Publicado em

QUAL O IMPACTO AMBIENTAL DAS NOSSAS ESCOLHAS ALIMENTARES?

Já são muitas as discussões sobre tendências, movimentos de mercado e comportamento de consumo que propõem a ressignificação na maneira como lidamos com alimentação e que fortalecem o elo entre comida, saúde e sustentabilidade. Reflexo do interesse do consumidor por alimentos mais saudáveis, os produtos “clean label, ou de rótulos limpos, por exemplo, são formulados priorizando poucos ingredientes simples, naturais, frescos, sem corantes ou conservantes artificiais – tudo isso apresentado de um jeito fácil de entender. Um exemplo: iogurte. Para a sua produção são essencialmente necessários leite fresco e fermento lácteo. Infelizmente, a maioria dos produtos ainda tem um rótulo com mais de dez ingredientes listados no rótulo, alguns deles impronunciáveis. 

Para a nossa escolha alimentar, os impactos ambientais são tão importantes quanto o valor nutricional dos alimentos. De onde vem a minha comida? Qual o impacto ambiental das minhas escolhas à mesa? Não existem pessoas saudáveis em um planeta doente. Você já parou para pensar no desgaste da biosfera para você comer uma romã americana? A ideia é priorizar produtos da estação e que são produzidos próximo de onde vivemos. Parece óbvio, mas não é como acontece no dia a dia. Consumir alimentos integrais na sua forma mais natural, não refinada, com o mínimo de processamento possível, é mais saudável e mais sustentável. Com isso você também vai estar optando por alimentos mais baratos e mais saudáveis, e pode priorizar os produtos da estação e que são plantados na região em que você mora. Ou seja, frequentar a feira do seu bairro é mais barato, mais saudável e mais sustentável.
A ‘pegada ambiental’, ou seja, os recursos que as atividades humanas consomem, em termos de água, terra e ar, para produzir nossos bens de consumo deve ser repensado, ressignificado. Afinal, somos responsáveis pelas marcas que deixamos no planeta para atender ao nosso estilo de vida. A indústria da carne, por exemplo, é responsável pela emissão de cerca de 18% de todos os gases de efeito estufa, enquanto os meios de transporte são responsáveis por 13%. Além disso, necessita de terra tanto para a pastagem dos animais quanto para o plantio de matéria prima necessária para produzir a ração que os alimenta. 

Isso não significa que você tenha que mudar toda sua dieta. Adotar um estilo de vida que prioriza o consumo de legumes, verduras, leguminosas, grãos e cereais já é passo importante. Quanto menos pessoas e etapas intermediárias estiverem envolvidas no fornecimento de alimentos, melhor. Dessa forma, as empresas de alimento podem contribuir para o aumento da economia rural, criando novas formas de vender e divulgar produtos locais e atrair novos tipos de clientes. 

COZINHAR MAIS E DESPERDIÇAR MENOS: O CAMINHO  
Comer é prazer, é nutrir, é afeto. Cozinhar sua própria refeição sempre que possível, é redescobrir os sabores vindos da natureza. Você pode apreciar pratos simples e alimentos feitos com poucos ingredientes, de qualidade, de preferência orgânicos. Os números da saúde mostram que 52,5% da população brasileira está com sobrepeso. O que gera doenças que poderiam ser evitadas, apenas com uma melhora da qualidade da alimentação.
O desperdício e a perda de alimentos são imensos no mundo inteiro e nessa situação escondem-se muitas oportunidades de negócios. Soluções que vão desde a doação para instituições de caridade até utilização das sobras para fabricação de combustível estão sendo pensadas e colocadas em prática. Enquanto 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado, milhões de pessoas passam fome todos os dias. 

Refettorio Gastromotiva exemplo de iniciativa para reverter essa situação, foi apresentado no Food Forum, que aconteceu em São Paulo, no primeiro semestre de 2017. Trata-se de um restaurante-escola criado no Rio de Janeiro durante os jogos olímpicos que serve jantares gratuitos para a população carente. A iniciativa surgiu dos chefs Massimo Bottura (Food for Soul), David Hertz (Gastromotiva, um movimento de gastronomia social) e da jornalista Alexandra Forbes para contribuir na luta contra o desperdício de alimentos, má nutrição e exclusão social.  

No espaço, chefs convidados e jovens talentos cozinham com ingredientes excedentes doados. O formato é possível de ser replicado em qualquer lugar. “Cada vez mais pessoas e organizações estão percebendo a importância de pensar e colocar em prática ações que garantam que as próximas gerações tenham um planeta mais saudável e tenham condições de viver mais saudáveis, felizes e produtivas”, diz Charles Piriou, diretor da CP&Co Consultoria, co-fundador da Simplesmente e idealizador do Food Forum. “E o conhecimento é a arma mais importante para moldar uma sociedade mais sustentável”, completa. 

Publicado em

ARTE E TECNOLOGIA A FAVOR DA SUSTENTABILIDADE 

Super-heróis invisíveis. É esta a definição utilizada pelo grafiteiro paulistano Thiago Mundano para se referir aos catadores de materiais recicláveis. Ele é o idealizador de duas iniciativas que estão ajudando estes profissionais a terem o merecido reconhecimento em São Paulo e em outras cidades do país: o aplicativo Cataki e o projeto Pimp My Carroça 

O primeiro conquistou no início deste ano em Paris o prêmio de inovação do Netexplo, entidade que estuda o impacto social e econômico de tecnologias digitais e premia, em parceria com a Unesco, as iniciativas mais inovadoras. Descrito como um “Tinder da reciclagem” e lançado em julho de 2017, o aplicativo conecta catadores independentes de todo o Brasil a empresas ou cidadãos que queiram fazer o descarte correto de materiais recicláveis. “No mundo todo, as empresas estão gastando bilhões falando em sustentabilidade. Mas essas são as pessoas que estão agindo na prática. Ao conectá-las, podemos aumentar sua renda e ajudá-los em sua missão”, afirma Mundano.  Cada profissional cadastrado no app conta com um perfil contendo um breve histórico, foto, apelido, telefone, áreas da cidade nas quais atua e os tipos de resíduos que coleta. Por meio do aplicativo, eles conseguem fazer a negociação pelo serviço, levando em consideração a quantidade de material coletado e a distância percorrida. “Nosso foco é que os catadores sejam reconhecidos como prestadores de um serviço público, e que o aplicativo ajude a gerar mais renda para eles”, diz Carol Pires, coordenadora do Pimp My Carroça, em entrevista à BBC Brasil.  

