Publicado em

RODRIGO POLACK: PODE MISTURAR ALFAIATARIA COM TÊNIS? MOLETON COM SALTO?

A solução foi… ser eu mesmo, ou seja, atualizar, levar aquela década do início do século passado praquele ano. Misturei às muitas pérolas, sem dó, correntes de metal, troquei os sapatinhos comportados por botas e pedi ao maquiador, olhos pretos. Pronto! Minha mulher tinha perfume vintage, que não cheirava a Chanel Nº 5 e muito menos à naftalina. Ela era chiquérrima, adorava o clássico, mas sabia ser forte. E essa é minha mulher… sempre FORTE!

Estou amando o momento atual das capas e campanhas, onde modelos se misturam às pessoas normais. Tipos variados, de cores e tamanhos diferentes, dividem a mesma página. Foi-se o tempo da hegemonia nas passarelas, em que todos pareciam suecos, escandinavos e com a mesma cara, cabelo e andar. Estamos evoluindo.

Quando me perguntam qual o segredo para manter uma imagem moderna e atual, costumo dizer que, mesmo quando as  tendências e inspirações são de outras épocas, penso sempre no momento atual. Como o antigo se encaixa com o novo. Afinal, tanto uma senhorinha de 90 anos, quanto uma gatinha de 20, estão vivendo no mesmo tempo. A época é agora e é uma só, as informações também.

Um exercício fácil para fazer já… pegue um vestido romântico no armário. Pode ser de tecido fluido e leve, plissado, em tons pastel e até rodado (não necessariamente com todas essas caraterísticas, pelo amor de Deus! rs). Agora, escolha um sapato e uma bolsa para comporem com seu look. Você optou por um scarpin, uma sapatilha, um tênis ou uma botinha? A bolsa é pequena, à tiracolo ou maxi? E o mais importante… as cores combinam entre si? Se você seguiu o caminho que o vestido pediu, ou seja, romantizando-o ainda mais, faça um drink agora pq água com açúcar vai te fazer dormir. Se foi corajosa e pegou uma peça que descombinou com toda essa fofura… PARABÉNS, minha cara, você acaba de passar no teste da contemporaneidade e vive em 2018!

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original!

Publicado em

STYLIST RODRIGO POLACK EXPLICA POR QUE PRODUTOS FALSIFICADOS NÃO VALEM A PENA

Samantha Jones mostra à Carrie Bradshaw uma bolsa Birkin que acabou de comprar no mercado negro, e depois de rasgar elogios à cópia perfeita, ainda argumenta que ninguém saberia que o tao desejado item é falso. Carrie, gênia, diz: “As pessoas podem não saber, mas VOCÊ sabe.” 
That’s the point, baby!
 A cena do seriado Sex And The City, poderia se passar em qualquer lugar (rico ou pobre) do mundo. Dos “ching lings” da vida às barracas em ruas super charmosas em Roma, a indústria do fake se dissemina de um jeito vergonhoso. E lá você também encontra toda a linha da Supreme X Louis Vuitton, o cintão gigante amarelo da Off-White, as camisetas e tênis de tigrinho da Gucci, chinelos com a medusa da Versace, e até, pasmem, PEÇAS EXCLUSIVAS — sim, dessas que nem as marcas originais possuem. Ou seja, criações feitas pelos próprios falsificadores! Oh Lord!  

Adquirir uma peça fake, simplesmente para impressionar alguém, é de uma cafonice tremenda. Ou você tem dinheiro para comprar o original, ou vai atrás de algo único, mais barato, mas que respeite a criação, em todo o seu processo. E a falta de qualidade? Bom, lixo vai parar no lixo, em pouquíssimo tempo

Lembro na minha infância de vizinhas irem ao Paraguai comprar muambas mil. Montavam verdadeiros shopping centers em plena sala de tv. Tinham  desde bronzeador Rayto de Sol e perfume Azzaro, ao cachorrinho que dava cambalhota e o soldado idiota que rastejava no chão. Ah, não poderia jamais me esquecer de uma sombrinha branca bizarra, com a cara da Madonna estampada, e seu cabo plástico de cisne!    

Todo esse universo “importado do Paraguai”, foi precursor do que viria com tudo, nos 90’s, com as lojas de 1,99 e suas tranqueiras da China. As Barbies apareceram em versões assustadoras, com maquiagens de dar medo a qualquer criança de 2 anos. Isso sem falar nos CDs piratas que acabaram com o mercado fonográfico e por aí vai.   

