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Slowfashion: a moda na era da sustentabilidade e do consumo consciente

“Compre menos, escolha melhor, faça durar” – Vivienne Westwood

Você já ouviu falar sobre slow fashion? Trata-se de um conceito ligado à sustentabilidade e ao consumo consciente que ganhou espaço e visibilidade na indústria da moda nos últimos anos e temcomo adeptos estilistas renomados, como a inglesa Vivienne Westwood, o belga Bruno Pieters e o brasileiro Ronaldo Fraga.

Indo de encontro ao conceitofastfashion, caracterizado pela produção em massa e de baixa qualidade das roupas e acessórios, oslowfashion defende a produção em baixa escala de peças duráveis, com utilização de tecidos naturais (como algodão, linho e seda) e cores suaves, feitas à mão e com respeito às condições de trabalho dos profissionais envolvidos.

O conceito é aplicado, sobretudo, por marcas pequenas, que têm como característica a proximidade com o consumidor final que, interessado cada vez mais em entender a cadeia produtiva de tudo o que consome, as acompanha de perto, especialmentepor redes sociais como o Instagram.

Embora possuam conexões, slowfashion e moda sustentável não são a mesma coisa. Oprimeiro tem relação com o consumo consciente de produtos locais, feitos à mão e em menor número, enquanto que o segundo é focado em reduzir o impacto negativo da indústria da moda ao meio ambiente.

Sustentabilidade é o foco da À La Garçonne, brechó e antiquário de conceito upcycling (que incentiva a transformação de produtos descartáveis em novos materiais) criado em 2009 pelo empresário Fábio Souza. Lançada em 2016, a linha de roupas da marca,assinada pelo estilista Alexandre Herchcovitch (marido de Fábio Souza), é composta por peças criadas a partir da mescla de tecidos novos e materiais reciclados e usados, como panos abandonados em tecelagens desde a década de 1960 ou plástico verde, extraído do bagaço da cana de açúcar. A marca também busca dar novos significados a peças já usadas (por meio de aplicações, por exemplo) ou cria novos modelitos a partir do tecido de peças usadas.

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5 EXEMPLOS DE OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS URBANOS QUE VOCÊ PRECISA CONHECER

A ocupação dos espaços públicos em São Paulo é uma das grandes inspirações do multi-artista Felipe Morozini e também uma de suas maiores bandeiras enquanto cidadão. Morador do centro da cidade há mais de 15 anos, ele é reconhecido pelas diversas intervenções artísticas que já realizou na região chamando a atenção da população e do pode público para o tema. “As pessoas entenderam que a cidade é a extensão da casa delas e isso é um movimento mundial dos grandes centros urbanos. Para viver, você precisa ir pra rua”, afirma.

Presidente da Associação Amigos do Parque Minhocão, que batalha para que o local se transforme oficialmente em um espaço de lazer para a população,ele defende que a cidade é uma grande experiência, um grande laboratório social que só faz sentido quando tem pessoas envolvidas. “Ao contrário de outros locais do mundo, como Nova York, por exemplo, aqui em São Paulo é a população que está direcionando o caminho que a cidade vai ter. E isso é um acontecimento incrível”, reflete.

Para exemplificar esse atual momento paulistano, Morozini elencou os cinco locais que, na opinião dele, representam essa onda que tem transformado a cara dacidade e a forma dos cidadãos se relacionarem com ela. Confira a lista:

PARQUE MINHOCÃO

As pessoas ocuparam um lugar seco, sem sombra, sem segurança — mas elas estão lá. Há o fator de se criar um diálogo com a cidade em que se mora. As pessoas gostam de estar ali, elas se sentem como parte da cidade. O uso dele pelas pessoas ressignificou o lugar e fez as autoridades competentes olharem para lá e pensar: “bom, o que faremos?”. Porque era uma estrutura só para carros, mas agora, 20 mil pessoas vêm passear aqui todos os domingos. Então em vez de fechar, vamos estruturar, dar segurança, iluminação. Hoje, quando eu penso no Parque Minhocão, eu estou falando da cidade.

