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O NOVO MUNDO JÁ É FATO! COMO SE CONECTAR COM ELE?

Por Danilo España, do time Humans Can Fly e colunista da Escola São Paulo. 

Muito se fala sobre um Novo Mundo que está emergindo. Mas afinal, que mundo é esse? Que diferenças ele tem para o mundo atual e como encaramos essa transição? 

Nova Era, Despertar da Consciência, Mundo em Transição, Amanhecer da Galáxia, Nova Ordem Mundial, etc… chame como quiser. Diferentes religiões e culturas ancestrais predisseram que mudanças radicais aconteceriam do período que vivemos em diante. Eles estavam certos? Acredito que sim! 

Participamos de um momento incrível da história da humanidade, onde nunca houveram tantas possibilidades de se experimentar uma nova maneira de pensar, sentir e viver. Cada vez mais pessoas estão buscando por um propósito de vida, querendo trabalhar com algo que faça sentido e lhes dê satisfação verdadeira, querendo sentir que estão colaborando com o mundo em que vivem, buscando mais práticas físicas, mentais e espirituais para alcançar um maior equilíbrio na vida. O acesso à informação e capacidade de organização se multiplicou exponencialmente com a conectividade, a utilização otimizada de espaços e serviços se popularizou através de aplicativos, a espiritualidade passou a ter importância fundamental para a qualidade de vida das pessoas, a tecnologia nos poupou tempo em atividades burocráticas e o compartilhar se tornou uma das palavras mais pulsantes da atualidade. 

Essas características ancoram uma enorme potencialidade, mas para atingir um pleno potencial é preciso que sejam nutridas por certos princípios. Felizmente há indicadores que apontam para uma direção positiva. Termos como: empatia, gratidão, diversidade, interdisciplinaridade, ética, horizontalidade, visão sistêmica, espiritualidade, liderança holística, unidade, sustentabilidade em latu sensu, entre outros, são ouvidos com mais frequência nos últimos tempos.  O que relatei até agora são alguns sinais emergentes do chamado Novo Mundo, que funcionam como uma espécie de norte se desejarmos seguir um caminho evolutivo. Em contrapartida, percebemos que muitas das nossas atitudes como humanidade até hoje se mostraram bastante inconsequentes. Está evidente que certos sistemas e comportamentos precisam ser repensados, simplesmente porque estão nos levando a lugares que não desejamos estar. Se insistirmos no mesmo raciocínio é fato: se apagará a luz no fim do túnel.  Sem querer tirar o mérito preditivo das religiões e culturas ancestrais, acredito que  nós enquanto seres humanos, demos substrato suficiente para que notassem que nosso modus operandi já aponta que estamos indo pelo caminho errado há muito tempo. Por isso não precisamos devanear na ideia de que o novo mundo é algo transcendental, que surgiu do nada. Essa nova maneira de agir, sentir e pensar é a mais legítima tentativa de mudar pra melhor o rumo do nosso planeta e da nossa condição enquanto espécie. 

O curioso é que os valores e princípios por trás das características do Novo Mundo são “eternos”, ou seja, sempre existiram e sempre existirão, o que precisamos é ressignificá-los. E foi quando mais nos aproximamos deles, que a humanidade deu seus maiores e mais consistentes passos, se desenvolveu e prosperou. A questão é que nos distanciamos disso de alguma forma, ficamos ludibriados pelas novidades, ignorando o que nos trouxe até aqui, nos deslumbrando pela ganância, individualismo, poder e acabamos gerando uma desconexão com o outro e com nossa própria essência. Perdemos o real senso de comunidade e experimentamos a perda da nossa humanidade… 

O Novo Mundo está aí, compartilhando seus sinais a quem quiser observar. Está dada a grande oportunidade de resgatarmos as caraterísticas primordiais que nos tornam humanos. Não são devices ou a tecnologia os responsáveis por essa transição, eles podem ser meios e catalizar processos, mas a verdadeira transição só será realizada por aqueles que se atentarem a esses princípios, se dedicarem a entendê-los profundamente e os praticarem em suas vidas, pessoal e profissionalmente. 

Via Exame

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TECNOLOGIA E HUMANIDADE

Por Danilo España, time da Humans Can Fly e colunista da Escola São Paulo

Através do teclado do meu computador digito esse texto e através da sua tela você o lê. Aqui criamos um elo de comunicação, neste momento somos ajudados pela tecnologia.

A tecnologia nos ajuda em diversas áreas, facilita processos, acelera as comunicações e gera resultados rápidos. Acontece que para tudo há um limite, e ainda que não façam tantos anos que a tecnologia atingiu um certo ápice, existem pessoas comprovando na pele que o excesso de tecnologia pode prejudicar a vida social e até mesmo a saúde.

