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Como podemos começar a (re)desenhar nosso futuro

O que a pandemia do coronavírus pode nos dizer sobre a maneira como temos conduzido os negócios?

Por Eloisa Artuso*

*Designer, diretora educacional do Fashion Revolution Brasil e nossa professora de Design Sustentável. Com um trabalho fundamentado no espaço onde sustentabilidade, cultura e educação se fundem com o design, se dedica a projetos que incentivam profundas transformações na indústria da moda. Siga @eloartuso

Vivemos em uma emergência climática, enquanto a indústria da moda é considerada uma das maiores poluidoras do mundo, além de responsável por uma exploração crescente de trabalhadores em sua cadeia de fornecimento. No entanto, marcas e varejistas ainda não estão assumindo responsabilidade suficiente pelos salários e condições de trabalho em suas fábricas e fornecedores, pelos impactos ambientais dos materiais e processos que utilizam ou por como seus produtos afetam a saúde das pessoas, animais e planeta.

Junto a isso, em meio à crise trazida pela propagação global da covid-19, gostaria de trazer uma reflexão: o que a pandemia do coronavírus pode nos dizer sobre a maneira como temos conduzido os negócios?

Primeiro, precisamos reconhecer que a ideia de desenvolvimento e progresso que conhecemos está nos conduzindo para um fim cada vez mais crítico, insustentável e talvez irreversível. Continuar vivendo na crença de crescimento infinito em um planeta finito é uma ilusão trazida por um sistema econômico centrado no homem, que desconsidera completamente a natureza e nossa intrínseca relação de vida com ela. A natureza não é nossa, não podemos fazer com ela o que quisermos, ela é a nossa casa e nós somos ela.

Recentemente, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente declarou que a humanidade estava pressionando demais o mundo natural, com consequências nocivas, e alertou que não cuidar do planeta significa não cuidar de nós mesmos e que o coronavírus é um “claro tiro de advertência”. A destruição dos sistemas naturais tem que acabar agora.

Empowerment to help others. Making masks for those in need. Image created by Guilherme Santiago. Submitted for United Nations Global Call Out To Creatives – help stop the spread of COVID-19

Está na hora de ser melhor do que o de costume, nossos modelos de produção e consumo, assim com as diretrizes políticas e econômicas imperantes, não são nem de perto o suficiente para lidar com uma pandemia ou com a crise climática que bate a nossa porta. Definitivamente, precisamos mudar.

Neste momento, estou em quarentena, recebendo uma enxurrada de informações e atualizações constantes, 24 horas por dia, assim como você, sobre a pandemia global, suas vítimas e suas desastrosas consequências. As notícias giram em torno, basicamente, de duas grandes esferas, a ciência da saúde e a ciência econômica, que por sua vez, parecem ter se tornado dois polos em combate.

Em meio a contradições, guiadas por líderes governamentais claramente perdidos mediante à crise e muitas vezes completamente irresponsáveis em suas tomadas de decisões como, por exemplo, as ações negligentes do nosso governo federal, que colocam toda a população brasileira em alto risco ao tratar com descaso as orientações impostas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo próprio Ministério da Saúde.

No entanto, o sistema econômico que se defende aqui, ainda se baseia em um modelo de produção e consumo que surgiu das condições e da mentalidade do século XIX, portanto, completamente incapaz de resolver os desafios que enfrentamos hoje. Schumacher, um influente economista do Reino Unido defendia, já no início da década de 70, uma “economia como se as pessoas importassem”, ou seja, uma economia que coloca as pessoas e a natureza acima do lucro. Esse é o pensamento econômico que o mundo (ainda que tardiamente) precisa agora.

Todos os sinais já foram dados, não nos cabe mais adiar essa mudança de paradigma, precisamos de novas e mais avançadas economias, que façam jus à realidade em que vivemos, que sejam adequadas a 2020 e sustentáveis. Economias aptas a dar suporte e respeitar a capacidade regenerativa do sistema natural e garantir uma vida digna e o bem-estar das pessoas. Precisamos de um sistema resiliente, inclusivo, igualitário, equitativo e sustentável, baseado na abundância – e não na escassez dos recursos naturais – que gere valor para as pessoas e para o planeta.

Ao mesmo tempo, sabemos que crises como a causada pelo coronavírus e a climática afetam muito mais profundamente as populações vulneráveis. A prevenção do coronavírus, assim como a proteção contra catástrofes do clima, é um luxo para grande parte das pessoas no Brasil e no mundo, muitas das quais não têm sequer acesso à água limpa, a um sistema de saúde eficaz ou a condições dignas de trabalho, estudo e moradia. Assim como a maioria das pessoas na cadeia de fornecimento global da moda é vulnerável e carece, por exemplo, de licença saúde, assistência médica adequada ou qualquer tipo de estrutura que as permite enfrentar situações drásticas como essas.


Mas a natureza tem seu tempo e está no mostrando que ele é agora. Ao final da crise do coronavírus, os governos certamente tentarão reaquecer suas economias fomentando a volta das produções em grande escala e incentivando as pessoas a consumirem em maiores proporções, o que aumentará muito (entre outros problemas) as emissões de carbono, a exploração do trabalho e dos recursos naturais ao redor do mundo. Tudo isso implicará ainda no retrocesso de acordos tramitando entre os países e da luta contra a catástrofe climática iminente, se não agirmos antes. Nesse sentido, o coronavírus também poderá piorar uma situação que já está bastante complicada.

O que o mundo, e a indústria da moda, precisam hoje é de uma mudança real e sistêmica. Uma mudança capaz de acabar com a exploração das pessoas e do planeta. Este ano, uma das mensagens-chave do Fashion Revolution é a promoção das ações coletivas e está claro que, mais do que nunca, devemos unir forças, porque juntos somos mais barulhentos, mais poderosos e temos muito mais chances de provocar transformações quando trabalhamos em colaboração.

Share kindness. Image created by João Pedro Costa. Submitted for United Nations Global Call Out To Creatives – help stop the spread of COVID-19.

Qual futuro você quer alcançar?

Desde que o movimento começou, em 2013, usamos nossa voz coletiva para reunir comunidades, oferecer apoio, compartilhar conhecimento e pensar criativamente sobre soluções para situações desafiadoras, pois nossa missão é mudar radicalmente a maneira como a moda é pensada, produzida e consumida. Lutamos por uma indústria da moda que conserva e restaura o meio ambiente e valoriza as pessoas acima do crescimento e do lucro. Então, agora queremos pedir para que você traga seu ativismo para casa e transforme suas ações diárias: conserte, doe, revenda, aprenda um trabalho manual, visite seu guarda-roupa: observe as etiquetas, analise os detalhes das peças, pesquise as marcas.

Ajude a proteger sua economia local: compre de empresas próximas, especialmente as pequenas; compre cartões-presente e pague antecipadamente por serviços futuros; apoie pessoas cujas atividades e eventos tenham sido cancelados por meio de compras e assinaturas online; doe dinheiro a uma causa ou organização que assista grupos vulneráveis, essas são as dicas de Donnie Maclurcan, diretor executivo do Post Growth Institute.

Ele ainda recomenda, caso você tenha um negócio: implemente o trabalho remoto (quando possível); garanta licença saúde paga, horários flexíveis, bônus antecipados e os empregos pelos próximos meses e, se preciso, reduza a proporção salarial de cima para baixo; rejeite o racismo e tenha paciência extra com ineficiências. Isso dará às pessoas segurança e uma melhor capacidade de lidar com as demandas do trabalho e da família.

Podemos usar esse momento para fazer um balanço e permitir que o presente nos torne mais bem preparados e comprometidos com um futuro sustentável. Vamos criar juntos o mundo que queremos após a crise. Acompanhe nossas redes @fash_rev_brasil e faça parte da revolução!

*Texto originalmente publicado no Blog do Fashion Revolution

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DESIGNERS PODEM MUDAR O MUNDO

Como o design de produtos e serviços pode nos ajudar a transformar a forma como vivemos e consumimos.

Por Carolina Bastos, colaboradora da Escola São Paulo  

Para onde estamos indo como sociedade? Estamos tomando decisões conscientes, ou estamos apenas seguindo o fluxo de um comportamento irresponsável, nos eximindo de nossas responsabilidades e nos autodestruindo?  

Essas perguntas já faziam sentido em 2019, quando nem eu e nem você que lê esse texto agora poderíamos imaginar que 2020 seria um ano de acontecimentos tão avassaladores. Além das questões humanitárias e de saúde, em algumas semanas, milhões de pessoas ao redor do mundo tiveram que mudar a maneira como trabalham, estudam, se alimentam, se divertem, convivem, consomem… enfim… vivem. E o que os designers podem, devem e estão fazendo com isso?  