Atualmente, o app conta com mais de 500 catadores cadastrados em quase cem municípios brasileiros. O cadastro pode ser feito pelos próprios profissionais ou por pessoas que queiram ajudá-los (a única coisa que eles precisam ter é um número de telefone para contato). Com o cadastro no aplicativo, Rosineide Moreira Dias das Neves, mais conhecida como dona Rosa, conquistou novos clientes fixos em Recife, cidade onde mora e na qual trabalha como catadora de materiais recicláveis há mais de 20 anos. “O aplicativo é muito bom porque está dando valor à gente. Está trazendo reconhecimento. Através dele, o pessoal está notando que a gente existe”, declarou, também em entrevista à BBC Brasil.  

 MAIS COR, MENOS INVISIBILIDADE, MAIS RESPEITO 
Pimp My Carroça foi o primeiro trabalho realizado por Mundano com os catadores de materiais recicláveis. Inspirado no programa de TV Pimp My Ride, que transforma carros velhos e máquinas turbinadas, o artista começou a grafitar as carroças dos catadores de São Paulo com frases como “Um catador faz mais que um Ministro do Meio Ambiente”, “Meu carro não polui!” e “Meu trabalho é honesto, e o seu?”. “A gente acredita que o catador de material reciclável faz um papel fundamental na gestão de resíduos no Brasil e no mundo. Por notarmos que eles passavam de forma invisível pela sociedade, a gente identificou que a carroça podia cumprir um papel fundamental de melhorar a autoestima e fazer com que as pessoas passassem a respeitá-los”, diz Carolina Pires, produtora cultural do Pimp My Carroça, em entrevista ao Catraca Livre 

O projeto atende os catadores em um escritório no bairro de Pinheiros e, além da pintura das carroças, também oferece kits de segurança para os profissionais (com luvas, fitas refletivas, cordas, bonés, coletes, calças e capas de chuvas) e realiza reparos na funilaria e na borracharia dos veículos, como instalação de freios e retrovisores. Desde 2012, também realiza edições itinerantes do Pimp My Carroça, evento que, além da pintura e dos reparos nas carroças, oferece exames médicos (testes de glicemia e aferição de pressão arterial), ações de beleza e atividades culturais para os trabalhadores.
A iniciativa, que conta com uma rede de 1.174 artistas e grafiteiros parceiro e 1.854 voluntários, já ajudou 1.299 catadores em 48 cidades de 13 países. “Para os catadores é super importante. Todo catador quer ter o carrinho bonito, na verdade. A gente tem o maior orgulho da carroça da gente, porque é o nosso ganha pão. O meu carrinho não tinha nem tinta, eu comprei ele, ele era sem cor, todo horrível mesmo. E eu nem ia ter condição de arrumar ele igual eles. O artista que veio deixou meu carrinho lindo então onde eu passo as pessoas já pensam diferente. E até respeitam mais. Param, perguntam quem pintou, dão parabéns. Muito bom!”, conta Cacilda Aparecida de Souza, em entrevista ao portal Vermelho. 

O sucesso do projeto incentivou a criação de outras iniciativas, como o Pimp My Cooperativa, voltada para as cooperativas de material reciclável; e o Pimp nosso Ecoponto, que revitaliza os espaços de coleta e também oferece atendimento aos catadores. Ações que ajudam a valorizar cada vez o trabalho dos nossos super-heróis invisíveis.

Publicado em

EM BUSCA DA PLENITUDE DA CONSCIÊNCIA

No mundo hiperconectado e em constante transformação no qual vivemos, o estresse é umas das enfermidades mais presentes. Situações de estresse costumam liberar cortisol no organismo, hormônio que interfere diretamente no funcionamento do nosso sistema imunológico. Não à toa, a doença está associada ao desencadeamento de outras enfermidades crônicas que estão entre as que mais matam no mundo, como diabetes, obesidade e depressão.   

Além do estresse, a correria em que vivemos também nos provoca uma sensação constante de não estarmos totalmente presentes nas situações que vivenciamos. O famoso viver no modo piloto automático. “Não estamos atentos ao que fazemos em 47% do nosso tempo”, afirma Marcelo Demarzo, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em entrevista ao Nexo 

Demarzo é coordenador do programa Mente Aberta, criado em 2011, o primeiro núcleo no país focado no mindfulness (ou atenção plena, em livre tradução), uma prática de meditação que tem conquistado cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo interessados em combater o estresse e em manter-se atento ao que acontece com a própria mente e com o próprio corpo no presente, no agora. Inspirado diretamente na prática do budismo, o método foi introduzido no ocidente pelo médico norte-americano Jon Kabat-Zinn na década de 1970. Desde sua criação, inúmeros estudos foram feitos para avaliar os seus benefícios à saúde humana. Segundo reportagem da revista Superinteressante, uma das pesquisas mais abrangentes sobre o assunto analisou o impacto do programa em 93 indivíduos diagnosticados com transtorno de ansiedade – problema que afeta um terço da população mundial segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Cientistas do Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, descobriram que a técnica diminuiu drasticamente os índices de estresse e a sensação de desespero frente a problemas. 

Um estudo feito pelo Hospital Israelita Albert Einstein, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Instituto Appana Mind revelou que uma hora e 15 minutos de ioga e meditação três vezes por semana, ao longo de dois meses, cortou pela metade a concentração de cortisol de uma turma em que a ansiedade atingia índices alarmantes, os cuidadores de doentes com Alzheimer. 

Não à toa, médicos e especialistas em saúde pública defendem a aplicação do método em tratamentos – no Reino Unido, o mindfulness já é oferecido no sistema público de saúde desde 2009. Entretanto, o crescente número de adeptos à prática transformou o mindfulness em um negócio extremamente lucrativo e criou ramificações e conceitos que, segundo especialistas, podem ser prejudiciais à saúde humana.  