Não só o fato de vermos famílias inteiras ou grupos de amigos em um restaurante, por exemplo, imersos, todos, em seus celulares e tablets ultramodernos sem conversar. Há também outras situações que nos mantém reféns da modernidade: ter que olhar o e-mail diversas vezes por dia, acompanhar as atualizações das redes sociais, responder centenas de mensagens e de depender de uma conexão de alta velocidade 24 horas por dia para satisfazer nossas curiosidades, buscar informações, cumprir tarefas, pagar contas, descobrir tendências, ideias, empresas, pessoas etc…

Mas como definir se a quantidade de contato que temos com a tecnologia chega a ser prejudicial?

David Backer, fundador da The School of Life deu uma palestra em São Paulo algumas semanas atrás sobre o tema Tecnologia e Humanidade e por sorte estivemos presentes para escutar o que ele tinha a dizer. Seu discurso foi sobre o quanto a tecnologia tem influenciado as relações pessoais, sociais e o quanto deixamos que ela invada nossa vida, acabando com a nossa privacidade, desrespeitando nosso ritmo psíquico, biológico e afetando até mesmo nossa saúde.

Máquinas, equipamentos, dispositivos são essenciais para sobreviver em um modelo de sociedade onde o virtual está cada dia mais próximo do real. Descobrir um limite de interação com as tecnologias é algo individual, cada um deve buscar essa equação para respeitar sua própria natureza.

Por mais que busquemos as tecnologias mais incríveis, ainda assim é o homem que as inventa, as cria, ou seja, todo potencial de sua criação está no homem. Esse encontro me fez pensar quão alta é a tecnologia do nosso próprio corpo. Possuímos a mais avançada tecnologia, a tecnologia natural, biológica, humana… ou seja, não podemos esquecer as funções que nosso corpo desempenha, a quantidade de informações que armazenamos, como conseguimos acessá-las a uma velocidade absurda, a capacidade de bilhões de cálculos, o potencial analítico que temos, auto-regulações corporais, sentimentos, emoções, razão, etc.

A tecnologia evidentemente evolui, mas e a humanidade? Estamos evoluindo nosso lado humano e tendo orgulho dessa evolução tanto quanto da tecnologia? Precisamos de um movimento que valorize as características naturais do homem, que respeite seus limites e que trabalhe dentro de um nível de tolerância individual, considerando que somos diferentes, que suportamos coisas absolutamente distintas. Os talentos também são individuais, devem ser exercitados, desenvolvidos e o tempo que nos prendemos à tecnologia muitas vezes consome esses importantes momentos. Outro importante momento que não estamos desfrutando e que nos é essencial é o ócio. David lembrou que perdemos o poder da lentidão, por exemplo, de cultivar o pensamento lento, e perdemos também a alegria da imperfeição, afinal estamos longe de sermos perfeitos seja no que for.

O que não nos damos conta é que podemos escolher o que pensar e como pensar, as imposições da atualidade dificultam esse processo, mas ainda depende de nós essa escolha.

Então que sejamos usuários da tecnologia e não seus escravos…

O mundo anda mais preocupado com o High Tech. Escrevemos recentemente uma matéria sobre isso. Hoje há uma necessidade de se recuperar o High Touch. High Touch para quem nunca ouviu falar, quer dizer a alta tecnologia do toque, do afeto, do carinho, ou seja, da humanidade. Ela sim nos toca verdadeiramente, não é fria como uma máquina que reage aos nossos estímulos por pura programação.

A naturalidade humana vem se perdendo por diversos motivos, pelo excesso do uso de tecnologias, pelos sistemas falidos que vivemos; sejam políticos, sociais ou econômicos. Por uma cultura popular globalizada em que existem apenas dois grupos de pessoas os “winners” e os “loosers”. Você é um vencedor na vida se tem dinheiro, sucesso e reconhecimento, caso contrário é um perdedor, depreciado pelos que possuem mais dinheiro.

Esses dias conversando com um amigo ele me disse: você já parou pra pensar no que significa estar “bem de vida”?

E aí parei para pensar que o “bem de vida” hoje significa “estar bem financeiramente”. É triste que assim seja, mas sou otimista e a favor do movimento humano. Quem sabe um dia estar bem de vida se torne uma expressão que tenha mais a ver com VIDA do que com dinheiro, a vida é mais do que isso. Então te convido a refletir sobre como anda pensando, e no que, para que nosso olhar e posicionamento sobre o mundo evolua e essa evolução seja mais importante do que a evolução tecnológica. Para que a expressão estar “bem de vida” signifique ter saúde, paz e estar de acordo com sua própria jornada.

A era do comportamento padrão se foi, entendemos bem o termo globalização e já experimentamos seus efeitos positivos e negativos. O acesso à informação nos permite decidir com mais base, nos traz reflexões diversas. A era da tecnologia está aí para nos servir e nos ajudar, o que vale é saber usá-la para continuarmos “bem de vida”.

Via Exame