiais, que oferece almoço executivo, drinques e brunch no fim de semana. Um passeio imperdível que promove um encontro entre a São Paulo do passado com a cidade de hoje.

SERVIÇO

O QUE: Farol Santander
ENDEREÇO: Rua João Brícola, 24, centro
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: Terça a domingo, das 9h às 20h
VALOR DO INGRESSO: De R$ 15 a R$ 20, dependendo dos espaços que o visitante deseja conhecer
MAIS INFORMAÇÕES: www.farolsantander.com.br

Imagens de divulgação

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CONHEÇA A PINACOTECA, O MAIS ANTIGO MUSEU DA CIDADE

Conhecer prédios históricos, museus, ruas e comércios é uma maneira eficaz de vivenciar a cidade em que se mora. Em São Paulo, há inúmeros locais que oferecerem uma experiência única da cidade e podem ser visitados de carro, ônibus, metrô, trem e bicicleta.  

A Pinacoteca é um deles. Instalado no prédio que abrigou o Liceu de Artes e Ofícios, projetado por Ramos de Azevedo em 1897, é o mais antigo museu da capital e tem como foco a arte visual brasileira produzida entre os séculos 19, 20 e 21. Quando inaugurada, em 1905, a Pinacoteca possuía apenas 26 pinturas de artistas da cidade. O evento de inauguração contou com a presença do então presidente da República, Rodrigues Alves, do presidente do Estado, Jorge Tibiriçá e de outras autoridades.  

Atualmente, o espaço mantém um acervo de 11 mil obras composto por pinturas de importantes artistas paulistas, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Antônio Parreiras e Oscar Pereira da Silva e Almeida Júnior, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva, além de Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. O museu realiza cerca de 30 exposições anualmente e recebe cerca de 500 mil visitantes durante o período.  

De 1993 a 1998, o museu passou por uma ampla reforma chefiada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. O projeto, elogiado em todo o mundo, foi considerado um ótimo exemplo da união entre arquitetura antiga e moderna e conquistou, no ano 2000, o Mies Van der Rohe, um dos mais importantes prêmios da Arquitetura no mundo.

MEMORIAL DA RESISTÊNCIA
Em 2004 a Pinacoteca incorporou o edifício do Largo General Osório que, originalmente, pertencia à companhia Estrada de Ferro Sorocabana e servia de armazéns e escritórios do empreendimento. O prédio foi reformado pelo arquiteto Haron Cohen e rebatizado de Estação Pinacoteca, ou Pina_Estação, e recebe parte do programa de exposições temporárias do museu.  

No térreo do espaço, funcionou, entre os anos 1940 e 1983, a sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP), uma das polícias políticas mais truculentas do país, principalmente durante a Ditadura Militar. Após a incorporação ao museu, foi instalado no local o Memorial da Resistência de São Paulo que tem o objetivo de preservar as memórias da resistência e da repressão política do Brasil. No local, estão preservados parte dos registros do antigo órgão de repressão e há uma cela restaurada aberta para visitação. 

O Memorial da Resistência de São Paulo é, desde 2009, membro institucional da Coalizão Internacional de Sítios de Consciência, uma rede mundial que agrega instituições constituídas em lugares históricos dedicados à preservação das memórias de eventos passados de luta pela justiça – o Museum of Women’s Resistance (MoWRe), sobre feminismo, e o Memorial de Auschwitz, dedicado às vítimas do nazismo, integram a mesma rede.

PRIMEIRO JARDIM PÚBLICO DA CIDAD


Localizado ao lado do prédio da Pinacoteca, o Jardim da Luz abriga obras de Amilcar de Castro, Marcelo Nietsche, Leon Ferrari e Lasar Segall. Tombado como patrimônio histórico, o espaço foi a primeira área de lazer da cidade, criada em 1798.  

Até meados do século XIX, o jardim era pouco frequentado pelos paulistanos, mas a partir da inauguração da Estação da Luz, em 1867, e da instalação de um observatório astronômico, o lugar passou a ser parada obrigatória não apenas dos moradores da cidade, mas também dos viajantes que chegavam à capital de trem vindos do interior do Estado ou de Santos.  

No ano de 1930, o museu foi ocupado pelo exército durante dois meses e transformado em quartel-general. Dois anos depois, o prédio foi ocupado novamente durante a Revolução Constitucionalista.  