 O OUTRO LADO DA MOEDA
Em 2015, o mindfulness já era um mercado avaliado em US$ 1 bilhão nos EUA, de acordo com matéria da revista Fortune. Segundo reportagem do Chicago Tribune, os aplicativos de meditação Calm e Headspace (os mais famosos) estão hoje avaliados em US$ 250 milhões. Em junho deste ano, o Headspace anunciou a intenção de buscar a aprovação do Food and Drug Administration (FDA), ligado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, para criar uma versão de seus programas prescrita por médicos.  
Atualmente, a técnica tem sido vendida pelo mercado como um processo que cura diversas doenças, algo que preocupa especialistas. “Muitas pessoas acreditam que a meditação resolve tudo instantaneamente e que não importa o que há de errado com você: ao começar a meditar tudo fica bem. E isso claramente não é o caso”, explica Sara Lazar, pesquisadora e professora de psicologia da Universidade de Harvard, em entrevista ao Chicago Tribune. Pesquisas recentes mostram que a meditação pode ter um impacto negativo em alguns casos e contribuir para o desenvolvimento de psicoses em pessoas que sofreram um trauma grave ou que têm transtorno bipolar ou esquizofrenia, por exemplo.  

Há hoje versões de mindfulness para tudo, desde passear com o cachorro até fazer sexo. Um dos ramos mais lucrativos tem relação com o aumento da produtividade no trabalho. O programa Search Inside Yourself, da Google, é um deles. A iniciativa é baseada no trabalho do ex-engenheiro da empresa Chade-Meng Tan e o transformou no atual guru das empresas. Ironicamente, um recente estudo apresentou indícios de que o mindfulness pode ter um impacto reverso quando se trata de motivação. “Esta pesquisa diz que depois de uma sessão de mindfulness as pessoas se sentem muito bem com as coisas e, portanto, não estão ansiosas para sair e vender, vender, vender. As pessoas dizem: ‘Eu fiz tudo certo, me sinto bem, trabalhei bastante hoje. Minha empresa está indo bem o suficiente’”, explica Jeff Wilson, professor de estudos religiosos na Universidade de Waterloo, no Canadá, e autor de Mindful America (publicação referência no assunto), em entrevista ao Chicago Tribune 

Os benefícios do mindfulness já estão comprovados pela ciência e vão além de se tornar uma pessoa mais inteira, calma e presente. No entanto, ao adentrar este universo é importante escolher profissionais e programas qualificados para fazer o processo de maneira segura. Acima de tudo, é importante ter consciência que mais que melhorar as relações profissionais, familiares e amorosas, o mindfulness pode nos ajudar a melhorar a nossa relação com nós mesmos – a nossa melhor e mais duradoura companhia.

Publicado em

COMO OS TELHADOS VERDES E AS HORTAS URBANAS ESTÃO MUDANDO A CARA DE SÃO PAULO

É muito importante colaborarmos com o desenvolvimento sustentável do planeta e da sociedade como um todo. Afinal, nós somos as pessoas responsáveis pela transformação de hábitos alimentares e culturais. A agricultura urbana vem sendo implementada por algumas organizações sociais, comunidades e empresas como uma alternativa sustentável; construindo o conceito de qualidade de vida, respeitando e utilizando nossos recursos naturais com responsabilidade e planejamento. Além de utilizar áreas de terra desocupadas e improdutivas, promove a interação social, estimulando a produção do alimento pelos próprios consumidores. No Japão, por exemplo, devido à carência de solo fértil para plantio, grandes obras urbanas foram integradas com sistemas para cultivo de frutas e hortaliças. Também no Japão, um famoso edifício em Tóquio teve sua fachada reestruturada com um sistema de jardim vertical. Na América Latina, a principal concentração de hortas urbanas é em Cuba. 

Morar nos grandes centros urbanos não precisa ser um fator excludente de alguns bons hábitos do interior como, por exemplo, utilizar alimentos que sejam provenientes de hortas para a sua alimentação. Uma das formas para garantir que essa realidade não seja distante das grandes cidades é através da criação de hortas comunitárias. Há algumas décadas, a técnica do telhado verde vem sendo desenvolvida através de pesquisas e projetos inovadores na criação de soluções sustentáveis e consiste no plantio de árvores e plantas nas coberturas de residências e edifícios. Esse tipo de técnica tem inúmeros benefícios, como a captação de água da chuva, o tratamento de efluente (esgoto sanitário), a captação da energia solar e a atuação como um agente purificador da poluição urbana. Os Ecotelhados funcionam como um isolante térmico e absorvem 30% da água da chuva reduzindo, por exemplo, a chance de enchentes nas cidades. Ou seja, quanto mais telhados verdes, menos possibilidades de enchentes. 

Os telhados convencionais acumulam o calor e o transferem para dentro das construções. Com o telhado verde a cobertura vegetal se encarrega de dissipar ou consumir esta energia pela evapotranspiração e pela fotossíntese, reduzindo significativamente a amplitude térmica do interior do prédio. É uma ótima solução para a redução das ilhas de calor nos centros urbanos, diminuindo o consumo do ar condicionado e auxiliando no conforto térmico, o que dá maior durabilidade às construções, pois diminui a amplitude térmica. Testes realizados comparando telhados verdes com telhados comuns mostraram uma diminuição de até 15ºC dentro da edificação no verão. No inverno, o sistema conserva o calor dentro da edificação, aumentando a eficiência de aquecedores ou lareiras. Essas zonas verdes contribuem ainda para formação de um miniecossistema, atraindo diversos pássaros, borboletas, joaninhas, abelhas, etc., que foram eliminados do ambiente com o crescimento urbano. O valor do investimento para a construção de um telhado verde é em geral o mesmo que para um telhado convencional, considerando-se um telhado de boa qualidade. Ele pode ser colocado, diretamente sobre a laje impermeabilizada e com proteção anti-raízes. Se você levar em conta os benefícios de conforto térmico, retenção de água, limpeza do ar e vida útil de duas a três vezes maior, a vantagem a favor do telhado verde é grande. Aqui em São Paulo como exemplo prático desta técnica temos o telhado verde do prédio da Fundação Cásper Líbero, na Avenida Paulista. Aberta em 2016, a área de 700 metros quadrados conta com mudas de 130 árvores típicas da Mata Atlântica, como Jacarandá bico-de-pato, araçá-do-campo e embaúba, tem ajudado a reduzir o calor e melhorado a umidade do ar na região. Há também a floresta suspensa da cobertura da prefeitura, no centro da cidade. A área de 300 metros quadrados abriga árvores como palmeiras-jerivá e pau-brasil, além de pés de café e de manga, plantas medicinais e um lago com carpas.