Conhecer e entender o Design Sustentável, nos dá a certeza de que é possível transformar todo um sistema por meio de ações concretas, utilizando ferramentas e processos de desenvolvimento de produtos e serviços que nos respeitem como espécie, e que também respeitem nossa casa, nosso planeta. Durante essa pandemia, ficou mais evidente que nossas escolhas diárias tem um impacto coletivo muito grande. O que e como vamos lidar com o que descobrimos é o que pode (e provavelmente vai) moldar o nosso futuro e das próximas gerações.

O lixo é um erro de design

Nessa fase de isolamento social, muito tem se falado sobre nossa alimentação, como muitas pessoas estão re-descobrindo a cozinha e como podemos usar essa oportunidade para fazer escolhas mais saudáveis e conscientes. Além disso, fica mais claro que consumimos embalagens demais, plástico demais e que isso não faz nenhum sentido.  

No livro “Daily Bread: What Kids Eat Around the World, usando como exemplo nossas ações mais cotidianas, o fotógrafo americano Gregg Segal fotografou crianças ao redor do mundo, com diferentes perfis, ao lado de todo o lixo que produziram em uma semana. Apesar da beleza das imagens, é chocante ver mais uma vez como, infelizmente, estamos destruindo nosso planeta. Segal mostra que, ao contrário dos alimentos embalados e processados ​​consumidos principalmente nos países desenvolvidos, ainda existem diversas bolhas de culturas tradicionais em cada continente, que comem, em grande parte, da mesma maneira como tem feito há centenas de anos. No Mediterrâneo, por exemplo, as pessoas gastam uma parcela maior de sua renda em produtos frescos, em vez de encher seus congeladores com alimentos cheios de conservantes e embalagens plásticas. Comparando as imagens, é possível ver claramente questões sobre saúde e sustentabilidade e o livro serve como catalisador para questionarmos cada vez mais nossas escolhas.

Há alguns dias, outro projeto de Segal, o 7 Days of Garbage”, foi selecionado para a 7ª edição do Tokyo International Photography Competition, e estará na exposição “Turbulence”, que trata das causas e efeitos das mudanças climáticas e segundo ele: “será realizada em Tóquio, Taipei, Dublin e Brooklyn assim que retornarmos à (relativa) normalidade.”.

Segundo relatório da Ellen MacArthur Foundation, “The New Plastics Economy: catalysing action“: Quarenta anos após o lançamento do primeiro símbolo universal de reciclagem, apenas 14% das embalagens de plástico são recolhidas para reciclagem a nível global […] Dado o crescimento projetado na produção, em um cenário de negócios, em 2050, os oceanos poderiam conter mais plásticos do que peixes (em peso)”

No Brasil, apesar do aumento da demanda nos últimos anos, apenas 13% de todos os resíduos sólidos urbanos produzidos são destinados para a reciclagem, de acordo com levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Segundo estudo do Ibope Inteligência, 66% dos brasileiros sabem pouco ou nada sobre coleta seletiva, 75% não separam os materiais recicláveis, 39% não separam o lixo orgânico do inorgânico e 56% não utilizam serviço de coleta seletiva.  

Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) a quantidade de resíduos domiciliares ao longo deste período de pandemia será de 15 a 25% maior, e na área de resíduos hospitalares o crescimento será de 10 a 20 vezes.  

Qual futuro você quer alcançar?

É urgente adotarmos uma postura mais consciente em relação à maneira como consumimos e desenvolvemos nossos produtos e serviços. Se antes falhamos como sociedade, especialmente nesse sentido, agora temos a oportunidade de fazer diferente e garantir um futuro melhor para nós e para as futuras gerações.  

A inovação e a colaboração podem ajudar a desenvolver ainda mais nossa aprendizagem coletiva e se tornar um chamado à ação para a criação de novos elos e valores dentro das esferas de produção e consumo. Mas, para tornar essa transição bem sucedida, é crucial saber onde queremos chegar e o que queremos alcançar. Qual futuro você quer alcançar? (Eloisa Artuso)

Segundo Eloisa Artuso, designer e nossa professora de Design Sustentável, “a responsabilidade social e ambiental do designer claramente não se limita apenas aos produtos, as embalagens também representam uma enorme parcela dos impactos causados pelo modelo de desenvolvimento econômico e produção industrial global, e devem ser repensadas urgentemente. Está na hora de uma reformulação radical na maneira como as embalagens são pensadas, produzidas e utilizadas. Mas para isso, é imprescindível um esforço concertado envolvendo a indústria, o governo, o terceiro setor e a sociedade civil, para promover ações coletivas e setoriais para reduzir as pegadas de carbono, água e resíduos dos produtos e suas embalagens, e impulsionar a criação de um valor compartilhado. Apoiar a utilização inteligente de recursos, produções eficientes e processos de reutilização e reciclagem, proporcionará crescimento econômico, benefícios sociais e criará novas oportunidades de negócios.”

Aqui na escola, nós acreditamos que a economia criativa é um agente de transformação e que, por meio dela, podemos, juntos, repensar futuros possíveis. Estamos todos conectados, e todas as nossas ações profissionais e pessoais afetam não só nossa carreira, mas o mundo como um todo. Sabemos que a decisão particular transforma o coletivo, e que nesse momento, podemos juntos ressignificar nosso modo de estar no mundo.  

Termino citando o designer dinamarquês Nille Juul-Sørensen:
“Não é sobre como será o futuro. Mas como será o futuro que nós estamos desenhando.”.

#FiqueEmCasa. Fique bem.  


#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva  #FiqueEmCasa com a Escola São Paulo! #ContinueEmCasa#VaiDarTudoCerto

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VEM CONHECER UM DOS MELHORES PRÉDIOS DO MUNDO

Sim, temos aqui no Brasil um dos prédios que está na lista das melhores construções do planeta. E é com mais orgulho ainda que falamos sobre isso, afinal, é uma escola brasileira feita de madeira e localizada numa área remota, projeto do nosso professor Marcelo Rosenbaum.

Canuanã é uma escola rural em regime de internato mantida pela Fundação Bradesco. Um espaço que acolhe crianças e jovens entre 7 e 18 anos e que, durante todo esse tempo, cumpre vários papéis: é casa, família, abrigo, laboratório e sala de aula. Uma escola rural mantida há quase 40 anos, onde 540 crianças e adolescentes, filhos de caboclos e indígenas que moram na zona rural do centro oeste brasileiro, cujo deslocamento impossibilita a rotina escolar, sendo necessário o regime de internato. A instituição é um internato por necessidade: atende a região agrícola remota em torno do município de Formoso do Araguaia, onde os alunos fazem longas viagens a cavalo por estradas não pavimentadas para chegar lá. O isolamento também fez da construção um desafio.

A Vila das Crianças, como ficou conhecida, é feita de madeira e tijolos de barro, não precisa de ar-condicionado, mesmo com o calor de 45 graus, e ganhou, entre outros, o prêmio do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos de 2018.

Foi eleita também vencedora do  RIBA International Prize 2018 (como melhor edifício do mundo), do American Architecture Prize 2017 – categoria Habitação Social, Arch Daily – Building of The Year 2018,  4º Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel 2017, 5º Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável – categoria Edificação Institucional e Melhor Projeto da Edição,  APCA 2017 – categoria Obra de arquitetura no Brasil,  Prêmio IBRAMEM A MATA 2018 – categoria Profissional.

Sim! Uma longa lista de prêmios e uma demonstração de que, quando queremos, é possível transformar, utilizando técnicas locais e sem agredir o meio ambiente.

Legenda foto: O complexo é um modelo de design ambiental leve, proporcionando uma enorme extensão de sombra . Foto: Leonardo Finotti/Rosenbaum Arquitetura 2017.

A impressão é de que a floresta próxima tomou conta do prédio. São colunas de eucaliptos que se estendem dentro do amplo complexo de dormitórios da escola de Canuanã. Entre os troncos altos, há grupos de pequenas salas de tijolos de barro dispostas em torno de pátios abertos. Paredes perfuradas e respiráveis ​​permitem ventilação cruzada natural.

No site do Projeto, o grupo de trabalho conta que “Fomos convidados pela Fundação Bradesco para repensar e qualificar as moradias dos estudantes na Fazenda Canuanã, em Formoso do Araguaia, Tocantins. O ponto de partida deste projeto foi a mudança do conceito de alojamento para o conceito de morada, através do uso da tecnologia social desenvolvida pelo Instituto A Gente Transforma, o Design Essencial, que entende a arquitetura como uma ferramenta de transformação social, capaz de conectar as crianças e jovens com os saberes dos seus antepassados.”

Segundo a diretora Fundação Bradesco, Denise Aguiar: “Escolhemos os arquitetos justamente porque eles não são do tipo que pensam que sabem tudo”

“Não sabíamos o que precisávamos, mas os designers pareciam realmente ouvir o que os alunos queriam, em vez de impor suas próprias ideias”. (Denise Aguiar)

O projeto começou com uma residência intensiva de 10 dias no local, quando os arquitetos se reuniram com alguns dos adolescentes para os quais estariam projetando, desenvolvendo jogos e oficinas para entender como os estudantes queriam viver juntos.