SERVIÇO 
Endereço: Praça da Luz, 02 – em frente à estação Luz do Metrô e da CPTM
Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 17h30
Ingressos: R$ 6,00, sendo R$ 3,00 reais a meia-entrada para estudantes com carteirinha (aos sábados a entrada é gratuita) 
Informações: (11) 3324-1000 e pinacoteca.org.br
Informações adicionais: a Pinacoteca possui bicicletário e estacionamento gratuitos.

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REPENSANDO NOSSAS CIDADES

Nos últimos 50 anos, o mundo tem vivenciado um intenso movimento migratório das populações para os grandes centros urbanos. Hoje, a maior parte das pessoas vive em metrópoles, uma concentração motivada, principalmente, pela busca por melhores oportunidades que gera impactos, como problemas de infraestrutura e de acesso ao saneamento básico, por exemplo, e demanda uma ressignificação do conceito de cidade e de como nos relacionamos com ela.  

Mextrópoli: Festival de Arquitectura y Ciudad é uma iniciativa que tem justamente o objetivo de discutir essa nova dinâmica e refletir, por meio da arquitetura, sobre qual seria o modelo ideal de cidade capaz atender a esta nova demanda. “Há o consenso de que devemos repensar os espaços urbanos e criar cidades que sejam inclusivas e que privilegiem os pedestres. Até os políticos repetem isso. Porém, são ainda os carros que definem as nossas cidades”, analisa Miquel Adriá, criador do evento, o mais importante da América Latina, e diretor da revista Arquine, referência na área de Arquitetura, em entrevista ao Informador. 

Criado no México em 2014, o Mextrópoli reúne anualmente mais de 50 mil participantes e conta com diversas atividades, como mesas de diálogo, conferências, exposições, lançamentos de livros, instalações, projeções de filmes e documentários e passeios a pé e de bicicleta pela cidade. A ideia geral é experimentar a cidade, refletir sobre seus aspectos políticos, sociais e estéticos e pensar um projeto em conjunto que envolva não apenas arquitetos e urbanistas, mas também artistas, cineastas, escritores e, claro, a sociedade.  

Entre os convidados deste ano, estiveram os arquitetos Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramón Vilalta, ganhadores do Premio Pritzker, o premiado arquiteto colombiano Felipe Uribe e o cineasta mexicano Alfonso Cuarón, que apresentou a Brigada.mx, plataforma criada para ajudar as comunidades afetadas pelo terremoto de setembro de 2017 na Cidade do México. “A proposta consiste em conectar esforços mapeados de acordo com as necessidades de cada comunidade nas diversas regiões que foram afetadas”, explicou o premiado diretor em entrevista ao jornal El Sol Del Mexico. 

A edição de 2018, realizada entre os dias 17 e 20 de março, debateu justamente a reconstrução da cidade após a tragédia e a união da sociedade civil diante da ausência das autoridades no processo. O evento também discutiu a situação do Chile que, oito anos após o terremoto que atingiu o país, quase não implementou nenhuma ação de prevenção efetiva em suas cidades. “São dados preocupantes que requerem ações contundentes. A cidade seguirá aqui susceptível a tremores e nós também. Com o conhecimento e a tecnologia que temos hoje em dia não se justifica que os edifícios caiam”, analisa Adriá.

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60 HORAS DE COPAN

Símbolo de arquitetura moderna e modelo de convivência urbana, Copan é tema de documentário

Considerado por especialistas como exemplo de arquitetura moderna e convivência coletiva nos grandes centros urbanos, o edifício Copan é o personagem central do documentário Copan 60 Horas. Produzido pelo canal GloboNews, com roteiro e direção da jornalista Cristina Aragão, a obra se propõe a mostrar como a arquitetura interfere na vida dos habitantes.

A ideia do projeto surgiu a partir de uma entrevista do premiado arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha à jornalista no programa Milênio. Na ocasião, ele apontou o edifício como símbolo da democracia do convívio em ambientes urbanos e da utopia social defendida pelo seu criador, Oscar Niemeyer.

Projetado na década de 1950, no centro da capital paulista, o Copan é composto por seis blocos, 35 andares, 1.160 apartamentos e mais de cinco mil habitantes, de diferentes idades, perfis e classes sociais. Para captar o cotidiano e a essência do edifício, Cristina Aragão alugou uma quitinete no 14º andar do bloco , o mais popular dos seis blocos, e permaneceu no local por 60 horas – ou dois dias e meio – com sua equipe percorrendo corredores, galerias e entrevistando moradores.