A cobertura do Shopping Eldorado, na zona oeste, abriga uma linda e enorme horta, com mais de 1000 metros quadrados, onde crescem alfaces, manjericões, berinjelas, legumes, hortelãs e outras verduras, além de plantas medicinais. O projeto foi criado em 2012 e oferece um destino ecologicamente correto a cerca de uma tonelada de lixo orgânico gerado diariamente na praça de alimentação do shopping. Esse resto de comida se transforma em adubo para o cultivo das plantas, reduzindo a quantidade de lixo jogado em aterros sanitários.
Neste ano, o Shopping Metrô Itaquera, na zona leste, começou um projeto semelhante. Na área antes vazia da cobertura do espaço, hoje há alface, agrião e cenoura, plantados em mais de 20 caixotes. Os restos de comida da praça de alimentação (40 toneladas semanais) são transformados em adubo para a terra e os produtos orgânicos, futuramente, poderão ser consumidos por funcionários e pela comunidade local. 
Há um ano, funciona no telhado de um galpão em Paraisópolis, na zona sul, o projeto Horta na Laje em que as moradoras do bairro aprendem a cultivar legumes, verduras e frutas. Promovida pelo Instituto Stop Hunger Brasil e a Associação das Mulheres de Paraisópolis, a iniciativa já beneficiou mais de mil mulheres. De acordo com a Associação, elas são o público-alvo porque sustentam 23% das famílias da comunidade. Por meio de cursos técnicos do projeto, elas aprendem a cultivar hortaliças em vaso, reproduzem em casa e, além de uma alimentação mais saudável para si e para suas famílias, conquistam independência financeira. “Nós queremos tornar Paraisópolis uma comunidade sustentável”, afirma Davi Barreto, superintendente do Instituto Stop Hunger Brasil, em entrevista ao portal R7.  Outras iniciativas interessantes são a horta do Centro Cultural São Paulo, no centro, que produz tomate, batata doce, rúcula e banana no terraço; e as hortas implementadas nas unidades do Sesc Parque Dom Pedro II (no centro) e Campo Limpo (zona sul) – ambas cuidadas pela Pé de Feijão, um negócio social criado em 2014 que é responsável por outras quatros hortas na cidade. “Queremos transformar a relação das pessoas com a comida”, afirma a bióloga Luisa Haddad, sócia-fundadora do projeto, em entrevista à revista Veja São Paulo.

Publicado em

TECNOLOGIA E HUMANIDADE

Por Danilo España, time da Humans Can Fly e colunista da Escola São Paulo

Através do teclado do meu computador digito esse texto e através da sua tela você o lê. Aqui criamos um elo de comunicação, neste momento somos ajudados pela tecnologia.

A tecnologia nos ajuda em diversas áreas, facilita processos, acelera as comunicações e gera resultados rápidos. Acontece que para tudo há um limite, e ainda que não façam tantos anos que a tecnologia atingiu um certo ápice, existem pessoas comprovando na pele que o excesso de tecnologia pode prejudicar a vida social e até mesmo a saúde.

Não só o fato de vermos famílias inteiras ou grupos de amigos em um restaurante, por exemplo, imersos, todos, em seus celulares e tablets ultramodernos sem conversar. Há também outras situações que nos mantém reféns da modernidade: ter que olhar o e-mail diversas vezes por dia, acompanhar as atualizações das redes sociais, responder centenas de mensagens e de depender de uma conexão de alta velocidade 24 horas por dia para satisfazer nossas curiosidades, buscar informações, cumprir tarefas, pagar contas, descobrir tendências, ideias, empresas, pessoas etc…

Mas como definir se a quantidade de contato que temos com a tecnologia chega a ser prejudicial?

David Backer, fundador da The School of Life deu uma palestra em São Paulo algumas semanas atrás sobre o tema Tecnologia e Humanidade e por sorte estivemos presentes para escutar o que ele tinha a dizer. Seu discurso foi sobre o quanto a tecnologia tem influenciado as relações pessoais, sociais e o quanto deixamos que ela invada nossa vida, acabando com a nossa privacidade, desrespeitando nosso ritmo psíquico, biológico e afetando até mesmo nossa saúde.

Máquinas, equipamentos, dispositivos são essenciais para sobreviver em um modelo de sociedade onde o virtual está cada dia mais próximo do real. Descobrir um limite de interação com as tecnologias é algo individual, cada um deve buscar essa equação para respeitar sua própria natureza.

Por mais que busquemos as tecnologias mais incríveis, ainda assim é o homem que as inventa, as cria, ou seja, todo potencial de sua criação está no homem. Esse encontro me fez pensar quão alta é a tecnologia do nosso próprio corpo. Possuímos a mais avançada tecnologia, a tecnologia natural, biológica, humana… ou seja, não podemos esquecer as funções que nosso corpo desempenha, a quantidade de informações que armazenamos, como conseguimos acessá-las a uma velocidade absurda, a capacidade de bilhões de cálculos, o potencial analítico que temos, auto-regulações corporais, sentimentos, emoções, razão, etc.

A tecnologia evidentemente evolui, mas e a humanidade? Estamos evoluindo nosso lado humano e tendo orgulho dessa evolução tanto quanto da tecnologia? Precisamos de um movimento que valorize as características naturais do homem, que respeite seus limites e que trabalhe dentro de um nível de tolerância individual, considerando que somos diferentes, que suportamos coisas absolutamente distintas. Os talentos também são individuais, devem ser exercitados, desenvolvidos e o tempo que nos prendemos à tecnologia muitas vezes consome esses importantes momentos. Outro importante momento que não estamos desfrutando e que nos é essencial é o ócio. David lembrou que perdemos o poder da lentidão, por exemplo, de cultivar o pensamento lento, e perdemos também a alegria da imperfeição, afinal estamos longe de sermos perfeitos seja no que for.

O que não nos damos conta é que podemos escolher o que pensar e como pensar, as imposições da atualidade dificultam esse processo, mas ainda depende de nós essa escolha.

