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PAULO MENDES DA ROCHA É TEMA DE DOCUMENTÁRIO

Criador de obras importantes como o Museu Brasileiro da Escultura (Mube) e o Museu da Língua Portuguesa e o arquiteto brasileiro mais premiado da história, Paulo Mendes da Rocha é tema do documentário Tudo é Projeto, que deverá chegar aos cinemas no segundo semestre de 2018. Produzido pela Olé Produções, o filme apresenta uma conversa franca e descontraída entre Mendes da Rocha e sua filha, Joana Mendes da Rocha (que divide a direção do filme com Patrícia Robano), sobre sua vida e, principalmente, sua emblemática obra.

Natural de Vitória, Espírito Santo, Paulo Archias Mendes da Rocha formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, em 1954, e desenvolveu uma prestigiada carreira acadêmica, a partir da década de 1960, na Universidade de São Paulo (USP) – na qual se aposentou em 1999. Conhecido como “arquiteto-cidadão”, é um dos mais renomados arquitetos modernistas brasileiros e criou obras que se tornaram referência em arquitetura brutalista no mundo. É também um dos principais representantes da chamada Escola Paulista, que defendia uma arquitetura crua, limpa, clara e socialmente responsável.

Premiado com o Pritzker (considerado o Nobel da arquitetura e a maior honraria para os profissionais da área), em 2006, já dividiu o troféu norte-americano Gordon Bunshaft com Oscar Niemeyer (1907-2012), em 1988, e, ao longo de 2016, foi reconhecido em três importantes premiações internacionais: o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, o Prêmio Imperial do Japão e o Royal Gold Medal, do Institute British of Architects (Riba).

Neste ano, foi laureado com a Medalha de Mérito Cultural, um condecoração concedida pelo Ministério da Cultura do governo de Portugal a indivíduos ou grupos, nacionais e estrangeiros, pela dedicação a atividades de impacto cultural – ele foi o segundo arquiteto a receber o prêmio (o primeiro foi Álvaro Siza Vieira, em 2009). Além disso, inspirou uma exposição no Mube, em São Paulo, que buscou traçar um paralelo entre a arte e o seu trabalho.

Aos 88 anos, Paulo Mendes da Rocha segue em plena atividade. Um de seus últimos trabalhos foi a museografia do Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, que abriga a maior coleção de carruagens do mundo.

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O QUE O FILME PANTERA NEGRA PODE ENSINAR SOBRE EMPREENDEDORISMO?

Pantera Negra, o mais recente filme de super-heróis da Marvel, é um sucesso mundial que vem conquistando números impressionantes. No primeiro fim de semana de abril, a produção ultrapassou a marca de US$ 1,3 bilhão na bilheteria e figura no décimo lugar na lista das maiores bilheterias de todos os tempos. Dentro dos EUA, o filme acaba de passar Titanic e se tornou a terceira maior bilheteria da história no país, com uma arrecadação de US$ 661 milhões.   

Mas além dos resultados expressivos, da grande popularidade (é o filme mais comentado da história do Twitter), das críticas positivas e da inegável representatividade da população negra nas telas, a produção também é uma verdadeira lição de empreendedorismo. É o que aponta o investidor canadense Sean Wise em artigo publicado na revista Inc. Autor do livro Startup Opportunities: Know When to Quit Your Day Job, ele acredita que o blockbuster apresenta alguns elementos da estratégia do Oceano Azul (Blue Ocean Strategy).   

Em linhas gerais, a Blue Ocean Strategy consiste em buscar novos clientes (um oceano azul) ao invés de disputar com os concorrentes a atenção dos clientes atuais (um oceano vermelho). De acordo com Wise, como a maioria das startups trabalha com recursos reduzidos, a sua capacidade de competição diminui. Nesse sentido, é interessante optar por ações e cenários em que os outros (concorrentes) não estão. Há dois caminhos mais comuns seguidos pelos empresários ao implementar a estratégia do Oceano Azul: 1) novos clientes, produtos antigos; e 2) clientes antigos, novos produtos.   

