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5 EXEMPLOS DE OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS URBANOS QUE VOCÊ PRECISA CONHECER

A ocupação dos espaços públicos em São Paulo é uma das grandes inspirações do multi-artista Felipe Morozini e também uma de suas maiores bandeiras enquanto cidadão. Morador do centro da cidade há mais de 15 anos, ele é reconhecido pelas diversas intervenções artísticas que já realizou na região chamando a atenção da população e do pode público para o tema. “As pessoas entenderam que a cidade é a extensão da casa delas e isso é um movimento mundial dos grandes centros urbanos. Para viver, você precisa ir pra rua”, afirma.

Presidente da Associação Amigos do Parque Minhocão, que batalha para que o local se transforme oficialmente em um espaço de lazer para a população,ele defende que a cidade é uma grande experiência, um grande laboratório social que só faz sentido quando tem pessoas envolvidas. “Ao contrário de outros locais do mundo, como Nova York, por exemplo, aqui em São Paulo é a população que está direcionando o caminho que a cidade vai ter. E isso é um acontecimento incrível”, reflete.

Para exemplificar esse atual momento paulistano, Morozini elencou os cinco locais que, na opinião dele, representam essa onda que tem transformado a cara dacidade e a forma dos cidadãos se relacionarem com ela. Confira a lista:

PARQUE MINHOCÃO

As pessoas ocuparam um lugar seco, sem sombra, sem segurança — mas elas estão lá. Há o fator de se criar um diálogo com a cidade em que se mora. As pessoas gostam de estar ali, elas se sentem como parte da cidade. O uso dele pelas pessoas ressignificou o lugar e fez as autoridades competentes olharem para lá e pensar: “bom, o que faremos?”. Porque era uma estrutura só para carros, mas agora, 20 mil pessoas vêm passear aqui todos os domingos. Então em vez de fechar, vamos estruturar, dar segurança, iluminação. Hoje, quando eu penso no Parque Minhocão, eu estou falando da cidade.

LARGO DA BATATA

Exemplo prático de democracia, de cidadania e de concretização social e urbana. Em atividade desde 2014, o projeto A Batata Precisa de Você, formado por moradores e frequentadores do Largo da Batata, vem promovendo ações para transformar a região, hoje árida e apenas de passagem, em um espaço de convivência e lazer permanente. Em quase três anos, já foram realizados no local conversas sobre a memória do Largo, jogos de rua, oficinas de bicicleta, de jardinagem, de fotografia, saraus, intervenções artísticas e atrações musicais. Além disso, o espaço também se transformou em um laboratório metropolitano de mobiliário urbano. Recomendo passar uma tarde para testar as cadeiras de praia instaladas no local. Garanto que você terá uma outra perspectiva de cidade.

FLORESTA DE BOLSO DO BOSQUE DA BATATA

É um ótimo de exemplo de iniciativa que está sendo protagonizada pelos cidadãos para tentar recuperar um pouco da vegetação original da região de São Paulo, por meio do plantio deárvores nativas da Mata Atlântica. Desenvolvida pelo botânico Ricardo Cardim, a técnica da Floresta de Bolso é uma solução ambiental simples e eficaz para os grandes centros urbanos, porque combate ilhas de calor, umidifica e purifica o ar, preserva espécies vegetais nativas, resgata a biodiversidade local e fornece abrigo para polinizadores e pássaros.

PRAÇA ROOSEVELT

Construída na década de 1960, entre as ruas Consolação e Augusta, a praça Roosevelt foi, durante anos, um dos espaços mais negligenciados da cidade – que sempre priorizou carros e avenidas, e não espaços de convivência. Nos últimos anos, porém, foi redescoberta e retomada pela população e hoje é uma das principais áreas de lazer do centro, frequentada por um público diversificado que vai de idosos, moradores da região, aatores (dos teatros do entorno) e skatistas. É, pra mim, um exemplo do poder do povo em tomar posse da cidade em que vive.

PAULISTA ABERTA

O projeto é um ótimo exemplo dequando o poder público e a iniciativa privada conseguem intervir para que a ocupação dos espaços públicos se torne possível. Ver a paulista fechada para carros e aberta para pedestres, skatistas, ciclistas e manifestações musicais e artísticas diversas é, na minha opinião, um dos maiores acontecimentos da cidade e um dos momentos nos quais ela se torna mais viva.

Todos estes espaços não apenas representam um desejo claro da população por mais espaços de convivência, mas também comprovam a possibilidade de pensar e de viver a cidade de uma maneira diferente, mais coletiva, colaborativa e diversa.

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A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

São Paulo tem vivido um momento interessante enquanto cidade: a ocupação dos espaços públicos. Reconhecida historicamente como um local no qual as pessoas viviam apenas para trabalhar e fazer dinheiro, a cidade foi, durante décadas, pensada no individual e nunca no coletivo. Não à toa, a ampliação e a melhoria dos sistemas de transporte coletivo nunca foi uma prioridade, ao passo que a criação de avenidas sim. Uma cidade pensada para carros e não para pessoas.

O cenário começou a mudar nos últimos anos, motivado principalmente por uma demanda da população e incentivado por artistas e ativistas que entendem que são as pessoas que dão sentido e vida a uma cidade. “Pessoas nas ruas tornam as cidades seguras”, analisa o multi-artista Felipe Morozini, um dos grandes incentivadores desse fenômeno urbano.

Ele é o criador do premiado projeto de intervenção urbana Jardim Suspenso da Babilônia que, em 2010, desenhou dezenas de flores com cal por todo o Minhocão, deu voz a um desejo da população, chamou a atenção das autoridades e iniciou um debate para transformar o espaço em uma área de lazer. “O Parque Minhocão só pode ser chamado de parque devido a este fenômeno de ocupação urbana. Como pode um lugar que não oferece nenhum atrativo de conforto ser tão importante afetivamente para uma população? Por que resolveram usar o elevado como lazer? Como esta ocupação aconteceu e quais são seus pontos positivos para cidade?”, questiona. “Ao contrário de projetos como o High Line, de Nova York, aqui em São Paulo são as pessoas que estão ocupando e ditando o que vai ser feito, não é a Prefeitura com a iniciativa privada que vai fazer daqui um lugar turístico”, acrescenta.

Morozini reforça que a ideia de ocupação dos espaços públicos é um assunto recente, de pouco mais de cinco anos, e que reflete um momento vivenciado na cidade, uma mudança de comportamento. Um novo jeito de pensar, de viver e de conviver. “Antes, quando eu convidava as pessoas para vir tomar sol no Minhocão, me chamavam de louco. Hoje, acham super legal e vem todo mundo, trazem os filhos, amigos deixam as bicicletas dos filhos na minha casa. Tem muita gente pensando nessa cidade, nessa nova cidade, que não é “carro-dependente”. Novas alternativas de mobilidade, de locomoção”, afirma.