Então que sejamos usuários da tecnologia e não seus escravos…

O mundo anda mais preocupado com o High Tech. Escrevemos recentemente uma matéria sobre isso. Hoje há uma necessidade de se recuperar o High Touch. High Touch para quem nunca ouviu falar, quer dizer a alta tecnologia do toque, do afeto, do carinho, ou seja, da humanidade. Ela sim nos toca verdadeiramente, não é fria como uma máquina que reage aos nossos estímulos por pura programação.

A naturalidade humana vem se perdendo por diversos motivos, pelo excesso do uso de tecnologias, pelos sistemas falidos que vivemos; sejam políticos, sociais ou econômicos. Por uma cultura popular globalizada em que existem apenas dois grupos de pessoas os “winners” e os “loosers”. Você é um vencedor na vida se tem dinheiro, sucesso e reconhecimento, caso contrário é um perdedor, depreciado pelos que possuem mais dinheiro.

Esses dias conversando com um amigo ele me disse: você já parou pra pensar no que significa estar “bem de vida”?

E aí parei para pensar que o “bem de vida” hoje significa “estar bem financeiramente”. É triste que assim seja, mas sou otimista e a favor do movimento humano. Quem sabe um dia estar bem de vida se torne uma expressão que tenha mais a ver com VIDA do que com dinheiro, a vida é mais do que isso. Então te convido a refletir sobre como anda pensando, e no que, para que nosso olhar e posicionamento sobre o mundo evolua e essa evolução seja mais importante do que a evolução tecnológica. Para que a expressão estar “bem de vida” signifique ter saúde, paz e estar de acordo com sua própria jornada.

A era do comportamento padrão se foi, entendemos bem o termo globalização e já experimentamos seus efeitos positivos e negativos. O acesso à informação nos permite decidir com mais base, nos traz reflexões diversas. A era da tecnologia está aí para nos servir e nos ajudar, o que vale é saber usá-la para continuarmos “bem de vida”.

Via Exame

Publicado em

COWORKING E EMPREENDEDORISMO CONSCIENTE

Uma dobradinha cada vez mais eficaz.

Já falamos aqui no blog sobre como a tecnologia alterou para sempre a maneira como nos relacionamos com o mundo, em todos os sentidos. No campo do trabalho, ela contribuiu para a criação de tendências como a do freelancing, em que profissionais decidem abrir mão de cargos fixos em empresas e optam pelo trabalho autônomo, em busca de uma realização pessoal, ou se reinventam como prestadores de serviços independentes diante de uma demissão.  

Essa nova dinâmica de trabalho demandou a criação de ambientes mais adequados à novidade, modelos como o do coworking. O termo surgiu em 2005 nos EUA, quando o engenheiro de software Brad Neuberg criou uma comunidade de trabalho com os amigos e percebeu que a troca de ideias e experiências em grupo resultava em maior produtividade. Totalmente conectada a uma outra tendência mundial, em que o compartilhamento de informações e a troca constante são valorizados, a proposta rapidamente ganhou adesão e passou a ser reproduzida mundo afora. 
No Brasil, o conceito chegou há quase dez anos e, desde então, tem crescido de uma maneira bastante expressiva, não apenas nas capitais, mas também em cidades do interior. Segundo levantamento do site Coworking Brasil, que reúne empresas do setor, em 2017 havia 810 espaços de coworking conhecidos no Brasil, um aumento de 114% em relação a 2016.  

De uma maneira geral, os coworkings são espaços nos quais profissionais de diferentes áreas trabalham de maneira autônoma, porém dividindo o mesmo local. Inicialmente, o modelo foi adotado por profissionais das áreas de Comunicação e Direito, mas hoje em dia abarca também jovens empreendedores, profissionais liberais e até funcionários de multinacionais. Em geral, profissionais e empresas que adotam o modelo de coworking buscam flexibilidade ambientes de trabalho mais descontraídos, menos formais e mais propensos à troca de conhecimento. “[É] muito melhor do que trabalhar no isolamento de casa ou fechado em um escritório. Aqui tem o inusitado, não sabemos quem está ao lado, o que vou encontrar e isso é ótimo porque possibilita novos encontros”, disse o estrategista de marketing Wesley Silva, em entrevista ao portal R7 

Com a adesão cada vez maior de profissionais, surgiu a possibilidade de ampliação do modelo de coworking para além do âmbito do trabalho e do compartilhamento de ideias, alcançando as esferas do empreendedorismo e do impacto social. O Co labore é um exemplo dessa nova dinâmica. A iniciativa busca promover a aproximação de empreendedores criativos e sociais com potenciais investidores, um verdadeiro celeiro de novos negócios. “A Co_labore é um espaço que acolhe um coletivo de pessoas que gera um coletivo de ideias. Um coletivo de ideias que inspira estimula cada pessoa a criar seu negócio e cada negócio a evoluir. É uma nova forma de trabalhar e gerar riquezas. Esse é o jeito que encontrei de contribuir com este mundo de trabalho que está surgindo. Um mundo onde a força nasce da colaboração”, explica Antonin Bartos Filho, fundador da proposta.  

Outro exemplo interessante dessa nova vertente é o Cubo, espaço de inovação e empreendedorismo do Itaú Unibanco criado em parceria com o Redpoint eventures (um dos principais fundos de investimento do mundo). Aberto em 2015 e considerado o maior e mais relevante centro de empreendedorismo tecnológico da América Latina na atualidade, o espaço conecta empreendedores, grandes empresas, investidores e universidades com o intuito de discutir sobre tecnologia, inovação, novos modelos de negócios e novas formas de trabalhar 

Na mesma linha, temos também o Campus São Paulocriado em 2016 e, atualmente, o maior coworking do Google no mundo, com mais de 100 mil membros cadastrados. O espaço abriga dez startups a cada seis meses, mas cede espaço também para profissionais interessados em fazer uso da sua estrutura – basta fazer um cadastro gratuito no site. “Nós envolvemos nosso time com as startups e aprendemos com elas. Além de ajudar os empreendedores a entenderem nossos produtos, como tecnologia de nuvem, uso do YouTube ou nossas soluções de publicidade, a gente tem a oportunidade de saber o que eles precisam para evoluir. Com isso, podemos desenvolver o que será necessário no futuro”, explica Fernanda Caloi, gerente de programas do Campus São Paulo, em entrevista à revista Época Negócios

Outro exemplo interessante de incentivo ao empreendedorismo e à economia criativa e colaborativa em voga é o House of Food, um coworking, também instalado em São Paulo, que reúne chefes, professores, estudantes de culinária e aspirantes dispostos a pilotar um fogão industrial e criar receitas. “Aqui, as pessoas podem experimentar, testar receitas e ver o que tem ou não aceitação no mercado, se esse for o objetivo”, explica Wolfgang Menke, criador do espaço, em entrevista ao Draft. Os interessados alugam o espaço por um dia ou por uma semana, podem utilizar o staff da casa na realização de seus eventos e ficam com 100% do lucro obtido na empreitada. 