De acordo com Wise, o filme Pantera Negra seguiu o primeiro caminho e levou para um mercado até então pouco explorado (em que a população negra esteja em evidência) uma fórmula de sucesso já comprovada (a dos filmes de ação). “Examinar seu modelo de negócios atual e evoluir de acordo é exatamente o que Pantera Negra fez, e seguir seu modelo pode oferecer a um novo empreendimento um status de ‘primeiro ao mercado’ e a possibilidade de estabelecer uma vanguarda em um novo segmento”, afirma.   

Em resumo, diz Wise, se a sua startup está se concentrando em um grupo de clientes carentes,  é importante que ela se concentre em implementar e alavancar inovações que já se mostraram um sucesso em outros mercados. “Use as histórias reais de seus usuários atuais para atrair o novo segmento de clientes”, explica.

Para exemplificar o outro caminho seguido pelos empresários (clientes antigos, novos produtos), no qual um empreendimento usa sua percepção profunda sobre os clientes para testar novos produtos para usuários atuais, o autor lança mão de um outro blockbuster: o filme Deadpool, lançado em 2016, que trouxe humor para  um público já familiarizado com os super-heróis. “Se você deseja expandir sua receita vendendo uma inovação, comece com os clientes com os quais você tem um relacionamento mais profundo. Colabore com seus melhores clientes para garantir que a inovação proposta cumpra sua promessa”, pontua.   

No texto, o investidor também faz algumas ressalvas com relação à aplicação da estratégia do Oceano Azul. Em primeiro lugar, diz ele, o empreendedor nunca deve seguir os dois caminhos ao mesmo tempo. Ou seja, nunca tente vender novos produtos para novos clientes. Em segundo lugar, pontua Wise, nenhum oceano permanece azul para sempre. “À medida que você prova a viabilidade de um novo mercado, os concorrentes verão seus ganhos e tentarão seguir você até o oceano azul, transformando-o em vermelho”, finaliza

Fotos: Divulgação

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O QUE ESTÁ POR TRÁS DAS ROUPAS QUE VESTIMOS?

Moda é expressão e inspiração, mas também pode ser consciência ecológica e social. Afinal, as roupas que usamos não surgem do nada nas prateleiras, mas são confeccionadas por pessoas e têm uma história por trás sobre as quais precisamos saber. Nos últimos anos, diversas iniciativas começaram a ser realizadas com o intuito de fazer as pessoas entenderem qual o verdadeiro custo da moda e que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve diversos personagens e cenários.

Um exemplo desses projetos é o Fashion Revolution criado por um conselho global de líderes da indústria da moda sustentável após o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, há cinco anos. Classificado como o quarto maior desastre industrial da história, o desabamento deixou 1.133 mortos (na sua maioria mulheres) e 2.500 feridos. No local, funcionavam diversas confecções que forneciam insumos para grandes redes da moda no mundo. O desastre fez com que as pessoas olhassem com mais atenção para a cadeia de produção da moda. “Nós queremos que você pergunte: ‘Quem fez minhas roupas?’. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos”, explica Orsola de Castro, co-fundadora do movimento.

Realizado anualmente em mais de 100 países, incluindo o Brasil, o Fashion Revolution motivou em 2017 a criação da #whomademyclothes, campanha que contou com a adesão de 100 mil pessoas e que pedia às empresas de moda que abrissem o seu portfólio e informassem ao público quais  eram suas fábricas fornecedoras. O objetivo era identificar quais e quantas marcas faziam negócios com fornecedores que utilizam mão de obra escrava ou oferecem condições de trabalho perigosas e insalubres para seus funcionários.

