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CULTURA E CIDADANIA À MESA

Cada um tem uma receita para se sentir bem à mesa: a presença de amigos e familiares, a experiência de comer algo novo, a certeza de ingerir um alimento saudável e natural. Há quem queira alimentar corpo e alma. Ou apenas manter o bom funcionamento da máquina humana.

COMER O QUÊ?

O filme apresenta o cotidiano de uma série de personagens ligados ao mundo da alimentação, de chefs consagrados a produtores rurais, passando por especialistas em nutrição, economia e gastronomia, que apresentam à atriz e nutricionista Graziela Mantoanelli as diversas dimensões e possibilidades da boa alimentação.

Com direção de Leonardo Brant, COMER O QUÊ? serve ao público um banquete de sabores, imagens, reflexões e emoções, de maneira leve e despretensiosa. Afeto, saúde, cultura, indústria e educação formam equações possíveis entre desfrute e cuidado, consciência e espontaneidade, equilíbrio e bem estar.

“Eu não entendo a cozinha como arte, mas como expressão artística. A cozinha confere ao autor a possibilidade de se expressar através da arte. Essa expressão artística é incontestável”, diz o chef Alex Atala no filme, que também traz depoimentos da chef Helena Rizzo, da nutricionista e apresentadora de TV Bela Gil, do professor de Educação Física e consultor Marcio Atalla, do ator e produtor de alimentos orgânicos Marcos Palmeira, do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, do jornalista especializado em gastronomia Josimar Melo e da ativista chef e nutricionista Neka Menna Barreto, entre outros.

O DIRETOR

“Nos últimos 20 anos eu estive envolvido com pesquisa cultural. De uns tempos para cá, me dei conta de que aquilo que eu estava pesquisando, sobretudo política e mercado cultural, tinha muito pouco efeito na vida das pessoas. Então passei a me envolver com questões culturais mais cotidianas, que têm a ver com todos nós. E comida é um desses temas”, conta Brant.

Para ele, as nossas escolhas em relação à alimentação dizem muito sobre quem somos, as relações que desejamos manter com as pessoas ao nosso redor e com o planeta. O diretor acredita que os hábitos alimentares de uma sociedade são determinantes em seu modelo político e econômico. “Revelam também como é a nossa relação interior, com o corpo, saúde, cultura e espiritualidade”.

A COLABORAÇÃO

O filme foi produzido pela Deusdará Filmes, empresa de Brant, e pela Gaia Oficina de Cultura. Contou com a realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Federal de Incentivo e patrocínio da Alelo.

Com a colaboração de Caio Amon e Graziela Mantoanelli, Brant buscou personagens que misturassem diferentes realidades, visões e percepções a respeito da alimentação. “A ideia por trás dessa curadoria é tirar a alimentação do campo do certo e do errado, nos libertar um pouco dos dogmas e dos regimes fechados. A ideia é pensar na autonomia que cada um tem de escolher o seu próprio jeito de alimentar, e fazer relações mais amplas, com o modelo econômico e social”, explica o diretor.

A MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Alimentação também é política, e a partir dela é possível dialogar sobre temas como agronegócio, formas de sociabilidade a partir da comida, a incorporação de paisagens brasileiras à mesa, alimentos orgânicos, diversidade, saúde e muitos outros.

COMER O QUÊ? aborda essas questões de forma descontraída, pela própria fala dos entrevistados, e estimula o debate.

Como parte de uma iniciativa de mobilização realizada pela Taturana Mobilização Social, o filme já circulou por cidades como Belém, Brasília, Fortaleza, Niterói e São Paulo em sessões especiais de pré-lançamento, e foi exibido gratuitamente em universidades, equipamentos públicos e cineclubes.

Depois do lançamento oficial, o filme voltou para esse circuito, e está disponível para exibição em centros culturais, escolas, coletivos, cineclubes, universidades e qualquer outro equipamento de interesse público.

Para fazer parte da rede de exibidores, basta acessar a página do filme e se cadastrar.

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TENDÊNCIAS NA ALIMENTAÇÃO

O futuro da alimentação

Até 2100, alcançaremos a marca de 11 bilhões de habitantes no mundo. Uma estimativa expressiva que aumentará em cerca de 30% a demanda por alimentos. Um cenário complexo que gera um importante questionamento: como será a nossa alimentação no futuro? A pergunta apresenta uma série de hipóteses. Parte dos especialistas acredita que os alimentos do futuro deverão ser cada vez mais nutritivos e sustentáveis. A tendência, segundo eles, é que cada vez mais consumidores se interessem em conhecer de perto a cadeia produtiva dos alimentos que consomem no dia a dia e exijam uma postura sustentável de seus produtores.