Só podíamos transportar materiais leves para o local, por isso pré-fabricamos os elementos da estrutura de madeira, mas decidimos que os materiais pesados ​​deveriam vir do próprio local”, diz Gustavo Utrabo, que fundou a Aleph Zero com seu ex-colega de classe Pedro Duschenes em 2012. Em entrevista ao The Guardian, ele conta: “O desafio era convencer os alunos e professores de que os materiais locais de terra, tijolos e madeira poderiam representar progresso – que ser moderno não significava vidro, aço e ar condicionado.

Felizmente, Aleph Zero conseguiu. O complexo resultante é um modelo de design ambiental leve, proporcionando uma enorme extensão de sombra, sob a qual são organizados grupos de pequenos edifícios, com paredes perfuradas e respiráveis, permitindo ventilação cruzada natural. A única reclamação que os alunos fizeram é realmente sentir frio à noite, um problema facilmente resolvido com mais cobertores.

Os dormitórios estão agrupados em estruturas de tijolos de barro sem cozimento que foram fabricados na obra utilizando a terra da própria fazenda, assentados como muxarabi nas áreas de serviço, exatamente como nas casas da região, criando conforto térmico eficiente. A estrutura de Madeira Laminada Colada (MLC) foram produzidas com madeira 100% de florestas de reflorestamento, tecnologia com baixo impacto ambiental.

O paisagismo cria nos pátios o microclima resultante do encontro de 3 biomas – Cerrado, Amazônia e Pantanal e reconecta as crianças com a biodiversidade do local.

O espaço organiza as relações entre o publico e o privado, criando espaços de convívio entre o coletivo, a natureza e o indivíduo, reconecta as crianças e os jovens às suas origens como humanidade, com ligação viva em seu ecossistema de entorno.

“O principal objetivo do design era criar um lugar que pareça um lar longe de casa para as crianças”, diz Utrabo ao The Guardian. As instalações anteriores consistiam em dormitórios superlotados, às vezes dormindo 40 pessoas no mesmo ambiente. A nova casa oferece quartos para seis em beliches de madeira, dispostos em torno de pátios arborizados, conectados por um nível superior de passarelas de madeira e áreas de lazer, criando uma varanda arejada. Existem dois edifícios idênticos, um para meninos e outro para meninas, cada um com 165 metros x 65 metros de cada lado da escola, agora sendo usados ​​de maneiras muito diferentes.

Destaque: “O melhor prédio novo do mundo. Precisa nos acordar do nosso estupor cotidiano para algo desafiador que nos ensina por que a arquitetura ainda é relevante.” (Elizabeth Diller – presidente do júri do Prêmio Internacional RIBA 2018)

Os edifícios ganharam vida própria. Foto: Leonardo Finotti / Rosenbaum Arquitetura | 2017

Utrabo e o grupo de trabalho da Rosembaum revisitou o projeto algumas vezes depois para acompanhar o uso do espaço e descobriu que os edifícios ganharam vida própria. As meninas começaram a organizar aulas de pilates e quem precisa estudar para os exames agora pode ter aulas extras nos arredores menos formais da vila, em vez de precisar voltar para a escola depois do horário.

O projeto foi o segundo vencedor do prêmio internacional bienal da RIBAO. Children Village venceu a concorrência do edifício O’Donnell & Tuomey da Universidade da Europa Central em Budapeste, da Escola de Música Toho Gakuen em Tóquio por Nikken Sekkei e das torres de apartamentos arborizados de o Bosco Verticale em Milão, de Stefano Boeri.

FICHA TÉCNICA

Tecnologia Social – Design Essencial
 A Gente Transforma

Arquitetura
 Rosenbaum + Aleph Zero

Projeto, fabricação e construção da estrutura de madeira 
Ita Construtora

Projeto de paisagismo
 Raul Pereira Arquitetos Associados

Projeto de luminotécnica
 Lux Projetos Luminotécnicos

Projeto de fundações
 Meirelles Carvalho

Consultoria em conforto térmico 
Ambiental Consultoria

Instalações 
Lutie

Lajes em concreto
 Trima

Construtora 
Inova TS

Gerenciadora
 Metroll

Design mobiliário
 Rosenbaum e o Fetiche

Material de registro e comunicação do projeto 
Fabiana Zanin

Fotos e filmes 
Leonardo FInotti
 Diego Cagnato
 Galeria Experiência

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CULTURA E CIDADANIA À MESA

Cada um tem uma receita para se sentir bem à mesa: a presença de amigos e familiares, a experiência de comer algo novo, a certeza de ingerir um alimento saudável e natural. Há quem queira alimentar corpo e alma. Ou apenas manter o bom funcionamento da máquina humana.

COMER O QUÊ?

O filme apresenta o cotidiano de uma série de personagens ligados ao mundo da alimentação, de chefs consagrados a produtores rurais, passando por especialistas em nutrição, economia e gastronomia, que apresentam à atriz e nutricionista Graziela Mantoanelli as diversas dimensões e possibilidades da boa alimentação.

Com direção de Leonardo Brant, COMER O QUÊ? serve ao público um banquete de sabores, imagens, reflexões e emoções, de maneira leve e despretensiosa. Afeto, saúde, cultura, indústria e educação formam equações possíveis entre desfrute e cuidado, consciência e espontaneidade, equilíbrio e bem estar.

“Eu não entendo a cozinha como arte, mas como expressão artística. A cozinha confere ao autor a possibilidade de se expressar através da arte. Essa expressão artística é incontestável”, diz o chef Alex Atala no filme, que também traz depoimentos da chef Helena Rizzo, da nutricionista e apresentadora de TV Bela Gil, do professor de Educação Física e consultor Marcio Atalla, do ator e produtor de alimentos orgânicos Marcos Palmeira, do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, do jornalista especializado em gastronomia Josimar Melo e da ativista chef e nutricionista Neka Menna Barreto, entre outros.

O DIRETOR

“Nos últimos 20 anos eu estive envolvido com pesquisa cultural. De uns tempos para cá, me dei conta de que aquilo que eu estava pesquisando, sobretudo política e mercado cultural, tinha muito pouco efeito na vida das pessoas. Então passei a me envolver com questões culturais mais cotidianas, que têm a ver com todos nós. E comida é um desses temas”, conta Brant.

Para ele, as nossas escolhas em relação à alimentação dizem muito sobre quem somos, as relações que desejamos manter com as pessoas ao nosso redor e com o planeta. O diretor acredita que os hábitos alimentares de uma sociedade são determinantes em seu modelo político e econômico. “Revelam também como é a nossa relação interior, com o corpo, saúde, cultura e espiritualidade”.

A COLABORAÇÃO

O filme foi produzido pela Deusdará Filmes, empresa de Brant, e pela Gaia Oficina de Cultura. Contou com a realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Federal de Incentivo e patrocínio da Alelo.

Com a colaboração de Caio Amon e Graziela Mantoanelli, Brant buscou personagens que misturassem diferentes realidades, visões e percepções a respeito da alimentação. “A ideia por trás dessa curadoria é tirar a alimentação do campo do certo e do errado, nos libertar um pouco dos dogmas e dos regimes fechados. A ideia é pensar na autonomia que cada um tem de escolher o seu próprio jeito de alimentar, e fazer relações mais amplas, com o modelo econômico e social”, explica o diretor.

A MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Alimentação também é política, e a partir dela é possível dialogar sobre temas como agronegócio, formas de sociabilidade a partir da comida, a incorporação de paisagens brasileiras à mesa, alimentos orgânicos, diversidade, saúde e muitos outros.

COMER O QUÊ? aborda essas questões de forma descontraída, pela própria fala dos entrevistados, e estimula o debate.

Como parte de uma iniciativa de mobilização realizada pela Taturana Mobilização Social, o filme já circulou por cidades como Belém, Brasília, Fortaleza, Niterói e São Paulo em sessões especiais de pré-lançamento, e foi exibido gratuitamente em universidades, equipamentos públicos e cineclubes.

Depois do lançamento oficial, o filme voltou para esse circuito, e está disponível para exibição em centros culturais, escolas, coletivos, cineclubes, universidades e qualquer outro equipamento de interesse público.

Para fazer parte da rede de exibidores, basta acessar a página do filme e se cadastrar.

#escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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O FUTURO É FEMININO

Por Sabina Deweik

O nome deste post faz referência a uma campanha de conscientização a respeito dos direitos das mulheres que vem tomando força no mundo todo. Elas reivindicam a correção de atrasos sociais, institucionais e constitucionais, a fim de finalmente alcançar uma sociedade equitária em oportunidades para homens e mulheres. Mas a campanha também nos leva a refletir a respeito de quais valores queremos imprimir no mundo, afinal o ser feminino está vinculado à diversas questões cotidianas que, se valorizadas, caminharemos para uma nova sociedade com novas perspectivas.