Na adolescência, por volta dos 15 anos, teve o boom das camisetas, moletons e jaquetas do Hard Rock Café e Planet Hollywood. Coitado daquele que voltava das férias sem um deles. Os mais basiquinhos vinham de Orlando ou Miami. Mas de vez quando aparecia uma fofa desfilando sua jaqueta jeans, bordada em linhas metalizadas HARD ROCK CAFÉ TOKIO. Nem preciso dizer que essa era a garota mais respeitada (e invejada!) do colégio. Um belo dia, essas peças começaram a Raparecer num ou outro, com estampas tortas e bordados toscos. Foi o fim do desejo. Aquele símbolo de status e poder, se tornou desinteressante, sem graça e morreu.  

SENHOR, como pude sobreviver a tudo isso sem sequelas? Me diz? Bom, nada melhor que ver todas essas porcarias ao vivo no passado, e me tornar um adulto vacinado a tudo o que é pirata.  

O ser humano, em qualquer idade,  se alimenta de símbolos para compensar as inseguranças e frustações. Como se um relógio fosse dizer a todos… “Hey, olha como sou f*da!” Longe de mim ditar regras e ser contra consumismo, que fique bem claro. Pelo contrário, sou aficionado por algumas marcas e pelo design original, e NÃO abro mão de qualidade.  

Só digo uma coisa… se não pode ter o “real oficial”, não tenha. Em época de fake news, uma boa e original idéia é tão rara quanto uma Birkin Hermès azul de croco.

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso de Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original!

Publicado em

QUAL O PAPEL DE UM STYLIST DE MODA?

Rodrigo Polack explica (de uma vez por todas)!

Millie Bobby Brown, Zendaya, Emma Watson, Elle Fanning. O que todas elas têm em comum, além de serem jovens e poderosas atrizes hollywoodianas? Uma imagem construída e impecável. E de onde vem tanto estilo e personalidade fashion, com tão pouca idade? Todos esses ícones de moda têm um stylist para chamar de seu. E é sobre minha profissão que escrevo, em minha primeira coluna na Quem.

Vamos começar pelo começo: stylist NÃO é estilista. Numa forma de tentar traduzir para o português a tal palavrinha, muitas pessoas se atropelam nas definições. É simples! Estilista [ou fashion designer em inglês]  é quem cria uma peça, desenha, arquiteta cada centímetro de tecido e modelagem. Já o stylist…ah, stylist é gente maluca mesmo (risos).

Brincadeiras e verdades à parte, stylist é um criador de imagens, um intérprete do que se vê nas ruas, nas artes e claro, na moda. É ele quem pensa qual look funciona melhor em cada ocasião, do dia a dia ao red carpet. E quem acha que é só combinar o vestido com o sapatinho, se engana. Do cabelo, ao make, cor das unhas e até a pose certa para a foto (acredite!), pensamos em tudo de forma harmônica. Cada detalhe tem o por quê de estar ali… o cabelo jogado de um lado e a clutch segurada do outro.

Moda é assim. Pelo menos para mim, aquariano e perfeccionista sim senhor. Essa tal perfeição não significa o que é certo e o que é errado, e sim, o que estava planejado na minha cabecinha. Com a experiência fui vendo que o erro é aprendizado e tb pode ser transformado em uma deliciosa limonada e seus limões azedíssimos. Sem açúcar e sem adoçante.

Importante deixar bem claro, que mesmo direcionando e construindo imagens, detesto imposição. Gosto de ouvir, entender o lifestyle do cliente, o que ele faz, aonde vai, qual seu público. E só aí entro no jogo com minhas ideias, de forma a evoluir o estilo e transformar as vontades em realidade [ou mágica!]. Algumas puxadas de orelha aqui, outra ali, mas sempre respeitando a essência de cada um. Não posso jamais enxergar apenas minhas vontades – isso seria um tiro no pé.

Ah, e tem tb a psicologia de lidar com seres humanos diferentes e que mudam de opinião o tempo inteiro. Mas isso já é assunto [profundo] para uma próxima coluna. Let’s have fun, porque o mundo anda muito chato!

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original!

Publicado em

À LA GARÇONNE APRESENTA COLEÇÃO INSPIRADA EM CLÁSSICOS DO CINEMA NOS ANOS 80 E 90

Personagens de filmes como E.T. – O Extraterrestre, Tubarão, Brinquedo Assassino, Jurassic Park e De Volta para o Futuro, clássicos dos anos 1980 e 1990, marcaram o desfile da coleção 1 de 2018 da À La Garçonne, marca de Fábio Souza e Alexandre Herchcovitch. Fora da SPFW desde 2017, quando resolveram seguir um cronograma à parte do calendário coletivo, os dois estilistas realizaram o evento na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, para imprensa e alguns convidados.