Valorizando o consumo local

Além disso, movimentos como o Eat Local, que incentivam o consumo de alimentos orgânicos produzidos localmente em prol da economia da região, devem crescer ainda mais, ampliando a transformação das cidades em diversas zonas agrícolas produtivas – atualmente há uma série de empresas especializadas em transformar espaços ociosos, como os telhados de prédios, por exemplo, em áreas para cultivo de hortaliças e frutas. “Tento consumir produtos que sejam mais locais. Algo considerado natural, mas que viaja da Argentina a um país distante, não me convence”, analisa Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace International, em reportagem da revista Época Negócios.

Fazendas verticais

O processo de agricultura indoor, que consiste no cultivo de vegetais e hortaliças em ambientes fechados e controlados por inteligência artificial, é outra proposta que tende a crescer nos próximos anos. O Massachusetts Institute of Technology (MIT), por exemplo, uma das instituições de tecnologia mais respeitadas do mundo, está investindo em versões individuais do que os especialistas chamam de food computer (computador de comida) que pode transformar qualquer pessoa em um fazendeiro em sua própria casa.

Comida sob demanda

Ainda no campo da tecnologia, o design de alimentos é mais uma tendência que deve ficar cada vez mais forte tendo como foco o desenvolvimento de pesquisas alinhadas aos desejos e necessidades dos novos consumidores. Comida sob demanda. A Bayer, por exemplo, desenvolveu uma variedade de melancia menor, sem sementes e com mais nutrientes que as tradicionais. Enquanto uma melancia convencional pesa em média 15 quilos, a criação da Bayer tem um peso médio de 6 a 8 quilos. “Isso facilita o transporte e armazenagem, bem como evita o desperdício do alimento”, afirma Guilherme Hungueria, especialista de marketing da Unidade de Sementes e Hortaliças da Bayer em entrevista ao Planproject. “O produto ainda é mais saudável, já que contém o dobro de antioxidantes que a melancia convencional, além de possuir um sabor e uma doçura inigualáveis”, acrescenta. A empresa também lançou a Dulciana, uma cebola que não faz chorar pelo fato de apresentar menos ardência que o vegetal convencional.

Alimento como prevenção

Nesse sentido, há também pesquisas focadas no desenvolvimento de alimentos produzidos especificamente para prevenir doenças ou atender as necessidades nutricionais de grupos específicos. Estes estudos defendem que cada pessoa passaria a comer os alimentos que a deixam mais saudável, levando em consideração a sua genética e o seu histórico de doenças. Alimento como prevenção. “Não é mais a mesma comida para todo mundo. Temos de individualizar produtos de acordo com o que o corpo precisa com base na idade ou no sexo, por exemplo. Há muitos parâmetros”, explica a chefe da Nestlé na Alemanha, Beatriz Guillaume-Grabner, em entrevista ao site DW. A proposta da maior empresa de alimentação do mundo é lançar produtos que consigam cada vez mais levar micronutrientes, como zinco e magnésio, para os consumidores.

Quando a soja vira bife

A redução no consumo de carne também tende a se fortalecer nos próximos anos com o desenvolvimento de técnicas e de empresas que ofereçam opções nutritivas e deliciosas de alimentos sem o envolvimento de animais. Exemplos dessa dinâmica são as empresas Impossible Foods, que vende “carne” produzida a partir de plantas em mais de 500 restaurantes nos EUA, e Beyond Meat, que desde 2013 produz “carne” e “frango” feitos de planta.

Reduzir o desperdício de alimentos

também é uma outra tendência que deve crescer. Em um futuro não tão distante, teremos mais empresas como a ResQ, plataforma on-line com atuação na Europa que vende as sobras de cafés e restaurantes. Só para se ter uma ideia, a iniciativa já evitou que 100 mil porções fossem jogadas no lixo.

Entendendo o futuro

Marcas que produzem ou comercializem alimentos devem estar atentas ao que o consumidor vem buscando, e ao que ele tende a buscar. Sabina Deweik, no curso online “Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes”, apresenta os 4 grandes paradigmas que nortearão para onde a sociedade caminhará nos próximos 20 anos. E um dos temas abordados por ela é diretamente relacionado ao que estamos discutindo nesse texto, como o Paradigma Unique & Universal, onde:

  • a antinomia entre o local e o global será deixada permanentemente para trás;
  • será reconhecido o valor dos produtos únicos e locais;
  • produtos locais serão transformados em opções globais;
  • o caráter distintivo das origens e dos processos será comunicado de modo mais transparente;
  • as mídias sociais serão usadas a fim de criar novas lógicas de distribuição e de comunicação, dando aos produtos locais uma melhor oportunidade de se afirmarem no mercado global;
  • customizado, personalizado, distinto passam a ser conceitos relevantes.

Com propostas tão diversas em curso (de alimentos cada vez mais orgânicos e naturais a opções geneticamente modificadas), podemos concluir que o futuro da alimentação será diverso e dependerá do caminho escolhido por cada consumidor. Escolhas distintas e individuais para responder a uma mesma questão. Com qual proposta você mais se identifica?

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