LARGO DA BATATA

Exemplo prático de democracia, de cidadania e de concretização social e urbana. Em atividade desde 2014, o projeto A Batata Precisa de Você, formado por moradores e frequentadores do Largo da Batata, vem promovendo ações para transformar a região, hoje árida e apenas de passagem, em um espaço de convivência e lazer permanente. Em quase três anos, já foram realizados no local conversas sobre a memória do Largo, jogos de rua, oficinas de bicicleta, de jardinagem, de fotografia, saraus, intervenções artísticas e atrações musicais. Além disso, o espaço também se transformou em um laboratório metropolitano de mobiliário urbano. Recomendo passar uma tarde para testar as cadeiras de praia instaladas no local. Garanto que você terá uma outra perspectiva de cidade.

FLORESTA DE BOLSO DO BOSQUE DA BATATA

É um ótimo de exemplo de iniciativa que está sendo protagonizada pelos cidadãos para tentar recuperar um pouco da vegetação original da região de São Paulo, por meio do plantio deárvores nativas da Mata Atlântica. Desenvolvida pelo botânico Ricardo Cardim, a técnica da Floresta de Bolso é uma solução ambiental simples e eficaz para os grandes centros urbanos, porque combate ilhas de calor, umidifica e purifica o ar, preserva espécies vegetais nativas, resgata a biodiversidade local e fornece abrigo para polinizadores e pássaros.

PRAÇA ROOSEVELT

Construída na década de 1960, entre as ruas Consolação e Augusta, a praça Roosevelt foi, durante anos, um dos espaços mais negligenciados da cidade – que sempre priorizou carros e avenidas, e não espaços de convivência. Nos últimos anos, porém, foi redescoberta e retomada pela população e hoje é uma das principais áreas de lazer do centro, frequentada por um público diversificado que vai de idosos, moradores da região, aatores (dos teatros do entorno) e skatistas. É, pra mim, um exemplo do poder do povo em tomar posse da cidade em que vive.

PAULISTA ABERTA

O projeto é um ótimo exemplo dequando o poder público e a iniciativa privada conseguem intervir para que a ocupação dos espaços públicos se torne possível. Ver a paulista fechada para carros e aberta para pedestres, skatistas, ciclistas e manifestações musicais e artísticas diversas é, na minha opinião, um dos maiores acontecimentos da cidade e um dos momentos nos quais ela se torna mais viva.

Todos estes espaços não apenas representam um desejo claro da população por mais espaços de convivência, mas também comprovam a possibilidade de pensar e de viver a cidade de uma maneira diferente, mais coletiva, colaborativa e diversa.

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A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

São Paulo tem vivido um momento interessante enquanto cidade: a ocupação dos espaços públicos. Reconhecida historicamente como um local no qual as pessoas viviam apenas para trabalhar e fazer dinheiro, a cidade foi, durante décadas, pensada no individual e nunca no coletivo. Não à toa, a ampliação e a melhoria dos sistemas de transporte coletivo nunca foi uma prioridade, ao passo que a criação de avenidas sim. Uma cidade pensada para carros e não para pessoas.

O cenário começou a mudar nos últimos anos, motivado principalmente por uma demanda da população e incentivado por artistas e ativistas que entendem que são as pessoas que dão sentido e vida a uma cidade. “Pessoas nas ruas tornam as cidades seguras”, analisa o multi-artista Felipe Morozini, um dos grandes incentivadores desse fenômeno urbano.

Ele é o criador do premiado projeto de intervenção urbana Jardim Suspenso da Babilônia que, em 2010, desenhou dezenas de flores com cal por todo o Minhocão, deu voz a um desejo da população, chamou a atenção das autoridades e iniciou um debate para transformar o espaço em uma área de lazer. “O Parque Minhocão só pode ser chamado de parque devido a este fenômeno de ocupação urbana. Como pode um lugar que não oferece nenhum atrativo de conforto ser tão importante afetivamente para uma população? Por que resolveram usar o elevado como lazer? Como esta ocupação aconteceu e quais são seus pontos positivos para cidade?”, questiona. “Ao contrário de projetos como o High Line, de Nova York, aqui em São Paulo são as pessoas que estão ocupando e ditando o que vai ser feito, não é a Prefeitura com a iniciativa privada que vai fazer daqui um lugar turístico”, acrescenta.