“Há muito tempo eu venho fazendo desfiles em lugares públicos porque percebo que poucas pessoas conhecem essas locações. Fiz um desfile no Theatro Municipal com a minha marca e depois outro no mesmo lugar com a À La Garçonne, fiz na Praça das Artes, no saguão de entrada da Prefeitura de São Paulo e agora na Biblioteca Mario de Andrade, um lugar que sempre quis usar”, contou Alexandre, em entrevista ao site Glamurama.

Por realizar o evento durante o horário normal de funcionamento da biblioteca, a marca optou por um desfile em silêncio – no entanto, a trilha sonora, assinada por Max Blum, está disponível na Apple Music a quem estiver interessado com o nomeÀ La Garçonne Coleção 01-2018. A quinta coleção da brand contou com 63 looks entre peças festivas com jaquetas oversized acolchoadas e alfaiataria Príncipe de Gales com renda. As criações são resultado de parcerias com marcas como Vans, Hope, The North Face, New Era, Hering, Dickies, entre outras, além de licenciamento com filmes da Universal – que estamparam camisetas, jaquetas, moletons e bolsas em formato de lancheira dos anos 80.

“Não é uma coleção temática. São roupas que a gente tem vontade de usar, de ver por aí, é um mix. Na À La Garçonne, a coleção vira a cada ano. Quero que o meu cliente sinta que ele não comprou um produto perecível, é mais slow”, explicou Fábio Souza, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste. Como já é característica da marca, o casting do desfile foi formado por modelos e “não modelos” e foi aberto com performance da atriz e escritora Fernanda Young, que interpretou uma bibliotecária que pedia silêncio ao público.

Herchcovitch assumiu o comando da À La Garçonne em 2016, quando se desligou da marca que leva seu nome e que ele fundou há 25 anos. Aos 45 anos, o estilista se reinventou na marca do marido, que antes vendia móveis e objetos antigos restaurados. Juntos, Alexandre e Fábio criam peças que seguem o conceito de streetwear couture, que valoriza o vestuário do dia a dia (moletom, jeans e camiseta de algodão) mesclado com tecidos fluidos e modelagens elaboradas.

Publicado em 4 comentários

SLOW FASHION > FAST FASHION

Slowfashion: a moda na era da sustentabilidade e do consumo consciente

“Compre menos, escolha melhor, faça durar” – Vivienne Westwood

Você já ouviu falar sobre slow fashion? Trata-se de um conceito ligado à sustentabilidade e ao consumo consciente que ganhou espaço e visibilidade na indústria da moda nos últimos anos e temcomo adeptos estilistas renomados, como a inglesa Vivienne Westwood, o belga Bruno Pieters e o brasileiro Ronaldo Fraga.

Indo de encontro ao conceitofastfashion, caracterizado pela produção em massa e de baixa qualidade das roupas e acessórios, oslowfashion defende a produção em baixa escala de peças duráveis, com utilização de tecidos naturais (como algodão, linho e seda) e cores suaves, feitas à mão e com respeito às condições de trabalho dos profissionais envolvidos.

O conceito é aplicado, sobretudo, por marcas pequenas, que têm como característica a proximidade com o consumidor final que, interessado cada vez mais em entender a cadeia produtiva de tudo o que consome, as acompanha de perto, especialmentepor redes sociais como o Instagram.

Embora possuam conexões, slowfashion e moda sustentável não são a mesma coisa. Oprimeiro tem relação com o consumo consciente de produtos locais, feitos à mão e em menor número, enquanto que o segundo é focado em reduzir o impacto negativo da indústria da moda ao meio ambiente.

Sustentabilidade é o foco da À La Garçonne, brechó e antiquário de conceito upcycling (que incentiva a transformação de produtos descartáveis em novos materiais) criado em 2009 pelo empresário Fábio Souza. Lançada em 2016, a linha de roupas da marca,assinada pelo estilista Alexandre Herchcovitch (marido de Fábio Souza), é composta por peças criadas a partir da mescla de tecidos novos e materiais reciclados e usados, como panos abandonados em tecelagens desde a década de 1960 ou plástico verde, extraído do bagaço da cana de açúcar. A marca também busca dar novos significados a peças já usadas (por meio de aplicações, por exemplo) ou cria novos modelitos a partir do tecido de peças usadas.