Mais de duas mil empresas compartilharam informações sobre a sua cadeia produtiva e criaram uma nova hashtag, a #imadeyourclothes (eu faço a sua roupa). A repercussão das iniciativas fez com o que o governo de Bangladesh aumentasse em 77% o salário mínimo da área e inspecionasse mais de 1.300 fábricas em seu território. Paralelamente, 76 marcas (nomes como Zara, Mango, Valentino, UNIQLO e H&M, que, juntas, representam 15% da produção têxtil no mundo) aderiram à campanha Detox my Fashion 2020, criada em 2011 pelo Greenpeace com o objetivo de eliminar a utilização de produtos químicos na cadeia produtiva da moda.

A tragédia em Bangladesh também foi o fator que motivou o diretor Andrew Morgan a produzir o impactante documentário The True Cost. Na obra, Morgan ouviu ativistas pelos direitos humanos, trabalhadores, donos de fábricas têxteis, produtores de algodão e economistas – os representantes dos grandes grupos de varejo, contudo, não quiseram conceder entrevista. “A indústria do vestuário é a indústria mais dependente do trabalho humano no mundo, empregando milhões de trabalhadores que são os mais pobres de todo o sistema, muitos dos quais são mulheres. Muitas destas mulheres recebem menos do que um salário mínimo, trabalham em condições inseguras, e são privadas de direitos humanos básicos. Além do impacto humano, a moda se tornou a segunda indústria mais poluente do mundo – perdendo apenas para a indústria do petróleo”, explica o diretor.

A produção (disponível na Netflix) repercutiu no mundo inteiro e ganhou comentários de figuras famosas ligadas ao mundo da moda, como a atriz Sarah Jéssica Parker. Em entrevista ao The Edit, ela declarou que desde que viu o filme mudou os seus hábitos de consumo e passou a praticar o upcycling, comprando roupas usadas para o seu filho de 14 anos e adquirindo produtos em sites de leilão de peças vintage e brechós on-line.

Se você quiser aderir à campanha, o Fashion Revolution disponibiliza em seu site um pôster com o slogan do projeto. Para baixá-lo, clique aqui!

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RODRIGO POLACK: TEM IDADE CERTA PARA SER FASHION?

A relação entre moda e celebridade sempre foi assunto de discussões animadíssimas. E um disputado red carpet é sempre palco perfeito para patrulhas de todos os tipos, destilarem seus venenos com o antigo ‘Certo e Errado’, nas redes sociais.
Alguns tópicos são mais comuns na hora de apontar o dedo… a marca do vestido, o valor das jóias, o corpo ideal, as rugas (Ó ceús, dessa nem a Nossa Senhora do Botox Perfeito escapa!) and um dos mais comentados, a tão temida IDADE. 

Vou começar citando a sempre criticada Madonna. Com seus bem vividos 59 anos, é julgada se aparece de cara lavada, boné e look de academia. Se aparece com o rosto photoshopado e pele de cera na capa da revista, lá vem pedrada. De body e meia arrastão nos shows… “Já poderia ser avó!”. De viúva siciliana no MET Gala… “Não surpreende como antes!”. 

Outra que nunca escapa aos olhares dos críticos, é Donatella. Criticada desde a época dourada da marca, em que era musa de Gianni, a italianíssima herdeira platinada da Versace (mais magra que as modelos de seus desfiles e com bronze cenoura) dá de ombros para quem tem a língua afiada e continua mostrando seus braços em alcinhas ultra-sexy e pernas em fendas escandalosas. A grande diferença do passado para agora, aos olhos de quem tem essa tal língua afiada, é o fato de ter 63 anos, e claro, a quantidade de toxina botulímica e ácido hialurônico aplicados em seu rostinho. 

Sarah Jessica Parker, ao longo de muitos anos como Carrie Bradshaw, deixou o mundo passado a ferro, com seus looks extravagantes e fashionistas em último grau. Volume nos cabelos, saias de tule, it bags, labels, labels, labels, e um lifestyle novaiorquino que dava vontade de arrumar as malas e fugir pra Big Apple ganhar a vida. Ai Carrie, como te amava! 