“O Copan tem uma representação simbólica muito grande. É um estilo de vida em que as pessoas acreditam que o convívio com o outro, o diferente, é possível.

As galerias do térreo permitem que o público e o privado convivam. Há uma integração entre os moradores e as pessoas de fora.” Destacou Cristina Aragão em entrevista à Folha de São Paulo

“As motivações pelas quais as pessoas escolhem morar no Copan são das mais variadas. Umas, pela vista privilegiada da cidade, outras, pela localização central, mas um ponto em comum é a arquitetura. O crise-soleil – espécie de marquise que diminui a incidência do Sol nos apartamentos, mas mantém a entrada da luz -, exerce um fascínio unânime”, completa.

Como resultado, além de informações sobre aspectos técnicos e históricos e as razões que motivam as pessoas a escolherem o prédio como moradia, o documentário conseguiu registrar curiosidades, como as sessões de meditação realizadas às seis da manhã no heliponto do edifício e um apartamento que serve de moradia temporária para alunos e professores de arquitetura de todo o país.

“É uma possibilidade de não ter limites. Eu não tenho limites visuais, meu pensamento vai aonde eu quiser” – Pedro Herz, editor, morador do Copan.

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A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

São Paulo tem vivido um momento interessante enquanto cidade: a ocupação dos espaços públicos. Reconhecida historicamente como um local no qual as pessoas viviam apenas para trabalhar e fazer dinheiro, a cidade foi, durante décadas, pensada no individual e nunca no coletivo. Não à toa, a ampliação e a melhoria dos sistemas de transporte coletivo nunca foi uma prioridade, ao passo que a criação de avenidas sim. Uma cidade pensada para carros e não para pessoas.

O cenário começou a mudar nos últimos anos, motivado principalmente por uma demanda da população e incentivado por artistas e ativistas que entendem que são as pessoas que dão sentido e vida a uma cidade. “Pessoas nas ruas tornam as cidades seguras”, analisa o multi-artista Felipe Morozini, um dos grandes incentivadores desse fenômeno urbano.

Ele é o criador do premiado projeto de intervenção urbana Jardim Suspenso da Babilônia que, em 2010, desenhou dezenas de flores com cal por todo o Minhocão, deu voz a um desejo da população, chamou a atenção das autoridades e iniciou um debate para transformar o espaço em uma área de lazer. “O Parque Minhocão só pode ser chamado de parque devido a este fenômeno de ocupação urbana. Como pode um lugar que não oferece nenhum atrativo de conforto ser tão importante afetivamente para uma população? Por que resolveram usar o elevado como lazer? Como esta ocupação aconteceu e quais são seus pontos positivos para cidade?”, questiona. “Ao contrário de projetos como o High Line, de Nova York, aqui em São Paulo são as pessoas que estão ocupando e ditando o que vai ser feito, não é a Prefeitura com a iniciativa privada que vai fazer daqui um lugar turístico”, acrescenta.

Morozini reforça que a ideia de ocupação dos espaços públicos é um assunto recente, de pouco mais de cinco anos, e que reflete um momento vivenciado na cidade, uma mudança de comportamento. Um novo jeito de pensar, de viver e de conviver. “Antes, quando eu convidava as pessoas para vir tomar sol no Minhocão, me chamavam de louco. Hoje, acham super legal e vem todo mundo, trazem os filhos, amigos deixam as bicicletas dos filhos na minha casa. Tem muita gente pensando nessa cidade, nessa nova cidade, que não é “carro-dependente”. Novas alternativas de mobilidade, de locomoção”, afirma.

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CINCO PRÉDIOS DE REFERÊNCIA ARQUITETÔNICA QUE VOCÊ PRECISA CONHECER EM SÃO PAULO

Reconhecida como a maior cidade do país e uma das grandes metrópoles do mundo, São Paulo tem na arquitetura (e também na não-arquitetura) uma de suas características mais marcantes, composta por estilos diversos que vão do Clássico ao Moderno e do Pós-moderno ao Contemporâneo. Para a arquiteta Manoela Beneti, a composição da cidade é muitas vezes caótica, mas possui pontos altos e muito expressivos em alguns exemplares arquitetônicos. Ela selecionou cinco prédios que, na opinião dela, exemplificam bem essa essência arquitetônica paulistana e valem a pena conhecer:

MASP

“Projetado por Lina Bo Bardi na década de 1950, o Museu de Arte de São Paulo é um marco da Arquitetura Moderna brasileira. Com 11 mil metros quadrados, a construção demandou tecnologia de grandes pontes para segurar os dois andares suspensos que compõem o prédio. Em seu grande vão livre de 74 metros – reconhecido como o maior da América Latina – se dá a mágica de sua arquitetura. É naquele grande vazio, ocupado por pessoas, sejam elas passantes, em atividades culturais, comerciais ou em manifestações populares, que acontece um verdadeiro respiro urbano e uma ponte visual com a Avenida Nove de Julho.”

SESC POMPEIA

“Também projetado por Lina Bo Bardi na década de 1970 e desde 2015 tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural, o espaço é palco para shows, exposições e outras atividades artísticas importantes. Entre suas grandes qualidades está o fato de ser um complexo requalificado. Originalmente um complexo fabril abandonado (terreno de uma antiga fábrica de tambores da década de 1930), a área foi revitalizada e ressignificada, algo fundamental sob o ponto de vista da sustentabilidade e da vitalidade do tecido urbano ao redor. A intervenção/projeto de Lina, considerada uma iniciativa de vanguarda na época e ainda hoje pouco replicada, promoveu uma transformação estupenda e criou um conjunto que é uma das principais referências de lazer e cultura da cidade. Ali podemos ver camadas históricas diferentes, bem como camadas de técnicas construtivas distintas e soluções pitorescas, como as incríveis “janelas-buraco” criadas pela arquiteta. Não à toa, o prédio foi eleito em 2016 pelo jornal britânico “The Guardian” como uma das dez melhores construções e estruturas em concreto do mundo.”

COPAN

“Um ícone de São Paulo, cujo desenho curvo se destaca das linhas retas do entorno e traz leveza à massa do centro, atraindo os olhares. Dos grandes exemplos de arquitetura moderna e de convivência coletiva, recebe e articula milhares de pessoas, ajudando muito no povoamento do Centro, que passa por processo de esvaziamento há algumas décadas, não só em São Paulo, como em outras cidades brasileiras – ou seja, é vital para o ecossistema da capital. Projetado na década de 1950 por Oscar Niemeyer, o Copan está registrado no Guinness Book como o maior prédio residencial do mundo e é a maior estrutura em concreto armado do Brasil. Composto por seis blocos, 35 andares, 1.160 apartamentos, conta com diversas lojas e galerias e mais de cinco mil habitantes, de diferentes idades, perfis e classes sociais. Visitá-lo é uma experiência de grande riqueza antropológica, arquitetônica e urbana.”

SESC 24 DE MAIO

“Projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e instalado no centro da cidade, no antigo prédio da rede Mesbla, o complexo arquitetônico tem 13 andares, um teatro no subsolo e uma piscina enorme, de 625 m², no terraço com vista panorâmica. Inaugurada em 2017, a obra é um importante símbolo do processo de revitalização do Centro vivenciado pela cidade nos últimos anos. Entre suas grandes qualidades está o sistema de circulações com rampas que, como diz o próprio Paulo Mendes da Rocha, funcionam como uma extensão da rua e promovem um ritmo de passeio por São Paulo. A iniciativa capta o fluxo de pedestres para dentro do prédio, de maneira generosa e convidativa, como a cidade e as pessoas tanto necessitam.”

MUBE

“Também concebido pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e inaugurado em 1995, o prédio do Museu Brasileiro da Escultura possui uma característica fundamental para a arquitetura bem inserida na cidade. Seu desenho fala mais de espaço do que de prédio. Os espaços típicos de um museu estão abaixo do nível do piso da praça aberta, que é avistada da rua e realçada pelo grande pórtico composto por uma longa viga. Hoje, cercado por grades, o prédio originalmente foi concebido por esse grande arquiteto sem nenhum tipo de contenção e, com toda generosidade, oferecido para a cidade. Considerada um dos destaques da arquitetura brutalista mundial, a obra conta com um jardim idealizado por Burle Marx e recebe exposições, além de abrigar uma feira nos finais de semana.”

Visitar estes prédios é uma maneira interessante e leve de conhecer e entender melhor São Paulo, uma cidade de tantos contrastes e diversas camadas históricas. Viva essa experiência!