COWORKING E IMPACTO SOCIAL 
Há também diversos exemplos de coworking que buscam incentivar a realização de projetos que tragam melhorias para a sociedade ou promover atividades em prol da comunidade na qual estão inseridos. É o caso do Civi-co, o primeiro coworking do país com foco em negócios de impacto cívico-social. Inaugurado em São Paulo, em 2017, o espaço conta com startups e ONGs como a Feira Preta, a Hype60+, a Pipe Social e a RedeDots, entre outras.  

O nome Civi-co vem de civismo, da ideia de pertencimento, de cidadania. “Nosso propósito, resumindo, é tornar o Brasil mais justo. Não dá pra olhar só para o lucro. Estamos entre as dez maiores economias do mundo, mas também entre os países mais desiguais. Isso pode ser mudado. As pessoas querem mudança”, explica Ricardo Podval, um dos sócios-investidores do espaço, em entrevista ao Draft. “Queremos que o Civi-co vá além do espaço. Que crie vínculos, sinergias de trabalho e seja um caldeirão de ideias”, diz Patrícia Villela Marino, também sócia-investidora, em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Civi-co conta ainda com uma iniciativa voltada a startups que não conseguem pagar para ficar no espaço. Batizado de Adote uma Startup, o projeto é subsidiado por empresas que queiram causar impacto social ajudando outros empreendedores sociais. Podval, que por sete anos atuou na China como business developer de uma fabricante de bens de capital, conta que sua experiência na Ásia o fez conhecer de perto o impacto da chamada Nova Economia e que a proposta de ampliação do modelo de coworking, adotado pelo Civi-co, está totalmente atrelado a este novo modelo econômico.  “Na China, hoje, parece que em cada cidade, em cada província, existe um ‘Vale do Silício’ talvez maior até do que o californiano, com mais investimentos, novas formas de trabalho, modelos de escritórios extremamente modernos…Há uma nova visão de empreendedorismo”, afirma.

No Rio de Janeiro, alguns espaços de coworking começaram a oferecer cursos, palestras, bate-papos, clube de cinema, almoço e até happy hour. O Templo, por exemplo, é um coworking que, além das estações de trabalho, funciona como um clube e transformou o seu espaço em cenário para exposições, cineclube, palestras, workshops, aulas de meditação e de ioga.  

Já o Fazedoria oferece cursos de idiomas, iluminação, cosmética natural e de conteúdos voltados mais para o dia a dia dos participantes. “A curadoria dos cursos também é feita com base no que diz o slogan daqui, do fazer acontecer, e por isso eles têm um caráter mais prático. A coisa de querer fazer e de movimentar a economia criativa faz parte do nosso DNA”, explica Marcos de Oliveira, gerente do coworking, em entrevista ao jornal O Globo 

Mantendo o espírito colaborativo, que é a essência do coworking, grande parte das atividades oferecidas nestes espaços acontecem por sugestão dos clientes (em alguns casos, são organizados por eles) e atraem um público bastante diverso, que não necessariamente frequenta os espaços no dia a dia. Provas de que a máxima “juntos somos mais” (e melhores) tem feito cada vez mais sentido. 

Publicado em

COM QUE ROUPA EU VOU?

O filme Sex and the City, de 2008, Louise, personagem interpretada por Jennifer Hudson, sempre aparecia em cena com uma bolsa de marca diferente. Questionada pela chefe Carrie Bradshaw sobre como conseguia comprar tantas peças de grife, ela responde que não comprava, mas alugava. “É como uma Netflix para bolsas”, disse. Há pelo menos dez anos a ideia da economia compartilhada é debatida e a proposta ganha cada vez mais força (e adeptos) no Brasil e no mundo.  

Segundo levantamento da consultoria de tendências WGSM, nos EUA e no Reino Unido mais da metade das pessoas entre 25 e 34 anos tem interesse em alugar peças de roupa e acessórios, ao invés de comprarA estratégia é aplicada tanto para ocasiões pontuais, como festas e reuniões de trabalho, quanto para períodos sazonais e tem por trás um ideal bastante claro: nós não precisamos ter as coisas, mas sim fazer (bom) uso delas. Com isso a gente economiza e o planeta agradece. 

Lançada em São Paulo em 2017, o e-commerce I Bag You oferece o serviço que ganhou o coração de Louise e disponibiliza bolsas de marcas como Chanel, Fendi, Gucci, ChloéBalenciagaValentino e DiorO acervo é todo do próprio espaço, que também apresenta o valor de compra de cada bolsa para comparação de valores dos clientes. “Com o aluguel é possível diversificar e ter acesso a uma nova bolsa aos finais de semana, durante a semana ou até o mês todo”, explica Anna Lugli, idealizadora do negócio. 

Outro negócio que funciona na mesma lógica de consumo de moda mais consciente é a Roupateca, também localizada em São Paulo, que oferece serviço de aluguel de roupas por assinatura. “Em 2014 nasceu o projeto de curadoria de roupas usadas, chamado Entre Nós. Tivemos duas edições de sucesso, só que estávamos muito incomodadas com o fato de ainda ter venda envolvida. Começamos a pesquisar novos formatos para o projeto e nos deparamos com a ideia de uma biblioteca de roupas”, contou Nathalia Roberto, sócia do espaço junto com Dani Ribeiro, em entrevista ao site Hypeness. Segundo as idealizadoras, o objetivo da marca é propor um convite à pausa e à reflexão, que converge nas formas de pensar, compartilhar, servir e reusar o que já temos disponível no mundo. Um convite para assumir o vestir como também um ato político e de amor – a nós e ao planeta.
O aplicativo Loc permite que os próprios usuários aluguem as peças de seu guarda-roupa. “O Loc une dois perfis de mulheres, as que têm interesse em se manter na moda, mas não gastar dinheiro com tendências passageiras, e aquelas que querem ganhar uma grana extra com seu guarda-roupa”, explica Lara Tironi, diretora executiva do aplicativo e uma das sócias da iniciativa, em entrevista ao portal Terra. Atuando em todo o país, o sistema funciona por geolocalização e todas as transações acontecem por meio do cartão de crédito. Depois de efetuado o aluguel (que dura uma semana), o cliente conversa com o vendedor para combinar a melhor forma de entrega – que pode ser feita em mãos ou por um serviço de entrega oferecido pelo próprio aplicativo.  