Já Sarah, entrou nesse mood e se transformou em um ícone fashion à altura de sua personagem em Sex And The CityForever! No último Met (montadíssima de Dolce & Gabbana), com rugas aparentes, encarando seus 53 anos em closes sem prenchimentos em excesso, foi chamada de VELHA por muita gente. 

Anna Dello Russo, editora da Vogue Japão, também joga no mesmo time das absurdinhas, que despertam reações diversas a respeito de seu lifestyle FOREVER YOUNG. Jane Fonda, sua F*DA! No Oscar 2018, aos 80 anos, usou branco total e maravilhosa, agradou a maioria. Ainda assim, ouviu-se… “Linda AINDA, mas é escrava da beleza. Não come e se mata de malhar.” Iris Apfel, americana de 96 anos, designer de interiores, empresária e intusiasta da moda, dona de uma coleção de óculos gigantes, pulseiras coloridíssimas e roupas estampadas, sábia, disse uma vez… “Vestir-se de acordo com a idade, é uma grande idiotice”. 

Let’s talk about Brasil… 

Hebe Camargo, musa maior da nossa tv e seus vestidos curtos, com pernas torneadas de dar inveja a qualquer new face. Elke Maravilha, rainha do absurdo até sua morte. Sem medo de ser feliz! Gloria Maria, belíssima, mãe de duas crianças e ainda com tempo (e disposição!) para rodar o mundo a trabalho. Fernanda Montenegro, clássica, chiquérrima always, e sem plásticas em plena era do HD. Costanza Pascolato, com seu topete/moicano e óculos escuros inconfundíveis, workaholic e antenada master no novo, esbanja frescor em tudo o que faz. 

Quer saber o real significado de coragem aos 60, 70, 80 e 90 anos? Acesse @advancedstyle, no Instagram. Mulheres fantásticas, overdressed, em looks espetaculosos, multicoloridos e cheios de vida! 

Ser sexy e jovem, independe dos centímetros de pele à mostra ou da sua idade. Depende sim de ATITUDE! E isso, ou você tem ou não tem. Poder ou não usar um look, fazer dezenas de plásticas ou encarar as marcas de frente, ficar loiríssima ou deixar os cabelos grisalhos, são escolhas pessoais. Afinal, o que PODE ou NÃO PODE? Você é quem dita as regras.
Seja a pessoa mais interessante que você conhece. E ser AGELESS é exatamente isso, estar FRESH, independente dos anos vividos.

Ficaria horas escrevendo sobre mulheres fantásticas que admiro, mas essa coluna está um pouco grandinha e eu já estou atrasado para uma consulta com a minha dermato maravilhosa.

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original! 

Créditos das imagens: Instagram @advancedstyle 

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SIMON PORTE JACQUEMUS, A MODA COMO UM FILME FRANCÊS

Simon Porte Jacquemus nasceu em Salon-de-Provence, a 50 km de Marselha, na Provence, sul da França. Aos 18 anos, se mudou para Paris com o objetivo de estudar moda e estagiar em uma grande Maison. Uma tragédia, contudo, mudou completamente os seus planos: após um mês na Cidade Luz, ele perdeu a mãe em um acidente de carro e decidiu largar tudo.


Para superar a dor, fez do seu desejo de se expressar por meio da moda um importante aliado. “Poucos dias depois do enterro, transformei minha dor em força, em vez de fraqueza, e comecei a criar. É por isso que consegui tocar as pessoas. Mesmo que as minhas primeiras coleções não tivessem uma linha precisa, havia a emoção”, explica em entrevista à revista Elle.

De volta à Paris, sem recursos ou contatos importantes, mas com uma vontade imensa de criar, fez a primeira coleção e aconteceu. Hoje, aos 27 anos, Jacquemus é um dos nomes mais importantes da moda na atualidade, a esperança da moda francesa, nas palavras de Adrian Jofe, diretor executivo da Comme des Garçons, elogiado por críticos e adorado pelas influencers do street style internacional e por personalidades como Rihanna, Solange, Beyoncé, Miley Cyrus, Selena Gomes, Kendall Jenner e Kim Kardashian.   