Morozini reforça que a ideia de ocupação dos espaços públicos é um assunto recente, de pouco mais de cinco anos, e que reflete um momento vivenciado na cidade, uma mudança de comportamento. Um novo jeito de pensar, de viver e de conviver. “Antes, quando eu convidava as pessoas para vir tomar sol no Minhocão, me chamavam de louco. Hoje, acham super legal e vem todo mundo, trazem os filhos, amigos deixam as bicicletas dos filhos na minha casa. Tem muita gente pensando nessa cidade, nessa nova cidade, que não é “carro-dependente”. Novas alternativas de mobilidade, de locomoção”, afirma.

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QUEM VEIO ANTES DE SOFIA COPPOLA?

A entrega do prêmio de “Melhor Diretor” para Sofia Coppola no Festival de Cannes  foi um dos pontos de maior destaque da edição de 2017 do evento e levantou a discussão sobre a pouca representatividade feminina no tradicional festival de cinema. Isso porque Sofia foi a segunda mulher a angariar o título em 71 anos de história da prestigiada premiação francesa. 

A primeira foi a russa Yuliya Solntseva, em 1961, que recebeu o troféu por A Epopeia dos Anos de Fogo (Flaming Years). O filme aborda a resistência russa à invasão nazista durante a Segunda Guerra Mundial e chamou a atenção do júri de Cannes principalmente por seus aspectos técnicos inovadores – movimentos radicais de câmera e experimentações com som e narração. 

Apesar do prêmio, Yuliya teve o seu trabalho ofuscado pelo de seu marido, Alexander Dovzhenko, considerado um dos quatro principais cineastas russos da primeira fase do cinema e a mente criativa de obras consagradas como Zvenigora (1928), Arsenal (1929) e Terra (1930). A vitória de Sofia em Cannes resgatou não apenas o nome de Yuliya, como também o interesse no seu trabalho e a sua importância para a história do cinema soviético. Tanto que o Museum of the Moving Image, de Nova York, realizou uma retrospectiva com as principais obras de Yuliya.

MUITO MAIS QUE UMA MÃO INVISÍVEL  

Yuliya começou como atriz, ainda no período do cinema mudo, e ganhou fama nacional ao estrelar Aelita, em 1924, considerado o primeiro filme de ficção científica russo e uma das principais inspirações do cineasta Fritz Lang para a criação do clássico alemão Metrópolis. 

Foi a partir do casamento com Dovzhenko que ela passou a atuar atrás das câmeras, como assistente de direção. Após a morte do marido, em 1956, ela decidiu finalizar os projetos inacabados do marido, incluindo as ideias dos filmes que se tornariam as suas produções mais conhecidas: Flaming YearsPoem of an Inland Sea (1958) e The Enchanted Desna (1964). “Se Dovzhenko estivesse vivo, eu nunca teria me tornado uma diretora; tudo o que faço é considerado como uma defesa e uma ilustração do trabalho dele”, declarou na época. 

Embora minimizasse o seu papel criativo nas produções, os três filmes deixaram claro que Yuliya era muito mais que uma mão invisível apoiando o legado do marido e que possuía uma linguagem própria. Tanto que chamou a atenção de nomes como o de Jean-Luc Godard, que era fã de The Enchanted Desna. Em sua trajetória como diretora, Yuliya dirigiu 14 filmes, realizados entre 1939 e 1979. Produções que se destacam pela linguagem poética das narrativas e pela experimentação sonora. 

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CINCO PRÉDIOS DE REFERÊNCIA ARQUITETÔNICA QUE VOCÊ PRECISA CONHECER EM SÃO PAULO

Reconhecida como a maior cidade do país e uma das grandes metrópoles do mundo, São Paulo tem na arquitetura (e também na não-arquitetura) uma de suas características mais marcantes, composta por estilos diversos que vão do Clássico ao Moderno e do Pós-moderno ao Contemporâneo. Para a arquiteta Manoela Beneti, a composição da cidade é muitas vezes caótica, mas possui pontos altos e muito expressivos em alguns exemplares arquitetônicos. Ela selecionou cinco prédios que, na opinião dela, exemplificam bem essa essência arquitetônica paulistana e valem a pena conhecer:

MASP

“Projetado por Lina Bo Bardi na década de 1950, o Museu de Arte de São Paulo é um marco da Arquitetura Moderna brasileira. Com 11 mil metros quadrados, a construção demandou tecnologia de grandes pontes para segurar os dois andares suspensos que compõem o prédio. Em seu grande vão livre de 74 metros – reconhecido como o maior da América Latina – se dá a mágica de sua arquitetura. É naquele grande vazio, ocupado por pessoas, sejam elas passantes, em atividades culturais, comerciais ou em manifestações populares, que acontece um verdadeiro respiro urbano e uma ponte visual com a Avenida Nove de Julho.”