E SE A ROUPA PUDESSE CRESCER COM O SEU FILHO? 
Em apenas quatro meses de vida uma criança já superou, pelo menos, duas rodadas de tamanhos de roupa; o que custa caro e é um enorme desperdício. Quem tem filhos sabe que muitas roupas serão usadas apenas uma ou duas vezes, e não é por vaidade, é simplesmente porque bebês crescem muito rápido! Mas a VIGGA quer mudar isso. A marca dinamarquesa é precursora de um modelo de negócios premiado, que visa incentivar e tornar possível uma economia circular na indústria têxtil.
O sistema de produtos-serviços desenvolvido por ela permite que os pais aluguem as roupas dos primeiros anos de vida de seus filhos. Todas as peças são confeccionadas com material orgânico. Ou seja, as famílias economizam tempo, dinheiro e recursos naturais. “Você pede as roupas de bebê no tamanho que precisa e, quando o bebê cresce, enviamos um novo pacote maior de roupas orgânicas para crianças”, explica Vigga Svennson, fundadora da iniciativa, em entrevista ao Huffpost UK. Cada peça de roupa tem um chip para rastrear o uso. Quando devolvidas, as roupas são ajustadas, se necessário, antes de serem embaladas e enviadas a outras famílias – as peças não são alugadas mais de dez vezes cada. Simples, criativo e sustentável.  

Publicado em

A CIDADE É VOCÊ!

Hoje em dia, mais de 50% da população mundial vive em áreas urbanas. Segundo especialistas, até 2050 esse número deve alcançar 70%. Tal cenário cria uma série de problemas (trânsito, alto custo de vida, estresse, degradação do meio ambiente) e coloca em debate o futuro das nossas cidades. A razão de tantas pessoas decidirem viver nos grandes centros urbanos está ligada à nossa ancestralidade: somos seres sociais e é em grupo que gostamos de viverE, de acordo com estudiosos do assunto, é justamente o trabalho coletivo, e principalmente o envolvimento individual, que transformará as nossas cidades em lugares melhores para se viver. “Se você quer uma cidade melhor, envolva-se. A cidade é você. Aprenda sobre as melhores políticas públicas. Engaje-se na sua vizinhança. Seja sensível, mas seja ativo”, afirma Edward Glaeser, professor de Economia da Universidade Harvard, em entrevista para a revista Época Negócios.  

Edward Glaeser – Foto: Divulgação

Autor do livro O Triunfo da Cidadeconsiderado o mais completo e atualizado estudo sobre o futuro das cidades, Glaeser  também é criador do curso on-line CitiesX: The PastPresent and Future of Urban LifeO treinamento, disponível gratuitamente nas plataformas edX e Arq.Futuromescla economia, sociologia, artes e até música para falar sobre o que constitui uma cidade, tanto nos aspectos positivos, quanto nos negativos. Nele, o professor explora os principais conceitos de desenvolvimento urbano examinando cidades do mundo todo, incluindo Londres, Rio de Janeiro, Nova York, Xangai, Mumbai e Kigali, e aborda de que maneira centros urbanos como a antiga Roma resultaram da consolidação do poder imperial e cidades como São Paulo cresceram como importantes focos de indústria. Cada disciplina traz algo que contribui com o entendimento sobre as cidades. Eu sou um economista, mas também quero entender como o Rio de Janeiro ajudou a tornar um Tom Jobim tão grande. E isso requer conhecimento sobre música. Eu quero entender como as favelas funcionam e isso requer conhecimento em sociologia. As cidades são incríveis e nós precisamos nos valer de diferentes tipos de conhecimentos para entendê-las”, explica. 

Glaeser voltou ao Brasil em 2017 especialmente para preparar e gravar algumas das aulas, entrevistando diversos interlocutores nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e conhecendo locais emblemáticos do processo de urbanização brasileiro, como a comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro. Sobre as favelas, por exemplo, ele coloca que elas podem ser vistas por diferentes óticas: por um lado, como uma expressão da autossuficiência e engenhosidade da população pobre, que vem paraas cidades em busca de melhores condições de vida e produz moradia barata para si. Por outro lado, a ausência de um Estado de Direito no local.  CitiesX também mergulha em questões urgentes de planejamento social e urbano, como saúde pública, transporte, zoneamento, custo de vida, crime e congestionamento e gentrificação, um tema bastante presente em São Paulo nos últimos anos. Para o professor, a melhor maneira de combater o aumento no preço dos imóveis e construir mais moradia. “A oferta é o caminho certo para tornar cidades baratas. Além disso, construir mais em áreas ricas diminui a pressão pela gentrificação em áreas pobres. Com relação a uma comunidade perder sua essência, isso envolve necessariamente ação de seus moradores. Não necessariamente se posicionando contra novos moradores, mas celebrando e mantendo a tradição viva. Centros comunitários, grupos comunitários e trocas culturais intensas, são as ferramentas para manter uma área viva”, analisa.  O docente afirma também que as novas tecnologias sozinhas não conseguem resolver os problemas das cidades: é preciso implementar políticas públicas e cita como um bom exemplo as cidades de Cingapura e BostonNa visão de Glaeser, o trânsito, a violência e a falta de planejamento são os principais problemas e desafios da capital paulista. “São Paulo seria uma cidade melhor se fosse mais vertical e os distritos comerciais não fossem apenas comerciais – mas misturassem espaços residenciais. A chave é eliminar as regulamentações que impedem a construção mais alta em locais onde esta é a solução mais valiosa”, avalia. 