Cada uma de suas coleções conta a história de uma mulher francesa e começam com A ou O, numa alusão ao filme O Desprezo, do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard. “Sempre fui obcecado por essa história. É tão francesa. Les Santons de Provence (Os Bibelôs da Provence), L’Amour d’un Gitan (O Amor de um Cigano). Minhas coleções são sempre pensadas como um filme francês”, pontua, também em entrevista à revista Elle.  

Além do cinema, seu trabalho tem como inspiração a sua mãe. La Bomba, a coleção Primavera 2018 da sua marca, por exemplo, tem inspiração na cultura espanhola, mas bebe, e muito, do lifestyle sulista dela, região da França em que, nas palavras dele, as mulheres “são mais simples e sorridentes”. O vídeo de divulgação, filmado nas Ilhas Canárias, mostra modelos curtindo um dia ensolarado em uma paradisíaca vila espanhola, em um clima leve e sensual totalmente conectado com o mood da sua marca. “A Jacquemus é solar. Tem uma luz nela”, afirma.

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VOCÊ SABE O QUE É UM COOL HUNTER?

Antever um comportamento, uma tendência de moda ou uma preferência cultural. Esta é a principal função de um cool hunter, ou caçador de tendências. Considerado uma “antena sensível” do seu tempo, o profissional sai às ruas à “caça” dos sinais de tudo aquilo que, em um futuro não tão distante, fará parte do dia a dia das pessoas. Não à toa, tem sido um dos profissionais mais requisitados pelas empresas nos últimos anos.

Inicialmente associado apenas ao universo da moda, hoje o cool hunter atua em setores como gastronomia, arquitetura, design, publicidade, dentre outros. Além de apresentar quais serão os novos desejos, estilos de vida, anseios e valores do consumidor, o profissional também auxilia estes setores a utilizarem estas informações na direção da inovação e da criatividade. “Tem uma palavra que usamos muito em Cool Hunting que é “zeitgeist”. Em alemão, este termo significa o espírito do tempo. Então, é isso. É como se o cool hunter radiografasse a alma da cidade”, explica Sabina Deweik, especialista no assunto há mais de 17 anos, em entrevista à revista Exame.

O termo cool hunting começou a ser utilizado na década de 1990 (em 1997, Malcolm Gladwell, colunista da revista New Yorker, já falava sobre os jovens que estavam indo às ruas atrás de tendências, o chamado the “next big thing”, para ajudar empresas como Nike e Converse a desenvolverem novos produtos). No entanto, o profissional começou a ganhar espaço no mercado a partir dos anos 2000 (no Brasil, a demanda pelo cool hunter começou a crescer a partir de 2010). Por conta disso, é considerada uma profissão do novo milênio, associada às constantes (e rápidas) mudanças dos nossos tempos.

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OLIVIERO TOSCANI, O PROVOCADOR

Foi em uma época em que publicidade e política pouco se misturavam que ele inscreveu seu nome na história como um fotógrafo criativo, ousado e, acima de tudo, polêmico. Impossível pensar em fotografia entre os anos 80 e 90 sem se lembrar do nome de Oliviero Toscani. Diretor de arte da marca de roupas italiana Benetton por 18 anos, ele assinou campanhas controversas sobre temas delicados, como racismoreligião direitos humanos, que transformaram a publicidade no mundo. 

 
Em 1991, ele apostou na ideia da tolerância e da diversidade cultural e trabalhou com modelos negros, brancos e  asiáticos (uma das imagens mais marcantes é a de uma mulher negra amamentando um bebê branco). No ano seguinte, causou polêmica com a Igreja Católica ao trazer uma imagem de uma freira sendo beijada por um padre (até hoje uma de suas fotografias mais conhecidas).   


