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MODA E MÚSICA TEM A VER?

Rodrigo Polack responde! 

Hoje, logo pela manhã, ao pesquisar alguns vídeos no Youtube, me deparei com um especialíssimo — e me emocionei de imediato. Tinha a mais que absurda cantora islandesa Bjork, se apresentando no desfile de Alexander McQueen. 

Vou (tentar!) descrever a cena: o vestido era um haute couture longo, com bordados e plumas, e uma ventania de dar inveja à Beyoncé, que fazia a islandesa flutuar na passarela. As modelos, passavam por Bjork, compondo um lindo ballet de preciosismo fashion. O evento era o Fashion Rocks, o ano 1997 e a música era Bachelorette. 

Esse vídeo curto, de três minutos e meio, desencadeou uma pesquisa por outros, também icônicos para a moda, que tivessem uma relação direta com a música. Ali estava o tema da minha coluna desta semana. 

Em seguida, digitei na busca “Viktor & Rolf + Tori Amos”. Recordei do memorável, delicado e estranhamente lindo desfile de fall/winter 2005 da dupla, em Paris. A cantora Tori Amos, de cabelos vermelhos frisados e robe de seda pink, tocada um piano de calda, numa passarela escura e dramática. Quem abriu o desfile foi Lily Cole, num vestido-casaco-edredom com direito a travesseiro e muito cabelo armado. A terceira foi Carol Trentini. Raquel Zimmermann e Cintia Dicker vieram pouco depois, para completar o time das brasileiras.  Eu, que estava há apenas 2 anos na carreira de stylist, fiquei impressionado com tamanha sensibilidade. A união de imagens lindas arquitetadas com perfeição, ao som de uma trilha tão única, criaram uma espécie de atmosfera noir, digna de um sonho do Batman. Quem já assistiu a um desfile, sabe o que é a sensação gostosa de bater o pezinho ao som da batida perfeita. 

Para mim, a moda foi, é, e sempre será emocionante. Abra os olhos e deixe os ouvidos atentos, pois quando menos esperar, cores, texturas, brilhos e formas vão  formando imagens como num passe de mágica. E nem precisa ser tão entendedor do assunto. Basta ser livre para voar. 

Jean Paul Gaultier criou o corset de Madonna para a Blonde Ambition Tour, de 1990. Dentre tantas, com certeza absoluta, é a peça mais lembrada de todo o acervo da Rainha do Pop. Basta olhar para uma foto, que toda a performance vem à mente. Com coreografia, rabo de cavalo, bailarinas e afins. Claro, para quem é da época, assistiu ou leu alguma matéria sobre o assunto.  

Madonna uma vez disse, “Não sigo as tendências, as faço!”. Mas não faz sozinha. É rodeada dos melhores designers de moda (stylists e profissionais da beleza também, of course!) que dão tudo para serem os escolhidos. Com a mesma máxima da loira ambiciosa, Maria Antonieta, esposa do Rei Luis XV, em pleno século XVIII, foi a primeira rainha a entender e usar a moda como instrumento de poder.   

No MTV Awards, também de 1990, Madonna com muitas joias, penteado monumental e um vestido riquíssimo  (que deixava seu peito quase todo à mostra, em um decote pra lá de profundo), deixou o mundo extasiado com sua performance ao vivo, em homenagem à abusada Maria Antonietta. Mais uma vez, a música se rende aos encantos da moda e também da história. Lady Gaga e Beyoncé em Paparazzi, David Bowie em Life On Mars, George Michael em Freedom (ao lado de uber models como Naomi Campbell, Linda Evangelista, Cindy Crawford e Christy Turlington), nos trouxeram momentos mais que memoráveis e cheios de referências fashionistas. Vou contar um segredinho… para fazer uma edição de looks no meu trabalho, coloco músicas que tenham a ver com o mood. Se o estilo é mais romântico, já boto uma música clássica bem intense ou até uma bossa nova. Se é rocker, caio de cabeça nos Rolling Stones (minha banda favorita da vida!). Se é street, vou de hip hop e por aí vai. A música me move em tudo o que faço, inclusive nesse exato momento que estou escrevendo. E sabe qual a playlist que estou ouvindo? Uma que só tem trilhas de filmes de moda. 

Agora abra uma nova janela na sua tela e assista a cada um desses momentinhos mágicos que citei acima. Tenho certeza que você vai ficar com vontade de sair por aí desfilando um lookão, ou quem sabe, até se emocionar como eu. Ou as duas coisas. 

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original

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À LA GARÇONNE APRESENTA COLEÇÃO INSPIRADA EM CLÁSSICOS DO CINEMA NOS ANOS 80 E 90

Personagens de filmes como E.T. – O Extraterrestre, Tubarão, Brinquedo Assassino, Jurassic Park e De Volta para o Futuro, clássicos dos anos 1980 e 1990, marcaram o desfile da coleção 1 de 2018 da À La Garçonne, marca de Fábio Souza e Alexandre Herchcovitch. Fora da SPFW desde 2017, quando resolveram seguir um cronograma à parte do calendário coletivo, os dois estilistas realizaram o evento na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, para imprensa e alguns convidados.

“Há muito tempo eu venho fazendo desfiles em lugares públicos porque percebo que poucas pessoas conhecem essas locações. Fiz um desfile no Theatro Municipal com a minha marca e depois outro no mesmo lugar com a À La Garçonne, fiz na Praça das Artes, no saguão de entrada da Prefeitura de São Paulo e agora na Biblioteca Mario de Andrade, um lugar que sempre quis usar”, contou Alexandre, em entrevista ao site Glamurama.

Por realizar o evento durante o horário normal de funcionamento da biblioteca, a marca optou por um desfile em silêncio – no entanto, a trilha sonora, assinada por Max Blum, está disponível na Apple Music a quem estiver interessado com o nomeÀ La Garçonne Coleção 01-2018. A quinta coleção da brand contou com 63 looks entre peças festivas com jaquetas oversized acolchoadas e alfaiataria Príncipe de Gales com renda. As criações são resultado de parcerias com marcas como Vans, Hope, The North Face, New Era, Hering, Dickies, entre outras, além de licenciamento com filmes da Universal – que estamparam camisetas, jaquetas, moletons e bolsas em formato de lancheira dos anos 80.

“Não é uma coleção temática. São roupas que a gente tem vontade de usar, de ver por aí, é um mix. Na À La Garçonne, a coleção vira a cada ano. Quero que o meu cliente sinta que ele não comprou um produto perecível, é mais slow”, explicou Fábio Souza, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste. Como já é característica da marca, o casting do desfile foi formado por modelos e “não modelos” e foi aberto com performance da atriz e escritora Fernanda Young, que interpretou uma bibliotecária que pedia silêncio ao público.

Herchcovitch assumiu o comando da À La Garçonne em 2016, quando se desligou da marca que leva seu nome e que ele fundou há 25 anos. Aos 45 anos, o estilista se reinventou na marca do marido, que antes vendia móveis e objetos antigos restaurados. Juntos, Alexandre e Fábio criam peças que seguem o conceito de streetwear couture, que valoriza o vestuário do dia a dia (moletom, jeans e camiseta de algodão) mesclado com tecidos fluidos e modelagens elaboradas.