O PASSADO É MASCULINO

Há muitos anos a humanidade está vivendo uma era de valores masculinos. Em todas as esferas de nossa vida aprendemos a competitividade, o individualismo, a ação, o foco em resultados, os resultados a qualquer custo, a racionalidade. Esta forma de viver e enxergar o mundo e as coisas está dando espaço à emocionalidade, à colaboração, à intuição, ao cuidado, à empatia — valores esses ligados ao feminino. E aqui não entra em questão o gênero masculino ou feminino, mas de uma forma de ser, viver, trabalhar e perceber o nosso entorno de maneira distinta.

Se pensarmos no mundo do trabalho, fica fácil entender o quanto nos movemos até agora segundo padrões do masculino. No mundo organizacional, por exemplo, as habilidades até então requisitadas em um colaborador eram sua capacidade analítica e seu poder de gerar números e resultados. Até mesmo a competição foi super- valorizada. A mentalidade era: tenho que ser melhor que meu colega porque posso não receber a tão desejada promoção. Ou ainda: Se ele/ela se der bem eu não vou me dar bem.

FALHAMOS. E AGORA?

Aprendemos inúmeros valores herdados da Revolução Industrial. Adam Smith, em 1776, escreveu em A Riqueza das Nações: “Individualismo é Bom para toda a sociedade” ou “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”. Esse modelo foi incorporado por nós como a única lógica vigente. Um modelo social e econômico impondo sucesso como uma forma para atingir a felicidade ou ainda a ideia de que mais é melhor. Um modelo no qual o fazer sozinho, o não compartilhar fazem parte da lógica. Um modelo que nos distanciou das emoções, da consciência, do sentido maior. O resultado: uma população com altos índices de depressão, suicídio, burn out, estresse, ansiedade.

De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será até 2020, o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo. No Brasil, cerca de 5,8% da população tem a doença, o que faz do país o campeão de casos na América Latina. Os índices demonstram que algo neste sistema está falhando. O aumento de bens de consumo e produtividade não é proporcional ao aumento de felicidade e bem-estar.

NOVOS VALORES EMERGENTES

Mas a boa notícia é que a antiga lógica está começando a ser revisitada, dando lugar a uma série de valores emergentes que apontam a bússola para outra direção. Se pensarmos nos modelos de negócios mais inovadores de hoje, desde Spotify, Netflix, Waze, Google, Airbnb, Uber e outros, há sempre a lógica do compartilhar, de gerar experiência para o usuário, de democratizar o uso e levar a um número cada vez maior de pessoas a se beneficiar do serviço/produto. Sem falar que nenhum deles trabalha com um bem físico, nem possui nada. Essa é uma mudança de mentalidade importante. Passar da posse ao acesso. Vamos desfazendo a necessidade de pagar pela propriedade de algo para ter a experiência com algo.

Segundo Jeremy Rifkin em seu livro A Era do Acesso, “A transformação do capitalismo industrial para cultural está desafiando muitas de nossas suposições básicas sobre o que constitui a sociedade humana. As antigas instituições fundadas nas relações com propriedade, nas trocas de mercado e no acúmulo de bens materiais estão sendo arrancadas lentamente para dar lugar a uma era em que a cultura se torna o recurso comercial mais importante, o tempo e a atenção se tornam a posse mais valiosa e a própria vida de cada indivíduo se torna o melhor mercado”.

UM NOVO SER HUMANO

Esse tipo de relação está dando lugar a um ser humano diferente, com um novo significado do ser, em detrimento do ter. Essa prerrogativa está sendo impulsionada pelas novas gerações, principalmente a geração Y, nascida entre fins dos anos 70 e início dos anos 90, e a geração Z, nascidos entre o fim de 1992 a 2010. Esses jovens começaram a trazer à tona o conceito de propósito no trabalho. Para eles, assim como para a geração Z, o “fazer” precisa fazer sentido.

Quando nos perguntamos pelo sentido das coisas, estamos acessando uma maior consciência. Depois de muito tempo de resultados, de racionalidade, de ação, passamos a dar espaço para nossas emoções, dentro e fora do mundo corporativo. Nos permitimos, por exemplo, falar de empatia no mundo do trabalho.

O MASCULINO RESSIGNIFICADO

O masculino também está sendo ressignificado e hoje sua única função não é prover, mas cuidar, exercer outros papéis. Esses papéis ainda não estão consolidados, mas aos poucos sendo discutidos em inúmeras instâncias. No universo do consumo, as marcas já estão incorporando esses novos conceitos. A Axe por exemplo, por mais de uma década, realizava campanhas nas quais as mulheres perdiam a cabeça e controlavam seus impulsos sexuais quando confrontadas com as fragrâncias da marca. Mas há dois anos, a estratégia é outra. Desmascarando estereótipos e com mais inclusão, a marca retratou homens usando sua confiança e sabedoria, não necessariamente as fragrâncias, para conquistar mulheres.

UMA ERA MAIS FEMININA

A busca pelo conhecimento, a valorização do silêncio, da natureza, a valorização de técnicas de colaboração, de autoconhecimento como CNV (Comunicação Não Violenta), Mindfulness, Yoga ou o crescimento do coaching como ferramenta de desenvolvimento humano apontam para o mesmo lugar: a emergência de uma era mais feminina. O livro Liderança Shakti dos indianos Nilima Bhat, criadora dessa filosofia, e Raj Sisodia, líder do movimento “Capitalismo Consciente”, fala desta transição de paradigma:

“Tanto os homens quanto as mulheres foram condicionados a valorizar características de liderança que tradicionalmente são consideradas masculinas: hierárquica, individualista e militar”, dizem eles. “Nós reanimamos um arquétipo feminino de liderança: regenerador, cooperativo, criativo e empático”, acrescentam os autores.

No curso Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes da Escola São Paulo, exponho detalhes desta e de muitas outras novas formas de se comportar e de ser em sociedade. Nesse conteúdo, explico e faço análises de cases e movimentos de transformação, mostrando os prováveis próximos passos das pessoas, do mercado e das relações estabelecidas por eles.

POR QUE O FEMININO?

O feminino é circular, emocional, intuitivo, colaborativo, empático, compassivo, flexível, adaptável, acolhedor, solidário, multidisciplinar. O feminino permite um encontro genuíno com o eu, com a consciência de si, do outro, do mundo. Independente de gênero, o que o mundo precisa é trazer esses valores do feminino para todas as esferas e domínios da vida. Reconhecer o feminino em si, é reconhecer nossos valores mais humanos. É um antídoto para muitos anos de desconexão e não consciência.

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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A NOVA MODA É SUSTENTÁVEL

A seguir, a atualização sobre a semana do Fashion Revolution em abril de 2020, publicada no Instagram:

Marcas, indústrias e varejistas: participem da Semana Fashion Revolution Digital!

O Fashion Revolution não irá realizar nenhuma atividade presencial em abril, mas enquanto marca ou indústria você pode seguir engajado nas nossas campanhas, principalmente revelando como os trabalhadores da sua rede estão amparados neste momento de crise e quais têm sido suas políticas perante isso. ??Por ser um momento complexo para todos, vamos fortalecer a coletividade, atentar para os mais vulneráveis e garantir o bem-estar de nossas comunidades. Suas principais ativações durante a Semana Fashion Revolution podem ser algumas das sugestões na sequência de imagens do post!

Para ler mais e descobrir outras formas de se envolver – durante a Semana e além – veja a publicação completa no site!

#fashionrevolution #quemfezminhasroupas #doquesãofeitasminhasroupas

A MODA

Ao longo de muitos anos a indústria da moda se manteve isolada da sociedade em geral como parte de sua própria proposta de se colocar enquanto algo para poucos. Por muito tempo, se criticou esse isolamento a partir de diversos ângulos, desde elitismo até questões trabalhistas. Felizmente, os novos ventos do comportamento social nos trouxeram uma era de valorização da transparência enquanto paradigma e hoje a situação é diferente.

Mais do que nunca, hoje temos muitos agentes e órgãos interessados em fazer dessa indústria (de extrema importância para a economia mundial) um bom setor para se trabalhar, independentemente da posição na cadeia de produção, e fazer da moda um dos pivôs da mudança de valores do sistema capitalista, reconhecendo na sustentabilidade o único caminho para uma sociedade mais justa.

A MODA E O FASHION REVOLUTION

A moda é uma força a ser considerada. Ela inspira, provoca, conduz e cativa. O Fashion Revolution acredita no poder de transformação positiva da moda, e tem como principais objetivos  conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade.

O movimento foi criado após um conselho global de profissionais da moda se sensibilizar com o desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh, que causou a morte de 1.134 trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. A tragédia aconteceu no dia 24 de abril de 2013, e as vítimas  trabalhavam para marcas globais, em condições análogas à escravidão.