Em 1993, abordou a importância da conscientização para o HIV e a exclusão social sofrida por pessoas soropositivas. Uma das imagens da campanha, que trazia o ativista David Kirby, em seu leito de morte, cercado por sua família, causou uma comoção no mundo inteiro. “As pessoas gostam de uma realidade agradável, não querem ver a realidade tal como ela é. As pessoas dizem que as minhas fotos são ‘chocantes’, mas ‘chocante’ é a realidade que elas preferiam não ver”, afirmou ementrevista ao jornal O Observador.   

Toscani nasceu em Milão, no ano de 1942, e cresceu em uma Itália em reconstrução após a Segunda Guerra Mundial. Influenciado pelo pai, Fedele Toscani, que era fotógrafo do jornal Corriere della Sera, começou a fazer os seus primeiros registros na adolescência. Formou-se em fotografia na tradicional escola de artes visuais Kunstgewerbeschule, de Zurique, e iniciou a carreira fazendo editorais para as principais revistas de moda da Itália, como VogueElle e Harpers Bazaar. Na década de 1970, trabalhou com Andy Warhol

Com o tempo, o seu trabalho começou a chamar a atenção de marcas como Chanel, Valentino e ele logo migrou para o universo da publicidade no qual faria o seu nome. Após quase 20 anos, Toscani deixou a Benetton (após uma polêmica campanha envolvendo imagens de prisioneiros) e levou seu estilo de fotografar para outras marcas e realizou alguns projetos pessoais. “Eu conto uma história com imagens relacionadas ao momento da história em que estou inserido”, disse em entrevista ao The Guardian.

Em 2005, assinou a campanha da Ra Re, na qual dois homens apareciam se beijando e se tocando. O trabalho gerou polêmica com o Instituto italiano de Autodisciplina Publicitária (IAP), que tentou proibir a veiculação da propaganda. Dois anos depois, o fotógrafo realizou uma campanha contra a anorexia para a marca No-l-ita, que trouxe imagens da modelo e atriz francesa Isabelle Caro, que sofria da doença desde os 13 anos. Acusado de sensacionalista, Toscani se posicionou: “Há anos me ocupo do problema de anorexia. Quem são os responsáveis? No geral, os meios de comunicação, a televisão, a moda. Eu quis despertar as pessoas para as consequências desta doença que atinge cada vez mais manequins.”

Em 2017, o fotógrafo foi convidado a retomar o antigo posto na Benetton, após um hiato de 17 anos, como parte de uma estratégia de reposição da marca no mercado, que em 2017 perdeu 46 milhões de euros. Aos 75 anos, Toscani segue em atividade e com a consciência do impacto do seu trabalho. “Lembram-se de alguma campanha publicitária da Zara nos anos 90? Lembram-se de algum editorial de moda da Vogue dos anos 80? Vá lá, façam um esforço. Então não se lembram de nada? E da Benetton? De quantas imagens se lembram?”, provocou na coletiva de imprensa de anúncio do seu retorno.   

Fotos: Campanha “United Colors of Benetton”.

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RODRIGO POLACK: PODE MISTURAR ALFAIATARIA COM TÊNIS? MOLETON COM SALTO?

A solução foi… ser eu mesmo, ou seja, atualizar, levar aquela década do início do século passado praquele ano. Misturei às muitas pérolas, sem dó, correntes de metal, troquei os sapatinhos comportados por botas e pedi ao maquiador, olhos pretos. Pronto! Minha mulher tinha perfume vintage, que não cheirava a Chanel Nº 5 e muito menos à naftalina. Ela era chiquérrima, adorava o clássico, mas sabia ser forte. E essa é minha mulher… sempre FORTE!

Estou amando o momento atual das capas e campanhas, onde modelos se misturam às pessoas normais. Tipos variados, de cores e tamanhos diferentes, dividem a mesma página. Foi-se o tempo da hegemonia nas passarelas, em que todos pareciam suecos, escandinavos e com a mesma cara, cabelo e andar. Estamos evoluindo.