Publicado em

ESCOLA SÃO PAULO E HUMANS CAN FLY

– Novos ares! Como é bom esse sentimento de expansão… é exatamente isso o que estamos sentindo agora, ao fazer nossa primeira publicação aqui na Escola São Paulo. Mas antes de continuar, bacana a gente se apresentar. Somos Danilo, Luah, Denise, Cris, Thiago, Ricardo, Sabina, André e Michelle, somos o Humans Can Fly! 

– Por que tanta gente pra escrever um texto?
O motivo de estarmos todos juntos é que essa foi a melhor maneira que encontramos para celebrar a nossa parceria com a Escola São Paulo e falar sobre as matérias e conteúdos que, a partir de hoje, vamos compartilhar por aqui. Estamos nos propondo a fazer sempre nosso melhor, trazendo insights, reflexões e ideias que verdadeiramente acreditamos. Contamos com você pra compartilhar suas opiniões e contribuir pra que possamos construir sempre algo melhor juntos. 

 – Mas quem são vocês afinal?
Somos um grupo de pessoas de diferentes áreas: Inovação, Pesquisa, Sustentabilidade, Comunicação, Design de Experiências, passando por Planejamento Estratégico, Desenvolvimento Humano e Educação. Mas apesar de nossas diferenças, o que nos une é uma visão de mundo parecida, além de valores comuns que permeiam nossas ações e criações. O Humans Can Fly tem como propósito resgatar o senso de humanidade e valores que consideramos importantes para nosso futuro como: colaboração, empatia, protagonismo, autenticidade, ética, entre outros que nos estimulam e desenvolvem enquanto humanos. A interdisciplinaridade entre o grupo e as empresas parceiras nos dá condições para criamos e facilitarmos workshops, palestras, vivências, rodas de conversa e atendimentos individuais, os quais batizamos de Jornadas de Transformação. O Humans Can Fly é também um manifesto nosso no mundo. Acreditamos que SIM, pessoas, marcas e organizações podem voar em direção a caminhos com mais propósito, coerência e bem-aventurança… 

 Se ficou curioso pra conhecer nosso trabalho, aqui vai um link pra que você possa nos visitar e descobrir mais sobre as jornadas que propomos. 
Como estamos sempre estudando e conversando muito sobre os temas que permeiam nosso trabalho, é natural que a gente sinta vontade de compartilhar nossas descobertas. Como a escrita foi uma das maneiras que encontramos para fazer isso, todas as semanas compartilharemos nosso conteúdo através de matérias aqui no portal da Escola São Paulo.
Temos muito para trocar, então fica nosso convite para que acompanhem nossos posts!  

Abraços apertados do time Humans Can Fly! 

Publicado em

O QUE ESTÁ POR TRÁS DAS ROUPAS QUE VESTIMOS?

Moda é expressão e inspiração, mas também pode ser consciência ecológica e social. Afinal, as roupas que usamos não surgem do nada nas prateleiras, mas são confeccionadas por pessoas e têm uma história por trás sobre as quais precisamos saber. Nos últimos anos, diversas iniciativas começaram a ser realizadas com o intuito de fazer as pessoas entenderem qual o verdadeiro custo da moda e que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve diversos personagens e cenários.

Um exemplo desses projetos é o Fashion Revolution criado por um conselho global de líderes da indústria da moda sustentável após o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, há cinco anos. Classificado como o quarto maior desastre industrial da história, o desabamento deixou 1.133 mortos (na sua maioria mulheres) e 2.500 feridos. No local, funcionavam diversas confecções que forneciam insumos para grandes redes da moda no mundo. O desastre fez com que as pessoas olhassem com mais atenção para a cadeia de produção da moda. “Nós queremos que você pergunte: ‘Quem fez minhas roupas?’. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos”, explica Orsola de Castro, co-fundadora do movimento.

Realizado anualmente em mais de 100 países, incluindo o Brasil, o Fashion Revolution motivou em 2017 a criação da #whomademyclothes, campanha que contou com a adesão de 100 mil pessoas e que pedia às empresas de moda que abrissem o seu portfólio e informassem ao público quais  eram suas fábricas fornecedoras. O objetivo era identificar quais e quantas marcas faziam negócios com fornecedores que utilizam mão de obra escrava ou oferecem condições de trabalho perigosas e insalubres para seus funcionários.

Mais de duas mil empresas compartilharam informações sobre a sua cadeia produtiva e criaram uma nova hashtag, a #imadeyourclothes (eu faço a sua roupa). A repercussão das iniciativas fez com o que o governo de Bangladesh aumentasse em 77% o salário mínimo da área e inspecionasse mais de 1.300 fábricas em seu território. Paralelamente, 76 marcas (nomes como Zara, Mango, Valentino, UNIQLO e H&M, que, juntas, representam 15% da produção têxtil no mundo) aderiram à campanha Detox my Fashion 2020, criada em 2011 pelo Greenpeace com o objetivo de eliminar a utilização de produtos químicos na cadeia produtiva da moda.

A tragédia em Bangladesh também foi o fator que motivou o diretor Andrew Morgan a produzir o impactante documentário The True Cost. Na obra, Morgan ouviu ativistas pelos direitos humanos, trabalhadores, donos de fábricas têxteis, produtores de algodão e economistas – os representantes dos grandes grupos de varejo, contudo, não quiseram conceder entrevista. “A indústria do vestuário é a indústria mais dependente do trabalho humano no mundo, empregando milhões de trabalhadores que são os mais pobres de todo o sistema, muitos dos quais são mulheres. Muitas destas mulheres recebem menos do que um salário mínimo, trabalham em condições inseguras, e são privadas de direitos humanos básicos. Além do impacto humano, a moda se tornou a segunda indústria mais poluente do mundo – perdendo apenas para a indústria do petróleo”, explica o diretor.

A produção (disponível na Netflix) repercutiu no mundo inteiro e ganhou comentários de figuras famosas ligadas ao mundo da moda, como a atriz Sarah Jéssica Parker. Em entrevista ao The Edit, ela declarou que desde que viu o filme mudou os seus hábitos de consumo e passou a praticar o upcycling, comprando roupas usadas para o seu filho de 14 anos e adquirindo produtos em sites de leilão de peças vintage e brechós on-line.

Se você quiser aderir à campanha, o Fashion Revolution disponibiliza em seu site um pôster com o slogan do projeto. Para baixá-lo, clique aqui!