#QUEMFEZMINHASROUPAS

A campanha #QuemFezMinhasRoupas surgiu para aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto no mundo, em todas as fases do processo de produção e consumo. Realizado inicialmente no dia 24 de abril, o Fashion Revolution Day ganhou força e hoje tornou-se a Fashion Revolution Week, que conta com atividades promovidas por núcleos voluntários, em mais de 100 países.

Queremos tornar a moda uma força para o bem!

SEMANA FASHION REVOLUTION BRASIL

No Brasil, o movimento atua há 5 anos. Durante a Semana Fashion Revolution, e ao longo do ano em eventos pontuais, realizamos ações, rodas de conversa, exibições de filmes e workshops, que promovem mudanças de mentalidade e comportamento em consumidores, empresas e profissionais da moda.

Ficamos muito felizes com o crescimento do movimento, que hoje está estabelecido como Instituto Fashion Revolution Brasil e trabalha em parceria com diversos atores.

A Semana Fashion Revolution 2019 envolveu aproximadamente 25 mil pessoas em 50 cidades do Brasil e contou com mais de 230 voluntários, 48 representantes locais, 55 embaixadores em 114 escolas e universidades, comprometidos com a organização de 815 eventos. Para se ter uma ideia, em 2018 foram realizados 733 eventos, e em 2017, 225. Além disso, aproximadamente 500 marcas de vestuário se engajaram na campanha.

Queremos mostrar ao mundo que a mudança é possível, através do engajamento de todos! A conscientização é o primeiro passo para que poderosas transformações sejam concretizadas. Vamos criar conexões e exigir práticas mais sustentáveis e transparentes na indústria da moda?

No curso Design Sustentável da Escola São Paulo, Eloisa Artuso mostra as suas conexões estabelecidas com marcas e iniciativas para tornar seus processos produtivos mais sustentáveis. Ela ensina como podemos atuar para projetarmos uma sociedade econômica, social e ambientalmente viável. Com uma visão de mundo integrada e uma riqueza de cases de redução de impactos sobre o planeta como um todo, o conteúdo do curso se alinha aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Participe de nossa campanha nas redes sociais, em qualquer momento do ano:

1 – Faça uma selfie com a etiqueta da marca que está vestindo

2 – Pergunte na legenda: @nomedamarca  #QuemfezMinhasRoupas? #FashionRevolution

3 – Poste e faça parte dessa revolução!

“O Fashion Revolution promete ser uma das poucas campanhas verdadeiramente globais a surgir neste século”, diz Lola Young, criadora do Grupo Parlamentar de Todos os Partidos sobre Ética e Sustentabilidade na Moda no Reino Unido.

A co-fundadora do movimento, Orsola de Castro, completa: “Nós queremos que você pergunte: ‘Quem fez minhas roupas?’. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos. Esperamos iniciar um processo de descoberta, aumentando a conscientização de que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve centenas de pessoas, e realçando a força de trabalho invisível por trás das roupas que vestimos”.

CONTATOS

  • Para dúvidas, saber como participar e ver o que esta acontecendo em sua cidade, escreva para a Dandara Valadares no email:

fashionrevolution.br@gmail.com

  • Para apresentar projetos, propostas ou convites, escreva para a nossa diretora executiva Fernanda Simon no email:

brasil@fashionrevolution.org 

  • Marcas, industrias e empresas podem escrever para a Bárbara Poerner, nossa articuladora no email:

frd.comunicacao@gmail.com

  • Faculdades e projetos educacionais podem escrever para a nossa diretora educacional,  Eloisa Artuso:

frd.educacional@gmail.com

  • Mídia e veículos de divulgação, escreva para a nossa assessora de comunicação, Giovanna Campos:

frd.assessoria2@gmail.com

CRÉDITOS TEXTO:
https://www.fashionrevolution.org/south-america/brazil/

#escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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VIRADA SUSTENTÁVEL – DIA 2

Temos que ser resilientes, para poder nos transformar e pensar de forma mais holística e sistêmica. As cidades precisam estar preparadas, os seres humanos precisam se preparar para o que estamos causando ou para o que pode vir como consequência do que estamos causando.

Clique aqui para para ler sobre o que vimos e sobre nossas impressões do dia 22, o dia anterior!

Mobilidade mais Humana

O objetivo do painel “Mobilidade mais Humana” foi despertar mais humanidade na mobilidade em nossas cidades, especificamente em São Paulo. Ouvimos muito sobre os problemas da mobilidade urbana relacionados aos modais de transporte, estruturas viárias e fluxo de veículos, tempo de locomoção, mas pouco discutimos sobre um elemento que está no centro dessa questão: o ser humano, com suas necessidades de deslocamento com mais qualidade de vida. Neste painel, Carolina Padilha, sócia do Carona a Pé, Cid Torquato, Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo e Mauro Calliari, da ONG Cidadeapé discutiram o conceito humano da mobilidade.

A apresentação começou com um vídeo, onde Diogo Faro foi à procura dos bons exemplos de mobilidade em Lisboa – e não encontrou!! Mas foi um excelente exemplo do que enfrentamos também por aqui.

Carolina, ao apresentar o projeto “Carona a Pé”, um projeto que vem sendo implantado em escolas, conta que o projeto começou de uma inquietação ao perceber como cada aluno ia para sua escola, para cumprir a mesma carga horária, cada um dentro de sua própria bolha, seus carros. Como professora, sabe a importância de se andar a pé, e o quanto podemos aprender durante deslocamentos a pé e observar a cidade sob um outro ângulo. Quando temos uma cidade com crianças circulando, temos uma cidade em equilíbrio. Uma cidade pronta para abraçar crianças é uma cidade pronta para abraçar qualquer um, atende todos os outros setores. Além de resolver outros problemas como evasão escolar, obesidade, sedentarismo, isolamento social e o congestionamento nas entradas das escolas. Poupar a criança da cidade não é protegê-la, como muitos pensam. O projeto propõe sensibilizar e capacitar a comunidade escolar que mora próxima para percorrerem juntos o trajeto de ida e/ou de volta da escola em pequenos grupos, em um horário pré-estabelecido, seguindo uma rota determinada, construindo uma nova relação com a cidade onde vivem.

 “Calçada, calçada, calçada!”

Cid Torquato, cadeirante, inicia sua fala nos inquietando: “Não tenho deficiência, a cidade que me faz pensar assim”. Relaciona diversidade e sustentabilidade como conceitos interligados e fundamentais para os desafios humanos e ambientais. Contou como tem trabalhado junto à Prefeitura de São Paulo nesse olhar cuidadoso às calçadas, pois, além de uma questão estrutural, a situação em que elas se encontram hoje representa um problema de saúde pública, já que 100 mil acidentes são reportados anualmente, e custam por volta de 600 milhões de reais aos hospitais públicos.

Pensando nisso, a gestão Bruno Covas concebeu o Programa Municipal de Calçadas, que pretende investir R$ 400 milhões até o final de 2020, requalificando 1,5 milhão de metros quadrados de calçadas públicas e privadas prioritárias em todas as regiões da cidade. Cid, em sua fala, pede que os cidadãos usem o número 156 para relatar problemas, elogios e novas ideias, pois o trabalho deles se baseia muito no resultado dessas ligações. Ele conta parecer uma briga sem fim, mas garante que vive pelos corredores da prefeitura com um mantra, inspirado na pamonha: “Calçada, calçada, calçada!”.

Mauro Calliari aponta todos os lugares onde encontramos humanos nas cidades se locomovendo – nas ruas, nas calçadas, nos carros, nos ônibus, nos metrôs, nos helicópteros… mas “humano” é a maneira em que essas pessoas conseguem se locomover, o quanto elas conseguem se locomover e, principalmente, o que sobra para a cidade quando elas se locomovem, ou seja, nas escolhas do transporte, o que a cidade resulta disso. Nos entrega algumas sugestões e tentativas de traduzir o “humano”, como aproveitar que existe um novo paradigma no mundo, o da apropriação, onde as pessoas mudaram a maneira de ver as cidades, onde a cidade modernista, construída para o deslocamento de carros não é mais aquilo que nos satisfaz e passamos a nos apropriar de espaços públicos, criando novos espaços que eram mal aproveitados. Dentre outras, chamou a atenção para a tecnologia, e como ela deve ser acolhida – não podemos mais ir contra aplicativos de compartilhamento, bicicletas e patinetes, ônibus elétricos, temos que aprender rapidamente e montar políticas públicas em cima disso. Cidade não deveria ser um lugar de passagem, mas de permanência.

Cidades Resilientes

Espaços como o Mirante Nove de Julho, que foi recuperado e hoje tem um papel importante na região da Avenida Paulista, são a prova de que a arquitetura e o urbanismo são fundamentais para tornar as cidades mais seguras e ainda geram novos significados para espaços esquecidos. Para os arquitetos Mila Strauss e Marcos Paulo Caldeira, professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola São Paulo, é preciso otimizar os espaços urbanos através de uma arquitetura mais holística.

No painel “Soluções Sistêmicas para Cidades Resilientes, a jornalista Monica Picavea nos apresentou o movimento das Cidades em Transição, que foi criado pelo inglês Rob Hopkins com o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integradas à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas. Percebeu que com o fim do petróleo barato, as pessoas não conseguiriam mais morar longe dos grandes centros urbanos, dificultaria o deslocamento dos alimentos, e que temos de pensar em uma vida que gaste menos energia. E só quem pode resolver esse problema é quem nos colocou nesse problema – a nossa sociedade! Segundo ela, precisamos parar de pensar em nosso CNPJ e passar a pensar em nosso CPF, pois é um movimento que deve ser feito por todos, unidos, em um momento de descoberta sobre o que viemos fazer no mundo afinal.

Eu reciclo, tu reciclas, ele…

Nós reciclamos, vós…

Eles não reciclam!

Gabriela Reis, gerente de marketing na eureciclo, empresa líder em logística reversa de embalagens pós consumo na América Latina, acredita que consumidor, empresas e governos precisam começar a atuar em conjunto para resolver a questão dos lixos espalhados em lixões, aterros sanitários e mares, problemas que estamos criando juntos há muito tempo. No Brasil, 90% do lixo é coletado, uma taxa que se equipara à países mais desenvolvidos, porém, apenas 3% dos resíduos recicláveis coletados são realmente destinados à reciclagem. Todos o restante é desperdiçado enquanto potencial de retorno ao ciclo produtivo. Diante desse cenário, o selo eureciclo surge para solucionar dois problemas: a destinação final das embalagens pós-consumo e a marginalização dos agentes da cadeia.

Aline Cavalcante, que trabalha em São Paulo com mobilidade urbana e o uso da bicicleta, buscou tratar a palavra resiliência, que acreditamos ser o ponto chave de todo o movimento sustentável que estamos passando. Cidades resilientes são cidades resistentes, capazes de suportar crises, colapsos, problemas naturais ou provocados pelo homem. Como construir cidades resistentes aos problemas que surgirão, já que vivemos em um país 85% urbano? Problemas que nós mesmos provocamos, como poluição das águas, do ar, resíduos, etc, frutos da nossa experiência como seres humanos na cidade. Sofremos efeitos na cidade que não estavam previstos e precisamos estar preparados para que não se tornem transtornos. Um desafio que só depende da gente. Criamos esse problema, temos que resolver. E podemos. Juntos.

#VireSuaCidade #escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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VIRADA SUSTENTÁVEL – DIA 1

A Virada Sustentável é um movimento de mobilização para a sustentabilidade que organiza o maior festival sobre o tema no Brasil. Começou em 2011, em São Paulo, e já realizou edições nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Manaus, entre outras.
A concepção temática da Virada Sustentável é, atualmente, baseada e totalmente concebida a partir nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, que são também os princípios que orientam a programação do festival em todas as cidades.
Participamos de parte da programação que aconteceu na Unibes, em São Paulo, nos dias 22 e 23 de agosto.

4ª Revolução Industrial e Gestão de Resíduos

Antonis Mavropoulos, em sua palestra “4ª Revolução Industrial e Gestão de Resíduos”, problematizou a relação que existe entre reciclagem e economia circular. Acredita que não devemos considerar a reciclagem como o caminho para a economia circular, pois perdemos tempo e dinheiro com ela, quando teríamos de avançar nas outras partes da cadeia (utilizar matérias-primas renováveis ​​ou biodegradáveis, projetar com responsabilidade para estender o ciclo de vida atual de um produto – reparando, atualizando e revendendo -, produzir com consciência, criar mais plataformas de compartilhamento e pensar em novos modelos de negócios como um todo).

Ele propõe novos modelos de negócios em que a mentalidade dos governos e marcas precisa ser diferente, uma vez que estes entendem tudo sobre o mercado financeiro, mas não sobre seus impactos sociais e ambientais. Ainda medimos progresso de forma errada, pelo PIB, o que, de novo, deixa como foco a questão financeira, e não a ambiental e a social. O reuso, por exemplo, não é medido no PIB, bem como o prolongamento da vida útil de um produto.

Segundo o fundador e CEO da D-Waste e Presidente da ISWA, o futuro do nosso planeta está na conexão entre Economia Circular e Indústria 4.0. Isso determinará se estamos indo em direção a um planeta com ou sem desperdício. A Economia Circular ou será digitalizada ou não prevalecerá.

A 4ª revolução industrial apenas acelerará o esgotamento de recursos e criará problemas mais complexos e danos mais irreversíveis se não caminhar de mãos dadas com a economia circular. Porém, tanto a indústria 4.0, como a economia circular, demandam mudanças radicais nos modelos, culturas e políticas de negócios a fim de entregar todos os resultados prometidos. Sem essas mudanças, tanto a indústria 4.0, como a economia circular, acelerarão o esgotamento de recursos e aprofundarão a desigualdade.Vivemos em uma nova sociedade, que leva ao surgimento de uma nova economia.

Economia circular do plástico

O jornalista e editor Caco De Paula, moderador do painel “Economia Circular do Plástico”, inicia sua fala comentando como o plástico, que mudou completamente a vida das pessoas em vários aspectos por muitos anos, passa hoje pelo problema no fechamento do ciclo, pois temos que pensar em uma nova forma de lidar com essa matéria-prima. E, ao se tornar um bem de consumo, temos uma série de “contratos sociais” que ainda não estão bem estabelecidos, envolvendo fabricantes, consumidores e governos. Algo que está em construção no mundo inteiro, não só no Brasil. Estamos praticando um exercício de virada, em que personagens da cadeia estão vivendo experiências, criando soluções e financiando pesquisas em busca de alternativas mais sustentáveis.

Nesse painel, presenciamos uma discussão aberta e informativa sobre os desafios e tendências da economia circular do plástico, com participação de representantes de grandes empresas da cadeia produtiva em nível global: Fabiana Quiroga, diretora de reciclagem da Braskem, Mariana Bazzoni de Werna Mendes, gerente de sustentabilidade da AMBEV, e César Sanches, diretor de sustentabilidade do Valgroup. Os representantes das três empresas têm como desafio suas áreas sustentáveis, investindo sempre em inovação como forma de garantir maiores facilidades para a reciclagem desse material. Consideram ser necessário criar um outro modelo de negócio, pois, no caso de outras matérias-primas, como o alumínio, o próprio produto reciclado financia o processo, o que está longe de acontecer com o plástico.

Fabiana Quiroga acredita que a questão do plástico deva passar por uma mudança comportamental de todos os setores da cadeia, desde a fabricação da matéria-prima, a transformação, a empresa de produção de bens de consumo e, no final, o consumidor em si. Todos os setores devem oferecer soluções sustentáveis para a sociedade e pensarem juntos em uma mudança comportamental.

Fabiana contou também como a Braskem se empenha todos os dias para melhorar a vida das pessoas por meio de soluções sustentáveis da química e do plástico, engajados na cadeia de valor para o fortalecimento da economia circular. Entre algumas ações, entregam conhecimento aos clientes no melhor aproveitamento da matéria-prima e em uma produção que facilite a reciclagem (quanto mais tipos de plásticos colocarem em uma embalagem, por exemplo, mais complexa sua reciclagem). Quando fala de mudança, chamou a atenção para a importância do design, em como pensar a melhor forma do design desse produto para que possa ser usado o máximo possível e, ao final, não tornar-se um resíduo, mas uma nova matéria-prima.

A designer, pesquisadora e doutora em Comunicação e Semiótica, Mônica Moura, autora do livro Faces do Design, define design como “ter e desenvolver um plano, um projeto, significa designar. É trabalhar com a intenção, com o cenário futuro, executando a concepção e o planejamento daquilo que virá a existir”.

Em nosso curso Design Sustentável, com Eloisa Artuso, além de trazer ferramentas sustentáveis aos designers, trazemos conhecimento e responsabilidade à todos os profissionais que estão pensando em suas marcas e negócios, sendo eles designers de produtos ou não.

Mariana Bazzoni de Werna Mendes conta como a AMBEV se posiciona frente às demandas da sociedade em prol da sustentabilidade, caminhando além das expectativas do consumidor sobre a reciclagem em si, repensando seu posicionamento acima das provocações que vem recebendo do consumidor. A AMBEV tem uma missão de conseguir transportar as expectativas do consumidor para o restante da cadeia, sendo inventiva, criativa e com muito diálogo entre todos os setores. Para ela, a visão de circularidade é ter diversos atores trabalhando em outros aspectos além do uso e descarte, como gerar valor em cima daquilo que normalmente não parece ter mais. Lixo é dinheiro, e temos que gerar valor e oportunidades para ele com inovação e novas ações.

César Sanches percebe que a economia circular gerará uma série de oportunidades para empreendedores, professores, pesquisadores. Novas tecnologias, automação, robótica, inteligência artificial, tudo isso vai se desenvolver, e cabe a nós usar os materiais e essas tecnologias de forma a criar uma sociedade melhor. Numa visão otimista, acredita que o ser humano, se observarmos ao longo de toda a sua história, já entendeu que a economia linear chegou ao seu limite e que podemos aproveitar todo esse conhecimento acumulado por séculos e transformá-lo em economia circular, sustentável. Não é uma obra concluída, mas está sendo feita.

Economia circular do alumínio

No painel “Reciclagem | Os desafios da profissionalização, geração de renda e consumo consciente”, Eunice Lima, diretora de comunicação e relações governamentais da Novelis, Estevão Braga, gerente de sustentabilidade da Ball, Cristiano Cardoso, da Cooperativa Recifavela, e Nina Marcucci, coordenadora de conteúdo do Menos 1 Lixo, discutiram como as empresas e as cooperativas têm buscado soluções  para aumentar a rentabilidade, melhorar a gestão e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas envolvidas no ciclo produtivo do alumínio.
Eunice Lima contou que o Brasil é o maior reciclador de alumínio do mundo, por ser um negócio altamente rentável. Temos um índice de 97,3% de reciclagem de latas de alumínio com 600 mil pessoas envolvidas no processo. A Sua reciclagem consome 95% menos energia elétrica, quando comparado à produção do alumínio a partir do minério, reduz em 95% a emissão de gazes de efeito estufa, além de ser um material infinitamente reciclável. Seu sucesso se dá pela estruturação da reciclagem do alumínio como negócio; investimento industrial em capacidade de reciclagem; as indústrias absorvem todo o material coletado (existe comprador garantido); valor agregado da sucata, que remunera atividades de coleta e transporte; logística reversa organizada; e valor compartilhado em todos os elos da cadeia. Não enfrenta os desafios de outros materiais como vidro, plástico etc.
Um processo que hoje é uma oportunidade de renda e já se tornou um novo modelo de negócio. Ponto para o alumínio.

Jogando luz no lixo invisível

Em uma cidade como São Paulo, o sistema de recolhimento, tratamento e destinação dos resíduos custa bilhões de reais todos os anos e envolve milhares de pessoas, incluindo toda a economia informal gerada pelos catadores e suas famílias, peças fundamentais no processo da reciclagem. Mas tudo isso não é suficiente se cada um de nós, cidadãos, não tomarmos consciência sobre nossas opções de consumo de produtos e a destinação dos resíduos que inevitavelmente são gerados. Para refletir sobre como essas questões estão todas interligadas, o painel “Jogando Luz no Lixo Invisível” reuniu uma roda de conversa com diferentes olhares sobre experiências de manejo sustentável de resíduos com Patrícia Lorena, CEI e Founder da Inurbe, Larissa Kroeff, cofundadora da Meu Copo Eco, e João Bourroul, do Pimp My Carroça. 
Patrícia Lorena nos apresentou dados como o de São Paulo ser responsável por 12% do PIB brasileiro e produzir, aproximadamente, 8% dos resíduos do país – 19 mil toneladas por dia, quantidade que encheria 140 aviões cargueiros 747-8F, os quais, se enfileirados, ligariam a Avenida Paulista ao aeroporto de Congonhas! Acumulando essa quantidade por três dias, encheríamos o Estádio do Pacaembu.

Lamenta a relação que os paulistanos têm com os resíduos – tratam de manter suas casas limpas, mas entendem a rua como responsabilidade alheia, sem perceber suas responsabilidades individuais em manter a cidade limpa e conservada.
Larissa Kroeff trouxe uma reflexão sobre o lixo produzido nos eventos, e percebeu uma oportunidade de negócio criando o projeto “Meu Copo Eco”. No Brasil, o custo do lixo se divide com o de saúde e o de educação nas gestões municipais – 97% do lixo geram custo por meio da coleta e manutenção dos aterros sanitários, enquanto que apenas 3% geram receita às cooperativas de reciclagem. “E se fosse o contrário?”, questiona ela.
João Bourroul, além de nos contar do trabalho dele com os catadores nos projetos Pimp My Carroça e Cataki, empoderando e trazendo autoestima a esses atores praticamente invisíveis da cadeia, nos presenteou com o testemunho de um catador, que veio para relatar os problemas que enfrentam no dia a dia, como a logística e a falta de respeito.

Clique aqui para para ler sobre o que vimos e sobre nossas impressões do dia 22, o dia seguinte!

#VireSuaCidade #escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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SOBRE O QUE AS PESSOAS ESTÃO FALANDO?

Por Carolina Bastos, curadora de conteúdo da Escola São Paulo

Sobre o que as pessoas estão falando? Pensando? Se questionando?

Nosso mindset está realmente mudando?

BlastU

Estivemos essa semana dentro da segunda edição do BlastU, acompanhando painéis, workshops e debates sobre empreendedorismo, inovação e tecnologia.

Quando ouvimos pessoas como Sérgio Leitão, do Instituto Escolhas, conversando com Oskar Metsalvat, da Osklen, sobre as mudanças e as quebras de paradigmas que estamos vivendo e outras que ainda precisamos viver, sinto uma verdadeira euforia. Porque não estamos sozinhos!

Quando cheguei na Escola São Paulo, há dois anos, esses mesmos assuntos e pensamentos já estavam no nosso radar. Mas eu realmente não via tantos eventos desse porte e com tanta gente interessante falando sobre possibilidades e ações que já estão acontecendo e que precisam urgentemente acontecer.

Quando marcas começam a se posicionar, como o caso da Osklen, que tem isso em seu DNA desde o começo, vejo uma força enorme de transformação se movimentando, engolindo antigos preconceitos e desbravando espaços fundamentais.

Educação

Aqui no Brasil, a educação tem um lugar vergonhoso na nossa vida. Apenas 10% da população tem acesso a um ensino digno, e, mesmo assim, ainda aquém do que vemos ao redor do mundo.

Quando Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, nos conta dados concretos, como por exemplo, o impacto econômico que uma transformação na educação poderia causar, impulsionando em 2 pontos percentuais o crescimento de nosso PIB caso as metas que tanto discutimos fossem atingidas, fica na minha cabeça uma pergunta recorrente: como não estamos investindo melhor nisso? Sem contar as transformações que reverberariam dessa ação, como inclusão, diminuição da violência, entre tantos outros benefícios. E digo mais, porque quando falamos de investimento em educação de base, até o ensino médio, nossos valores, como país, são altos, mas pelos resultados, nossa administração dessas verbas anda bem equivocada. Claro que existem exceções, mas elas deveriam ser a regra. E, infelizmente, não estou aqui comentando nenhuma grande novidade.

Claudio Sassaki, o cofundador e presidente da plataforma de educação online Geekie, participou com Ricardo A. Madeira (Tuneduc), André Barrence (Google for Startups) e Paulo Batista (Alicerce Educação) de uma conversa inspiradora sobre “Educação Transformacional”, onde ele deixou claro que, em sua opinião, o caminho para melhorar a aprendizagem passa necessariamente pelo professor, e que “o uso de inteligência artificial para os alunos aprenderem sem os professores tem um impacto limitado”.

Segundo ele, sua empresa está trabalhando, por exemplo, em tecnologias que ajudem esses profissionais a economizarem tempo e a organizar tarefas em pequenos grupos de estudantes dentro da sala de aula.

Transformação digital

Com a transformação digital, como vamos lidar com tanto déficit? Com tanto desemprego?
Enquanto grande parte dos setores desaparecerão, em alguns setores estratégicos e que irão crescer nos próximos anos, sobram vagas, já que não existem profissionais qualificados para as mesmas.

E então, claro, me vem a pergunta, aquela que não quer calar, e que sei que está também na cabeça de muitas outras pessoas: como me preparar? O que preciso aprender, desenvolver? O que eu quero realmente transformar para termos um mundo possível para nós e para as próximas gerações?

Eventos como a BlastU, onde discute-se inovação e novas formas de fazer as coisas, fica claro que existem soluções, tanto tecnológicas quanto humanas, muito melhores do que as que usualmente são aplicadas a produtos e serviços que consumimos.

Economia criativa

A economia criativa, nossa área de atuação e pesquisa, tem se desenvolvido de maneira exponencial, e mesmo que essa palavra já esteja parecendo um pouco gasta, ela vai seguir aparecendo para nós, porque a velocidade das transformações nunca mais será a mesma. Se isso será bom ou ruim? Me parece que cabe a cada um de nós, nesse caso, fazer do seu limão uma limonada.

A palavra mais ouvida em todos os espaços era propósito. Por que fazemos o que fazemos? De médicos, cientistas, economistas, ativistas, educadores à publicitários e empreendedores… todos ali estavam falando sobre significado e direcionamento de energia para algo em que possamos realmente acreditar. Para mim, o sentimento comum era: “precisamos nos conectar e encontrar novos caminhos”.

Ficou muito claro que os que estavam ali compartilhando suas experiências, incluindo erros e acertos, estavam de peito aberto mostrando: “vejam o que eu sonhei, desenvolvi, participei, etc… e como foi possível chegar até aqui, olha tudo que deu errado, ou que ainda está dando, mas não quero desistir”.

Diversidade

Falou-se também de diversidade e inclusão, em conversas como a de Patrícia Villela, do Humanitas360 e Carolina Mellone Etlin, advogada, em um painel sobre “Empreendedorismo atrás e além das grades”, um tema pouco visto em eventos como esse. Ponto para a organização do evento.

Tracy Francis (a sócia da consultoria McKinsey) conversou com Carolina Videira (Turma do Jiló, associação que promove a educação inclusiva), e lembrou que ainda há desigualdade salarial, que a parcela de mulheres em cargos de liderança nas empresas ainda é muito menor que a dos homens e que é preciso que os homens se conscientizem e ajudem a mudar esse cenário.

Foi também lindo de ver a conversa entre nosso professor Marcelo Rosenbaum e Biraci Brasil, líder Yawanawa, falando com sinceridade e muita propriedade sobre oportunidades de novos negócios na floresta Amazônica, baseadas em saberes ancestrais, juntando inovação ao respeito pela tradição e a cultura de nossos índios.

Enfim, nesses dois dias de evento, não conseguimos ver tudo, claro, mas a amostragem foi positiva. Segundo os organizadores, o objetivo era disponibilizar ferramentas para os empreendedores e conectá-los a empresas e mentores. Conseguiram? Acho que em alguns dos painéis que acompanhei a empatia e a vontade de fazer parte de uma transformação na nossa sociedade era mais profunda do que o conteúdo, mas, mesmo assim, o evento me deixou com a sensação de que as pessoas e empresas estão cada vez mais entendendo o que e para onde precisamos ir. Juntos.

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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COMO A TECNOLOGIA PODE TORNAR AS CIDADES MAIS EFICIENTES?

A relação da humanidade com a tecnologia sempre foi conflituosa. Ao mesmo tempo em que a encarávamos como uma aliada para tornar o nosso dia a dia mais ágil e prático, também a enxergávamos como uma potencial ameaça (seremos substituídos por robôs?). Nos últimos anos, contudo, ela tem sido encarada como uma maneira de tornar as cidades cada vez mais eficientes. Um relatório recente elaborado pelo McKinsey Global Institute (MGI) concluiu que as tecnologias inteligentes podem ajudar as cidades a melhorar entre 10% e 30% alguns índices importantes de qualidade de vida, como redução de emissões de carbono, agilidade no deslocamento e redução de incidentes criminais.

Vidas podem ser salvas

Otimizando as centrais de atendimento e auxiliando no deslocamento no trânsito, por exemplo, a tecnologia pode reduzir entre 20 e 35% o tempo de resposta das chamadas emergenciais em casos de acidentes de carro ou incêndios, o que significa mais chances de salvar vidas. Um exemplo prático: graças a 8.200 megafones instalados na Cidade do México, seus 20 milhões de habitantes conseguiram ser alertados a tempo sobre o terremoto que atingiu o município em setembro de 2017, o maior registrado em um século. Instalado na costa do Pacífico há 20 anos, o sistema lança uma onda que aciona alarmes em escolas, escritórios e outros prédios da capital mexicana, dando aos habitantes o tempo de um minuto para saírem dos prédios antes do início dos tremores. O aplicativo SkyAlert também foi lançado com este objetivo, mas não funcionou durante o abalo sísmico – ainda que seja uma importante aliada, a tecnologia também falha.

Mapeamento para aumentar a segurança

Embora não possa, isoladamente, solucionar a criminalidade de uma cidade, a tecnologia pode ajudar a reduzir entre 30% e 40% os incidentes de assalto, roubo de carros e furtos, segundo o levantamento do MGI. Tudo graças ao mapeamento em tempo real das situações e, claro, ao policiamento preventivo. Contudo, este monitoramento deve ser feito com bastante cautela de modo a não interferir no direito de ir e vir dos cidadãos e a não contribuir na criminalização e no isolamento de alguns bairros e comunidades – muito antes de ser uma questão tecnológica, a criminalidade, de uma maneira geral, é fruto de desigualdades sociais.

Ainda segundo o estudo, até o ano de 2025, as cidades que fizerem o uso de aplicativos de mobilidade inteligente têm o potencial de reduzir os tempos de deslocamento entre 15 e 20% em média. Isso significa uma economia de 15 minutos por dia em uma cidade de trânsito intenso, por exemplo. Além disso, a tecnologia pode ajudar as equipes técnicas responsáveis a resolverem problemas de atraso e falhas com mais agilidade e orientar os motoristas a optarem por rotas mais rápidas.

No âmbito da saúde, a tecnologia pode reduzir em mais de 5% o índice de doenças em crianças, levando em consideração uma cidade em desenvolvimento, por exemplo, baixando as taxas de mortalidade infantil. Em cidades mais desenvolvidas, já existem sistemas que, por meio de dispositivos digitais, realizam exames que são posteriormente encaminhados para avaliação médica – tudo à distância. As avaliações ajudam o paciente e o médico a saberem quando uma intervenção é necessária, evitando complicações e internações.

Um exemplo prático de como a tecnologia pode contribuir com a saúde das populações é o data_labe. Criada no Rio de Janeiro, a iniciativa ajuda moradores da periferia da cidade a sugerirem políticas públicas que melhorem a realidade de suas comunidades. As propostas são feitas a partir da análise e do cruzamento de dados públicos. Por meio da iniciativa, por exemplo, a doula Vitória Lourenço identificou que as grávidas que mais morriam na cidade eram moradoras da periferia, jovens, negras e com baixo nível de escolaridade. Sua pesquisa serviu de base para o projeto de ampliação das Casas de Parto, lei apresentada pela vereadora Marielle Franco – assassinada em março de 2018.

Internet das coisas

Integrante da incubadora da Coppe, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a startup criada pelo engenheiro Sergio Rodrigues combina tecnologias como internet das coisas e inteligência artificial para ajudar a solucionar problemas das cidades. Em parceria com o Ministério do Planejamento, a empresa desenvolveu o projeto Sigelu Aedes com o objetivo de contribuir nas ações de enfrentamento do mosquito Aedes aegypti. “No primeiro ano do projeto, aumentamos de duas mil para 200 mil vistorias. Deste total, seis mil tiveram focos comprovados”, afirma Rodrigues em entrevista à revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios.

A tecnologia também tem sido utilizada para combater o déficit habitacional das grandes cidades no mundo. Atualmente, os edifícios são pensados e construídos como no século passado, mas iniciativas como construções modulares e bairros integrados tecnologicamente estão se tornando cada vez mais comuns, conforme aponta artigo da consultoria CB Insights. Neste novo cenário em desenvolvimento, até empresas de tecnologia como Google e Facebook têm se mostrado presentes, conforme reportagem da revista Época Negócios. A primeira investiu entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões em 300 unidades habitacionais modulares no bairro de Moffett Field, na Califórnia, e iniciou em 2017 a construção de um empreendimento com cerca de 10 mil unidades. Já a segunda vai construir em seu campus 1.500 apartamentos planejados (além de estabelecimentos e parques) voltados para seus funcionários e também para o público.

Para além da dualidade vilã x heroína, devemos encarar a tecnologia como nossa aliada na construção de cidades mais eficientes para todos os seus moradores, facilitando o seu dia a dia e, principalmente, fortalecendo os laços em comunidade. Afinal, não podemos esquecer que não é a inteligência artificial que faz uma cidade, mas sim os seus habitantes.

Arquitetura como agente de transformação

O Projeto de revitalização do Mirante Nove de Julho é um ótimo exemplo de como a tecnologia pode tornar a cidade mais inteligente, com soluções simples e relativamente baratas. Após a reforma, o espaço é ocupado por um café, feiras e eventos, e como nos conta Mila Strauss, arquiteta e nossa professora do curso online de Arquitetura e Urbanismo, responsável junto com Marcos Paulo Caldeira, pela reforma e recuperação da primeira fase do Mirante:

“O Mirante Nove de Julho é um exemplo onde a internet funciona como um ator muito importante. No pavilhão que foi reformado, encontra-se internet disponível. Tem muita gente que passa o dia trabalhando lá, ou desce para consultar alguma coisa. E é assim que as empresas que estão lá conseguiram engajar muitas atividades: através da internet. Esses usos novos, que são as bases das cidades inteligentes (tecnologia e a sustentabilidade), vão ativar muito espaços que estavam ociosos, de uma forma democrática e dinâmica. E ficamos muito felizes (e animados!) em poder fazer parte disso”.

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