Quando me perguntam qual o segredo para manter uma imagem moderna e atual, costumo dizer que, mesmo quando as  tendências e inspirações são de outras épocas, penso sempre no momento atual. Como o antigo se encaixa com o novo. Afinal, tanto uma senhorinha de 90 anos, quanto uma gatinha de 20, estão vivendo no mesmo tempo. A época é agora e é uma só, as informações também.

Um exercício fácil para fazer já… pegue um vestido romântico no armário. Pode ser de tecido fluido e leve, plissado, em tons pastel e até rodado (não necessariamente com todas essas caraterísticas, pelo amor de Deus! rs). Agora, escolha um sapato e uma bolsa para comporem com seu look. Você optou por um scarpin, uma sapatilha, um tênis ou uma botinha? A bolsa é pequena, à tiracolo ou maxi? E o mais importante… as cores combinam entre si? Se você seguiu o caminho que o vestido pediu, ou seja, romantizando-o ainda mais, faça um drink agora pq água com açúcar vai te fazer dormir. Se foi corajosa e pegou uma peça que descombinou com toda essa fofura… PARABÉNS, minha cara, você acaba de passar no teste da contemporaneidade e vive em 2018!

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original!

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STYLIST RODRIGO POLACK EXPLICA POR QUE PRODUTOS FALSIFICADOS NÃO VALEM A PENA

Samantha Jones mostra à Carrie Bradshaw uma bolsa Birkin que acabou de comprar no mercado negro, e depois de rasgar elogios à cópia perfeita, ainda argumenta que ninguém saberia que o tao desejado item é falso. Carrie, gênia, diz: “As pessoas podem não saber, mas VOCÊ sabe.” 
That’s the point, baby!
 A cena do seriado Sex And The City, poderia se passar em qualquer lugar (rico ou pobre) do mundo. Dos “ching lings” da vida às barracas em ruas super charmosas em Roma, a indústria do fake se dissemina de um jeito vergonhoso. E lá você também encontra toda a linha da Supreme X Louis Vuitton, o cintão gigante amarelo da Off-White, as camisetas e tênis de tigrinho da Gucci, chinelos com a medusa da Versace, e até, pasmem, PEÇAS EXCLUSIVAS — sim, dessas que nem as marcas originais possuem. Ou seja, criações feitas pelos próprios falsificadores! Oh Lord!  

Adquirir uma peça fake, simplesmente para impressionar alguém, é de uma cafonice tremenda. Ou você tem dinheiro para comprar o original, ou vai atrás de algo único, mais barato, mas que respeite a criação, em todo o seu processo. E a falta de qualidade? Bom, lixo vai parar no lixo, em pouquíssimo tempo

Lembro na minha infância de vizinhas irem ao Paraguai comprar muambas mil. Montavam verdadeiros shopping centers em plena sala de tv. Tinham  desde bronzeador Rayto de Sol e perfume Azzaro, ao cachorrinho que dava cambalhota e o soldado idiota que rastejava no chão. Ah, não poderia jamais me esquecer de uma sombrinha branca bizarra, com a cara da Madonna estampada, e seu cabo plástico de cisne!    

Todo esse universo “importado do Paraguai”, foi precursor do que viria com tudo, nos 90’s, com as lojas de 1,99 e suas tranqueiras da China. As Barbies apareceram em versões assustadoras, com maquiagens de dar medo a qualquer criança de 2 anos. Isso sem falar nos CDs piratas que acabaram com o mercado fonográfico e por aí vai.   

Na adolescência, por volta dos 15 anos, teve o boom das camisetas, moletons e jaquetas do Hard Rock Café e Planet Hollywood. Coitado daquele que voltava das férias sem um deles. Os mais basiquinhos vinham de Orlando ou Miami. Mas de vez quando aparecia uma fofa desfilando sua jaqueta jeans, bordada em linhas metalizadas HARD ROCK CAFÉ TOKIO. Nem preciso dizer que essa era a garota mais respeitada (e invejada!) do colégio. Um belo dia, essas peças começaram a Raparecer num ou outro, com estampas tortas e bordados toscos. Foi o fim do desejo. Aquele símbolo de status e poder, se tornou desinteressante, sem graça e morreu.  