SESC POMPEIA

“Também projetado por Lina Bo Bardi na década de 1970 e desde 2015 tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural, o espaço é palco para shows, exposições e outras atividades artísticas importantes. Entre suas grandes qualidades está o fato de ser um complexo requalificado. Originalmente um complexo fabril abandonado (terreno de uma antiga fábrica de tambores da década de 1930), a área foi revitalizada e ressignificada, algo fundamental sob o ponto de vista da sustentabilidade e da vitalidade do tecido urbano ao redor. A intervenção/projeto de Lina, considerada uma iniciativa de vanguarda na época e ainda hoje pouco replicada, promoveu uma transformação estupenda e criou um conjunto que é uma das principais referências de lazer e cultura da cidade. Ali podemos ver camadas históricas diferentes, bem como camadas de técnicas construtivas distintas e soluções pitorescas, como as incríveis “janelas-buraco” criadas pela arquiteta. Não à toa, o prédio foi eleito em 2016 pelo jornal britânico “The Guardian” como uma das dez melhores construções e estruturas em concreto do mundo.”

COPAN

“Um ícone de São Paulo, cujo desenho curvo se destaca das linhas retas do entorno e traz leveza à massa do centro, atraindo os olhares. Dos grandes exemplos de arquitetura moderna e de convivência coletiva, recebe e articula milhares de pessoas, ajudando muito no povoamento do Centro, que passa por processo de esvaziamento há algumas décadas, não só em São Paulo, como em outras cidades brasileiras – ou seja, é vital para o ecossistema da capital. Projetado na década de 1950 por Oscar Niemeyer, o Copan está registrado no Guinness Book como o maior prédio residencial do mundo e é a maior estrutura em concreto armado do Brasil. Composto por seis blocos, 35 andares, 1.160 apartamentos, conta com diversas lojas e galerias e mais de cinco mil habitantes, de diferentes idades, perfis e classes sociais. Visitá-lo é uma experiência de grande riqueza antropológica, arquitetônica e urbana.”

SESC 24 DE MAIO

“Projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e instalado no centro da cidade, no antigo prédio da rede Mesbla, o complexo arquitetônico tem 13 andares, um teatro no subsolo e uma piscina enorme, de 625 m², no terraço com vista panorâmica. Inaugurada em 2017, a obra é um importante símbolo do processo de revitalização do Centro vivenciado pela cidade nos últimos anos. Entre suas grandes qualidades está o sistema de circulações com rampas que, como diz o próprio Paulo Mendes da Rocha, funcionam como uma extensão da rua e promovem um ritmo de passeio por São Paulo. A iniciativa capta o fluxo de pedestres para dentro do prédio, de maneira generosa e convidativa, como a cidade e as pessoas tanto necessitam.”

MUBE

“Também concebido pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e inaugurado em 1995, o prédio do Museu Brasileiro da Escultura possui uma característica fundamental para a arquitetura bem inserida na cidade. Seu desenho fala mais de espaço do que de prédio. Os espaços típicos de um museu estão abaixo do nível do piso da praça aberta, que é avistada da rua e realçada pelo grande pórtico composto por uma longa viga. Hoje, cercado por grades, o prédio originalmente foi concebido por esse grande arquiteto sem nenhum tipo de contenção e, com toda generosidade, oferecido para a cidade. Considerada um dos destaques da arquitetura brutalista mundial, a obra conta com um jardim idealizado por Burle Marx e recebe exposições, além de abrigar uma feira nos finais de semana.”

Visitar estes prédios é uma maneira interessante e leve de conhecer e entender melhor São Paulo, uma cidade de tantos contrastes e diversas camadas históricas. Viva essa experiência!