SENHOR, como pude sobreviver a tudo isso sem sequelas? Me diz? Bom, nada melhor que ver todas essas porcarias ao vivo no passado, e me tornar um adulto vacinado a tudo o que é pirata.  

O ser humano, em qualquer idade,  se alimenta de símbolos para compensar as inseguranças e frustações. Como se um relógio fosse dizer a todos… “Hey, olha como sou f*da!” Longe de mim ditar regras e ser contra consumismo, que fique bem claro. Pelo contrário, sou aficionado por algumas marcas e pelo design original, e NÃO abro mão de qualidade.  

Só digo uma coisa… se não pode ter o “real oficial”, não tenha. Em época de fake news, uma boa e original idéia é tão rara quanto uma Birkin Hermès azul de croco.

Rodrigo Polack é stylist há 15 anos, professor da Escola São Paulo no curso de Styling, apresentador do programa 5 Looks, no Discovery Home & Health, ao lado de Chris Flores e colunista semanal da Revista QUEM Inspira. Clique aqui para ler a matéria original!

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VISIONÁRIOS DA QUEBRADA

Documentário apresenta empreendedores da periferia de São Paulo que estão mudando a realidade de suas comunidade

Retratar como moradores da periferia estão transformando a realidade de suas comunidades com iniciativas inovadoras. Este é o principal objetivo do documentário Visionários da Quebrada. “A ação surgiu da pesquisa e do desejo de saber sobre as transformações sociais a partir do nosso protagonismo. A gente começou a questionar a história [da forma como ela é contada], que sempre nos colocou no lugar de receptores, e não de realizadores”, explica Ana Carolina, idealizadora e diretora do filme, em entrevista ao site Bol. 

Nascida e criada no Capão Redondo, bairro da zona sul de São Paulo, Ana Carolina desenvolveu a produção em conjunto com a amiga Maria Clara Magalhães e outros amigos – juntos eles integram o coletivo Visionários da Quebrada. Com o apoio da Fundação Arymax, uma entidade sem fins lucrativos, realizaram as filmagens (captaram cerca de 40 horas de material) e recorreram a um financiamento coletivo na internet para editar, finalizar e distribuir o filme. 

“O que vem me fazendo ser um visionário é acreditar que o futuro é aquilo que a gente projeta”
– Dimas Reis Gonçalves

 

Com duração de 90 minutos, o documentário apresenta a história de dez jovens de bairros como Capão Redondo, São Mateus, Jardim Nakamura, Brasilândia, entre outros, com iniciativas bastante plurais. Empreendedores como o jornalista e gastrônomo Guilherme Petro, um dos criadores do Prato Firmeza – Guia Gastronômico das Quebradas de São Paulo; a educadora Rose Modesto, que coordena o Centro de Profissionalização de Adolescentes em São Mateus, na zona leste da capital; e Dimas Reis Gonçalves, morador da Brasilândia e ativista com atuação nas áreas da cultura, saúde e meio ambiente. “O que vem me fazendo ser um visionário é acreditar que o futuro é aquilo que a gente projeta”, afirma Gonçalves, em entrevista ao site Brasil de Fato. 

Para Ana Carolina, o documentário retrata personagens que conseguiram romper a barreira da invisibilidade. “Acreditamos nas mudanças estruturais vindas das margens, nos saberes das periferias e na potência das pessoas engajadas na construção de suas comunidades. É um convite para atravessarmos as pontes que já estão construídas”, explica, em entrevista ao portal Almanaque de Cultura Popular. O documentário está disponível gratuitamente pela plataforma Taturana Mobilização Social e qualquer pessoa ou instituição pode organizar uma exibição coletiva em seu espaço e ser uma parceira do filme. Basta se cadastrar e agendar a sessão para ter acesso à produção. Confira abaixo o teaser do documentário: