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VEM CONHECER UM DOS MELHORES PRÉDIOS DO MUNDO

Sim, temos aqui no Brasil um dos prédios que está na lista das melhores construções do planeta. E é com mais orgulho ainda que falamos sobre isso, afinal, é uma escola brasileira feita de madeira e localizada numa área remota, projeto do nosso professor Marcelo Rosenbaum.

Canuanã é uma escola rural em regime de internato mantida pela Fundação Bradesco. Um espaço que acolhe crianças e jovens entre 7 e 18 anos e que, durante todo esse tempo, cumpre vários papéis: é casa, família, abrigo, laboratório e sala de aula. Uma escola rural mantida há quase 40 anos, onde 540 crianças e adolescentes, filhos de caboclos e indígenas que moram na zona rural do centro oeste brasileiro, cujo deslocamento impossibilita a rotina escolar, sendo necessário o regime de internato. A instituição é um internato por necessidade: atende a região agrícola remota em torno do município de Formoso do Araguaia, onde os alunos fazem longas viagens a cavalo por estradas não pavimentadas para chegar lá. O isolamento também fez da construção um desafio.

A Vila das Crianças, como ficou conhecida, é feita de madeira e tijolos de barro, não precisa de ar-condicionado, mesmo com o calor de 45 graus, e ganhou, entre outros, o prêmio do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos de 2018.

Foi eleita também vencedora do  RIBA International Prize 2018 (como melhor edifício do mundo), do American Architecture Prize 2017 – categoria Habitação Social, Arch Daily – Building of The Year 2018,  4º Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel 2017, 5º Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável – categoria Edificação Institucional e Melhor Projeto da Edição,  APCA 2017 – categoria Obra de arquitetura no Brasil,  Prêmio IBRAMEM A MATA 2018 – categoria Profissional.

Sim! Uma longa lista de prêmios e uma demonstração de que, quando queremos, é possível transformar, utilizando técnicas locais e sem agredir o meio ambiente.

Legenda foto: O complexo é um modelo de design ambiental leve, proporcionando uma enorme extensão de sombra . Foto: Leonardo Finotti/Rosenbaum Arquitetura 2017.

A impressão é de que a floresta próxima tomou conta do prédio. São colunas de eucaliptos que se estendem dentro do amplo complexo de dormitórios da escola de Canuanã. Entre os troncos altos, há grupos de pequenas salas de tijolos de barro dispostas em torno de pátios abertos. Paredes perfuradas e respiráveis ​​permitem ventilação cruzada natural.

No site do Projeto, o grupo de trabalho conta que “Fomos convidados pela Fundação Bradesco para repensar e qualificar as moradias dos estudantes na Fazenda Canuanã, em Formoso do Araguaia, Tocantins. O ponto de partida deste projeto foi a mudança do conceito de alojamento para o conceito de morada, através do uso da tecnologia social desenvolvida pelo Instituto A Gente Transforma, o Design Essencial, que entende a arquitetura como uma ferramenta de transformação social, capaz de conectar as crianças e jovens com os saberes dos seus antepassados.”

Segundo a diretora Fundação Bradesco, Denise Aguiar: “Escolhemos os arquitetos justamente porque eles não são do tipo que pensam que sabem tudo”

“Não sabíamos o que precisávamos, mas os designers pareciam realmente ouvir o que os alunos queriam, em vez de impor suas próprias ideias”. (Denise Aguiar)

O projeto começou com uma residência intensiva de 10 dias no local, quando os arquitetos se reuniram com alguns dos adolescentes para os quais estariam projetando, desenvolvendo jogos e oficinas para entender como os estudantes queriam viver juntos.

Só podíamos transportar materiais leves para o local, por isso pré-fabricamos os elementos da estrutura de madeira, mas decidimos que os materiais pesados ​​deveriam vir do próprio local”, diz Gustavo Utrabo, que fundou a Aleph Zero com seu ex-colega de classe Pedro Duschenes em 2012. Em entrevista ao The Guardian, ele conta: “O desafio era convencer os alunos e professores de que os materiais locais de terra, tijolos e madeira poderiam representar progresso – que ser moderno não significava vidro, aço e ar condicionado.

Felizmente, Aleph Zero conseguiu. O complexo resultante é um modelo de design ambiental leve, proporcionando uma enorme extensão de sombra, sob a qual são organizados grupos de pequenos edifícios, com paredes perfuradas e respiráveis, permitindo ventilação cruzada natural. A única reclamação que os alunos fizeram é realmente sentir frio à noite, um problema facilmente resolvido com mais cobertores.

Os dormitórios estão agrupados em estruturas de tijolos de barro sem cozimento que foram fabricados na obra utilizando a terra da própria fazenda, assentados como muxarabi nas áreas de serviço, exatamente como nas casas da região, criando conforto térmico eficiente. A estrutura de Madeira Laminada Colada (MLC) foram produzidas com madeira 100% de florestas de reflorestamento, tecnologia com baixo impacto ambiental.

O paisagismo cria nos pátios o microclima resultante do encontro de 3 biomas – Cerrado, Amazônia e Pantanal e reconecta as crianças com a biodiversidade do local.

O espaço organiza as relações entre o publico e o privado, criando espaços de convívio entre o coletivo, a natureza e o indivíduo, reconecta as crianças e os jovens às suas origens como humanidade, com ligação viva em seu ecossistema de entorno.

“O principal objetivo do design era criar um lugar que pareça um lar longe de casa para as crianças”, diz Utrabo ao The Guardian. As instalações anteriores consistiam em dormitórios superlotados, às vezes dormindo 40 pessoas no mesmo ambiente. A nova casa oferece quartos para seis em beliches de madeira, dispostos em torno de pátios arborizados, conectados por um nível superior de passarelas de madeira e áreas de lazer, criando uma varanda arejada. Existem dois edifícios idênticos, um para meninos e outro para meninas, cada um com 165 metros x 65 metros de cada lado da escola, agora sendo usados ​​de maneiras muito diferentes.

Destaque: “O melhor prédio novo do mundo. Precisa nos acordar do nosso estupor cotidiano para algo desafiador que nos ensina por que a arquitetura ainda é relevante.” (Elizabeth Diller – presidente do júri do Prêmio Internacional RIBA 2018)

Os edifícios ganharam vida própria. Foto: Leonardo Finotti / Rosenbaum Arquitetura | 2017

Utrabo e o grupo de trabalho da Rosembaum revisitou o projeto algumas vezes depois para acompanhar o uso do espaço e descobriu que os edifícios ganharam vida própria. As meninas começaram a organizar aulas de pilates e quem precisa estudar para os exames agora pode ter aulas extras nos arredores menos formais da vila, em vez de precisar voltar para a escola depois do horário.

O projeto foi o segundo vencedor do prêmio internacional bienal da RIBAO. Children Village venceu a concorrência do edifício O’Donnell & Tuomey da Universidade da Europa Central em Budapeste, da Escola de Música Toho Gakuen em Tóquio por Nikken Sekkei e das torres de apartamentos arborizados de o Bosco Verticale em Milão, de Stefano Boeri.

FICHA TÉCNICA

Tecnologia Social – Design Essencial
 A Gente Transforma

Arquitetura
 Rosenbaum + Aleph Zero

Projeto, fabricação e construção da estrutura de madeira 
Ita Construtora

Projeto de paisagismo
 Raul Pereira Arquitetos Associados

Projeto de luminotécnica
 Lux Projetos Luminotécnicos

Projeto de fundações
 Meirelles Carvalho

Consultoria em conforto térmico 
Ambiental Consultoria

Instalações 
Lutie

Lajes em concreto
 Trima

Construtora 
Inova TS

Gerenciadora
 Metroll

Design mobiliário
 Rosenbaum e o Fetiche

Material de registro e comunicação do projeto 
Fabiana Zanin

Fotos e filmes 
Leonardo FInotti
 Diego Cagnato
 Galeria Experiência

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CULTURA E CIDADANIA À MESA

Cada um tem uma receita para se sentir bem à mesa: a presença de amigos e familiares, a experiência de comer algo novo, a certeza de ingerir um alimento saudável e natural. Há quem queira alimentar corpo e alma. Ou apenas manter o bom funcionamento da máquina humana.

COMER O QUÊ?

O filme apresenta o cotidiano de uma série de personagens ligados ao mundo da alimentação, de chefs consagrados a produtores rurais, passando por especialistas em nutrição, economia e gastronomia, que apresentam à atriz e nutricionista Graziela Mantoanelli as diversas dimensões e possibilidades da boa alimentação.

Com direção de Leonardo Brant, COMER O QUÊ? serve ao público um banquete de sabores, imagens, reflexões e emoções, de maneira leve e despretensiosa. Afeto, saúde, cultura, indústria e educação formam equações possíveis entre desfrute e cuidado, consciência e espontaneidade, equilíbrio e bem estar.

“Eu não entendo a cozinha como arte, mas como expressão artística. A cozinha confere ao autor a possibilidade de se expressar através da arte. Essa expressão artística é incontestável”, diz o chef Alex Atala no filme, que também traz depoimentos da chef Helena Rizzo, da nutricionista e apresentadora de TV Bela Gil, do professor de Educação Física e consultor Marcio Atalla, do ator e produtor de alimentos orgânicos Marcos Palmeira, do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, do jornalista especializado em gastronomia Josimar Melo e da ativista chef e nutricionista Neka Menna Barreto, entre outros.

O DIRETOR

“Nos últimos 20 anos eu estive envolvido com pesquisa cultural. De uns tempos para cá, me dei conta de que aquilo que eu estava pesquisando, sobretudo política e mercado cultural, tinha muito pouco efeito na vida das pessoas. Então passei a me envolver com questões culturais mais cotidianas, que têm a ver com todos nós. E comida é um desses temas”, conta Brant.

Para ele, as nossas escolhas em relação à alimentação dizem muito sobre quem somos, as relações que desejamos manter com as pessoas ao nosso redor e com o planeta. O diretor acredita que os hábitos alimentares de uma sociedade são determinantes em seu modelo político e econômico. “Revelam também como é a nossa relação interior, com o corpo, saúde, cultura e espiritualidade”.

A COLABORAÇÃO

O filme foi produzido pela Deusdará Filmes, empresa de Brant, e pela Gaia Oficina de Cultura. Contou com a realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Federal de Incentivo e patrocínio da Alelo.

Com a colaboração de Caio Amon e Graziela Mantoanelli, Brant buscou personagens que misturassem diferentes realidades, visões e percepções a respeito da alimentação. “A ideia por trás dessa curadoria é tirar a alimentação do campo do certo e do errado, nos libertar um pouco dos dogmas e dos regimes fechados. A ideia é pensar na autonomia que cada um tem de escolher o seu próprio jeito de alimentar, e fazer relações mais amplas, com o modelo econômico e social”, explica o diretor.

A MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Alimentação também é política, e a partir dela é possível dialogar sobre temas como agronegócio, formas de sociabilidade a partir da comida, a incorporação de paisagens brasileiras à mesa, alimentos orgânicos, diversidade, saúde e muitos outros.

COMER O QUÊ? aborda essas questões de forma descontraída, pela própria fala dos entrevistados, e estimula o debate.

Como parte de uma iniciativa de mobilização realizada pela Taturana Mobilização Social, o filme já circulou por cidades como Belém, Brasília, Fortaleza, Niterói e São Paulo em sessões especiais de pré-lançamento, e foi exibido gratuitamente em universidades, equipamentos públicos e cineclubes.

Depois do lançamento oficial, o filme voltou para esse circuito, e está disponível para exibição em centros culturais, escolas, coletivos, cineclubes, universidades e qualquer outro equipamento de interesse público.

Para fazer parte da rede de exibidores, basta acessar a página do filme e se cadastrar.

#escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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O FUTURO É FEMININO

Por Sabina Deweik

O nome deste post faz referência a uma campanha de conscientização a respeito dos direitos das mulheres que vem tomando força no mundo todo. Elas reivindicam a correção de atrasos sociais, institucionais e constitucionais, a fim de finalmente alcançar uma sociedade equitária em oportunidades para homens e mulheres. Mas a campanha também nos leva a refletir a respeito de quais valores queremos imprimir no mundo, afinal o ser feminino está vinculado à diversas questões cotidianas que, se valorizadas, caminharemos para uma nova sociedade com novas perspectivas.

O PASSADO É MASCULINO

Há muitos anos a humanidade está vivendo uma era de valores masculinos. Em todas as esferas de nossa vida aprendemos a competitividade, o individualismo, a ação, o foco em resultados, os resultados a qualquer custo, a racionalidade. Esta forma de viver e enxergar o mundo e as coisas está dando espaço à emocionalidade, à colaboração, à intuição, ao cuidado, à empatia — valores esses ligados ao feminino. E aqui não entra em questão o gênero masculino ou feminino, mas de uma forma de ser, viver, trabalhar e perceber o nosso entorno de maneira distinta.

Se pensarmos no mundo do trabalho, fica fácil entender o quanto nos movemos até agora segundo padrões do masculino. No mundo organizacional, por exemplo, as habilidades até então requisitadas em um colaborador eram sua capacidade analítica e seu poder de gerar números e resultados. Até mesmo a competição foi super- valorizada. A mentalidade era: tenho que ser melhor que meu colega porque posso não receber a tão desejada promoção. Ou ainda: Se ele/ela se der bem eu não vou me dar bem.

FALHAMOS. E AGORA?

Aprendemos inúmeros valores herdados da Revolução Industrial. Adam Smith, em 1776, escreveu em A Riqueza das Nações: “Individualismo é Bom para toda a sociedade” ou “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”. Esse modelo foi incorporado por nós como a única lógica vigente. Um modelo social e econômico impondo sucesso como uma forma para atingir a felicidade ou ainda a ideia de que mais é melhor. Um modelo no qual o fazer sozinho, o não compartilhar fazem parte da lógica. Um modelo que nos distanciou das emoções, da consciência, do sentido maior. O resultado: uma população com altos índices de depressão, suicídio, burn out, estresse, ansiedade.

De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será até 2020, o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo. No Brasil, cerca de 5,8% da população tem a doença, o que faz do país o campeão de casos na América Latina. Os índices demonstram que algo neste sistema está falhando. O aumento de bens de consumo e produtividade não é proporcional ao aumento de felicidade e bem-estar.

NOVOS VALORES EMERGENTES

Mas a boa notícia é que a antiga lógica está começando a ser revisitada, dando lugar a uma série de valores emergentes que apontam a bússola para outra direção. Se pensarmos nos modelos de negócios mais inovadores de hoje, desde Spotify, Netflix, Waze, Google, Airbnb, Uber e outros, há sempre a lógica do compartilhar, de gerar experiência para o usuário, de democratizar o uso e levar a um número cada vez maior de pessoas a se beneficiar do serviço/produto. Sem falar que nenhum deles trabalha com um bem físico, nem possui nada. Essa é uma mudança de mentalidade importante. Passar da posse ao acesso. Vamos desfazendo a necessidade de pagar pela propriedade de algo para ter a experiência com algo.

Segundo Jeremy Rifkin em seu livro A Era do Acesso, “A transformação do capitalismo industrial para cultural está desafiando muitas de nossas suposições básicas sobre o que constitui a sociedade humana. As antigas instituições fundadas nas relações com propriedade, nas trocas de mercado e no acúmulo de bens materiais estão sendo arrancadas lentamente para dar lugar a uma era em que a cultura se torna o recurso comercial mais importante, o tempo e a atenção se tornam a posse mais valiosa e a própria vida de cada indivíduo se torna o melhor mercado”.

UM NOVO SER HUMANO

Esse tipo de relação está dando lugar a um ser humano diferente, com um novo significado do ser, em detrimento do ter. Essa prerrogativa está sendo impulsionada pelas novas gerações, principalmente a geração Y, nascida entre fins dos anos 70 e início dos anos 90, e a geração Z, nascidos entre o fim de 1992 a 2010. Esses jovens começaram a trazer à tona o conceito de propósito no trabalho. Para eles, assim como para a geração Z, o “fazer” precisa fazer sentido.

Quando nos perguntamos pelo sentido das coisas, estamos acessando uma maior consciência. Depois de muito tempo de resultados, de racionalidade, de ação, passamos a dar espaço para nossas emoções, dentro e fora do mundo corporativo. Nos permitimos, por exemplo, falar de empatia no mundo do trabalho.

O MASCULINO RESSIGNIFICADO

O masculino também está sendo ressignificado e hoje sua única função não é prover, mas cuidar, exercer outros papéis. Esses papéis ainda não estão consolidados, mas aos poucos sendo discutidos em inúmeras instâncias. No universo do consumo, as marcas já estão incorporando esses novos conceitos. A Axe por exemplo, por mais de uma década, realizava campanhas nas quais as mulheres perdiam a cabeça e controlavam seus impulsos sexuais quando confrontadas com as fragrâncias da marca. Mas há dois anos, a estratégia é outra. Desmascarando estereótipos e com mais inclusão, a marca retratou homens usando sua confiança e sabedoria, não necessariamente as fragrâncias, para conquistar mulheres.

UMA ERA MAIS FEMININA

A busca pelo conhecimento, a valorização do silêncio, da natureza, a valorização de técnicas de colaboração, de autoconhecimento como CNV (Comunicação Não Violenta), Mindfulness, Yoga ou o crescimento do coaching como ferramenta de desenvolvimento humano apontam para o mesmo lugar: a emergência de uma era mais feminina. O livro Liderança Shakti dos indianos Nilima Bhat, criadora dessa filosofia, e Raj Sisodia, líder do movimento “Capitalismo Consciente”, fala desta transição de paradigma:

“Tanto os homens quanto as mulheres foram condicionados a valorizar características de liderança que tradicionalmente são consideradas masculinas: hierárquica, individualista e militar”, dizem eles. “Nós reanimamos um arquétipo feminino de liderança: regenerador, cooperativo, criativo e empático”, acrescentam os autores.

No curso Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes da Escola São Paulo, exponho detalhes desta e de muitas outras novas formas de se comportar e de ser em sociedade. Nesse conteúdo, explico e faço análises de cases e movimentos de transformação, mostrando os prováveis próximos passos das pessoas, do mercado e das relações estabelecidas por eles.

POR QUE O FEMININO?

O feminino é circular, emocional, intuitivo, colaborativo, empático, compassivo, flexível, adaptável, acolhedor, solidário, multidisciplinar. O feminino permite um encontro genuíno com o eu, com a consciência de si, do outro, do mundo. Independente de gênero, o que o mundo precisa é trazer esses valores do feminino para todas as esferas e domínios da vida. Reconhecer o feminino em si, é reconhecer nossos valores mais humanos. É um antídoto para muitos anos de desconexão e não consciência.

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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VIRADA SUSTENTÁVEL – DIA 2

Temos que ser resilientes, para poder nos transformar e pensar de forma mais holística e sistêmica. As cidades precisam estar preparadas, os seres humanos precisam se preparar para o que estamos causando ou para o que pode vir como consequência do que estamos causando.

Clique aqui para para ler sobre o que vimos e sobre nossas impressões do dia 22, o dia anterior!

Mobilidade mais Humana

O objetivo do painel “Mobilidade mais Humana” foi despertar mais humanidade na mobilidade em nossas cidades, especificamente em São Paulo. Ouvimos muito sobre os problemas da mobilidade urbana relacionados aos modais de transporte, estruturas viárias e fluxo de veículos, tempo de locomoção, mas pouco discutimos sobre um elemento que está no centro dessa questão: o ser humano, com suas necessidades de deslocamento com mais qualidade de vida. Neste painel, Carolina Padilha, sócia do Carona a Pé, Cid Torquato, Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo e Mauro Calliari, da ONG Cidadeapé discutiram o conceito humano da mobilidade.

A apresentação começou com um vídeo, onde Diogo Faro foi à procura dos bons exemplos de mobilidade em Lisboa – e não encontrou!! Mas foi um excelente exemplo do que enfrentamos também por aqui.

Carolina, ao apresentar o projeto “Carona a Pé”, um projeto que vem sendo implantado em escolas, conta que o projeto começou de uma inquietação ao perceber como cada aluno ia para sua escola, para cumprir a mesma carga horária, cada um dentro de sua própria bolha, seus carros. Como professora, sabe a importância de se andar a pé, e o quanto podemos aprender durante deslocamentos a pé e observar a cidade sob um outro ângulo. Quando temos uma cidade com crianças circulando, temos uma cidade em equilíbrio. Uma cidade pronta para abraçar crianças é uma cidade pronta para abraçar qualquer um, atende todos os outros setores. Além de resolver outros problemas como evasão escolar, obesidade, sedentarismo, isolamento social e o congestionamento nas entradas das escolas. Poupar a criança da cidade não é protegê-la, como muitos pensam. O projeto propõe sensibilizar e capacitar a comunidade escolar que mora próxima para percorrerem juntos o trajeto de ida e/ou de volta da escola em pequenos grupos, em um horário pré-estabelecido, seguindo uma rota determinada, construindo uma nova relação com a cidade onde vivem.

 “Calçada, calçada, calçada!”

Cid Torquato, cadeirante, inicia sua fala nos inquietando: “Não tenho deficiência, a cidade que me faz pensar assim”. Relaciona diversidade e sustentabilidade como conceitos interligados e fundamentais para os desafios humanos e ambientais. Contou como tem trabalhado junto à Prefeitura de São Paulo nesse olhar cuidadoso às calçadas, pois, além de uma questão estrutural, a situação em que elas se encontram hoje representa um problema de saúde pública, já que 100 mil acidentes são reportados anualmente, e custam por volta de 600 milhões de reais aos hospitais públicos.

Pensando nisso, a gestão Bruno Covas concebeu o Programa Municipal de Calçadas, que pretende investir R$ 400 milhões até o final de 2020, requalificando 1,5 milhão de metros quadrados de calçadas públicas e privadas prioritárias em todas as regiões da cidade. Cid, em sua fala, pede que os cidadãos usem o número 156 para relatar problemas, elogios e novas ideias, pois o trabalho deles se baseia muito no resultado dessas ligações. Ele conta parecer uma briga sem fim, mas garante que vive pelos corredores da prefeitura com um mantra, inspirado na pamonha: “Calçada, calçada, calçada!”.

Mauro Calliari aponta todos os lugares onde encontramos humanos nas cidades se locomovendo – nas ruas, nas calçadas, nos carros, nos ônibus, nos metrôs, nos helicópteros… mas “humano” é a maneira em que essas pessoas conseguem se locomover, o quanto elas conseguem se locomover e, principalmente, o que sobra para a cidade quando elas se locomovem, ou seja, nas escolhas do transporte, o que a cidade resulta disso. Nos entrega algumas sugestões e tentativas de traduzir o “humano”, como aproveitar que existe um novo paradigma no mundo, o da apropriação, onde as pessoas mudaram a maneira de ver as cidades, onde a cidade modernista, construída para o deslocamento de carros não é mais aquilo que nos satisfaz e passamos a nos apropriar de espaços públicos, criando novos espaços que eram mal aproveitados. Dentre outras, chamou a atenção para a tecnologia, e como ela deve ser acolhida – não podemos mais ir contra aplicativos de compartilhamento, bicicletas e patinetes, ônibus elétricos, temos que aprender rapidamente e montar políticas públicas em cima disso. Cidade não deveria ser um lugar de passagem, mas de permanência.

Cidades Resilientes

Espaços como o Mirante Nove de Julho, que foi recuperado e hoje tem um papel importante na região da Avenida Paulista, são a prova de que a arquitetura e o urbanismo são fundamentais para tornar as cidades mais seguras e ainda geram novos significados para espaços esquecidos. Para os arquitetos Mila Strauss e Marcos Paulo Caldeira, professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola São Paulo, é preciso otimizar os espaços urbanos através de uma arquitetura mais holística.

No painel “Soluções Sistêmicas para Cidades Resilientes, a jornalista Monica Picavea nos apresentou o movimento das Cidades em Transição, que foi criado pelo inglês Rob Hopkins com o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integradas à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas. Percebeu que com o fim do petróleo barato, as pessoas não conseguiriam mais morar longe dos grandes centros urbanos, dificultaria o deslocamento dos alimentos, e que temos de pensar em uma vida que gaste menos energia. E só quem pode resolver esse problema é quem nos colocou nesse problema – a nossa sociedade! Segundo ela, precisamos parar de pensar em nosso CNPJ e passar a pensar em nosso CPF, pois é um movimento que deve ser feito por todos, unidos, em um momento de descoberta sobre o que viemos fazer no mundo afinal.

Eu reciclo, tu reciclas, ele…

Nós reciclamos, vós…

Eles não reciclam!

Gabriela Reis, gerente de marketing na eureciclo, empresa líder em logística reversa de embalagens pós consumo na América Latina, acredita que consumidor, empresas e governos precisam começar a atuar em conjunto para resolver a questão dos lixos espalhados em lixões, aterros sanitários e mares, problemas que estamos criando juntos há muito tempo. No Brasil, 90% do lixo é coletado, uma taxa que se equipara à países mais desenvolvidos, porém, apenas 3% dos resíduos recicláveis coletados são realmente destinados à reciclagem. Todos o restante é desperdiçado enquanto potencial de retorno ao ciclo produtivo. Diante desse cenário, o selo eureciclo surge para solucionar dois problemas: a destinação final das embalagens pós-consumo e a marginalização dos agentes da cadeia.

Aline Cavalcante, que trabalha em São Paulo com mobilidade urbana e o uso da bicicleta, buscou tratar a palavra resiliência, que acreditamos ser o ponto chave de todo o movimento sustentável que estamos passando. Cidades resilientes são cidades resistentes, capazes de suportar crises, colapsos, problemas naturais ou provocados pelo homem. Como construir cidades resistentes aos problemas que surgirão, já que vivemos em um país 85% urbano? Problemas que nós mesmos provocamos, como poluição das águas, do ar, resíduos, etc, frutos da nossa experiência como seres humanos na cidade. Sofremos efeitos na cidade que não estavam previstos e precisamos estar preparados para que não se tornem transtornos. Um desafio que só depende da gente. Criamos esse problema, temos que resolver. E podemos. Juntos.

#VireSuaCidade #escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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VIRADA SUSTENTÁVEL – DIA 1

A Virada Sustentável é um movimento de mobilização para a sustentabilidade que organiza o maior festival sobre o tema no Brasil. Começou em 2011, em São Paulo, e já realizou edições nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Manaus, entre outras.
A concepção temática da Virada Sustentável é, atualmente, baseada e totalmente concebida a partir nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, que são também os princípios que orientam a programação do festival em todas as cidades.
Participamos de parte da programação que aconteceu na Unibes, em São Paulo, nos dias 22 e 23 de agosto.

4ª Revolução Industrial e Gestão de Resíduos

Antonis Mavropoulos, em sua palestra “4ª Revolução Industrial e Gestão de Resíduos”, problematizou a relação que existe entre reciclagem e economia circular. Acredita que não devemos considerar a reciclagem como o caminho para a economia circular, pois perdemos tempo e dinheiro com ela, quando teríamos de avançar nas outras partes da cadeia (utilizar matérias-primas renováveis ​​ou biodegradáveis, projetar com responsabilidade para estender o ciclo de vida atual de um produto – reparando, atualizando e revendendo -, produzir com consciência, criar mais plataformas de compartilhamento e pensar em novos modelos de negócios como um todo).

Ele propõe novos modelos de negócios em que a mentalidade dos governos e marcas precisa ser diferente, uma vez que estes entendem tudo sobre o mercado financeiro, mas não sobre seus impactos sociais e ambientais. Ainda medimos progresso de forma errada, pelo PIB, o que, de novo, deixa como foco a questão financeira, e não a ambiental e a social. O reuso, por exemplo, não é medido no PIB, bem como o prolongamento da vida útil de um produto.

Segundo o fundador e CEO da D-Waste e Presidente da ISWA, o futuro do nosso planeta está na conexão entre Economia Circular e Indústria 4.0. Isso determinará se estamos indo em direção a um planeta com ou sem desperdício. A Economia Circular ou será digitalizada ou não prevalecerá.

A 4ª revolução industrial apenas acelerará o esgotamento de recursos e criará problemas mais complexos e danos mais irreversíveis se não caminhar de mãos dadas com a economia circular. Porém, tanto a indústria 4.0, como a economia circular, demandam mudanças radicais nos modelos, culturas e políticas de negócios a fim de entregar todos os resultados prometidos. Sem essas mudanças, tanto a indústria 4.0, como a economia circular, acelerarão o esgotamento de recursos e aprofundarão a desigualdade.Vivemos em uma nova sociedade, que leva ao surgimento de uma nova economia.

Economia circular do plástico

O jornalista e editor Caco De Paula, moderador do painel “Economia Circular do Plástico”, inicia sua fala comentando como o plástico, que mudou completamente a vida das pessoas em vários aspectos por muitos anos, passa hoje pelo problema no fechamento do ciclo, pois temos que pensar em uma nova forma de lidar com essa matéria-prima. E, ao se tornar um bem de consumo, temos uma série de “contratos sociais” que ainda não estão bem estabelecidos, envolvendo fabricantes, consumidores e governos. Algo que está em construção no mundo inteiro, não só no Brasil. Estamos praticando um exercício de virada, em que personagens da cadeia estão vivendo experiências, criando soluções e financiando pesquisas em busca de alternativas mais sustentáveis.

Nesse painel, presenciamos uma discussão aberta e informativa sobre os desafios e tendências da economia circular do plástico, com participação de representantes de grandes empresas da cadeia produtiva em nível global: Fabiana Quiroga, diretora de reciclagem da Braskem, Mariana Bazzoni de Werna Mendes, gerente de sustentabilidade da AMBEV, e César Sanches, diretor de sustentabilidade do Valgroup. Os representantes das três empresas têm como desafio suas áreas sustentáveis, investindo sempre em inovação como forma de garantir maiores facilidades para a reciclagem desse material. Consideram ser necessário criar um outro modelo de negócio, pois, no caso de outras matérias-primas, como o alumínio, o próprio produto reciclado financia o processo, o que está longe de acontecer com o plástico.

Fabiana Quiroga acredita que a questão do plástico deva passar por uma mudança comportamental de todos os setores da cadeia, desde a fabricação da matéria-prima, a transformação, a empresa de produção de bens de consumo e, no final, o consumidor em si. Todos os setores devem oferecer soluções sustentáveis para a sociedade e pensarem juntos em uma mudança comportamental.

Fabiana contou também como a Braskem se empenha todos os dias para melhorar a vida das pessoas por meio de soluções sustentáveis da química e do plástico, engajados na cadeia de valor para o fortalecimento da economia circular. Entre algumas ações, entregam conhecimento aos clientes no melhor aproveitamento da matéria-prima e em uma produção que facilite a reciclagem (quanto mais tipos de plásticos colocarem em uma embalagem, por exemplo, mais complexa sua reciclagem). Quando fala de mudança, chamou a atenção para a importância do design, em como pensar a melhor forma do design desse produto para que possa ser usado o máximo possível e, ao final, não tornar-se um resíduo, mas uma nova matéria-prima.

A designer, pesquisadora e doutora em Comunicação e Semiótica, Mônica Moura, autora do livro Faces do Design, define design como “ter e desenvolver um plano, um projeto, significa designar. É trabalhar com a intenção, com o cenário futuro, executando a concepção e o planejamento daquilo que virá a existir”.

Em nosso curso Design Sustentável, com Eloisa Artuso, além de trazer ferramentas sustentáveis aos designers, trazemos conhecimento e responsabilidade à todos os profissionais que estão pensando em suas marcas e negócios, sendo eles designers de produtos ou não.

Mariana Bazzoni de Werna Mendes conta como a AMBEV se posiciona frente às demandas da sociedade em prol da sustentabilidade, caminhando além das expectativas do consumidor sobre a reciclagem em si, repensando seu posicionamento acima das provocações que vem recebendo do consumidor. A AMBEV tem uma missão de conseguir transportar as expectativas do consumidor para o restante da cadeia, sendo inventiva, criativa e com muito diálogo entre todos os setores. Para ela, a visão de circularidade é ter diversos atores trabalhando em outros aspectos além do uso e descarte, como gerar valor em cima daquilo que normalmente não parece ter mais. Lixo é dinheiro, e temos que gerar valor e oportunidades para ele com inovação e novas ações.

César Sanches percebe que a economia circular gerará uma série de oportunidades para empreendedores, professores, pesquisadores. Novas tecnologias, automação, robótica, inteligência artificial, tudo isso vai se desenvolver, e cabe a nós usar os materiais e essas tecnologias de forma a criar uma sociedade melhor. Numa visão otimista, acredita que o ser humano, se observarmos ao longo de toda a sua história, já entendeu que a economia linear chegou ao seu limite e que podemos aproveitar todo esse conhecimento acumulado por séculos e transformá-lo em economia circular, sustentável. Não é uma obra concluída, mas está sendo feita.

Economia circular do alumínio

No painel “Reciclagem | Os desafios da profissionalização, geração de renda e consumo consciente”, Eunice Lima, diretora de comunicação e relações governamentais da Novelis, Estevão Braga, gerente de sustentabilidade da Ball, Cristiano Cardoso, da Cooperativa Recifavela, e Nina Marcucci, coordenadora de conteúdo do Menos 1 Lixo, discutiram como as empresas e as cooperativas têm buscado soluções  para aumentar a rentabilidade, melhorar a gestão e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas envolvidas no ciclo produtivo do alumínio.
Eunice Lima contou que o Brasil é o maior reciclador de alumínio do mundo, por ser um negócio altamente rentável. Temos um índice de 97,3% de reciclagem de latas de alumínio com 600 mil pessoas envolvidas no processo. A Sua reciclagem consome 95% menos energia elétrica, quando comparado à produção do alumínio a partir do minério, reduz em 95% a emissão de gazes de efeito estufa, além de ser um material infinitamente reciclável. Seu sucesso se dá pela estruturação da reciclagem do alumínio como negócio; investimento industrial em capacidade de reciclagem; as indústrias absorvem todo o material coletado (existe comprador garantido); valor agregado da sucata, que remunera atividades de coleta e transporte; logística reversa organizada; e valor compartilhado em todos os elos da cadeia. Não enfrenta os desafios de outros materiais como vidro, plástico etc.
Um processo que hoje é uma oportunidade de renda e já se tornou um novo modelo de negócio. Ponto para o alumínio.

Jogando luz no lixo invisível

Em uma cidade como São Paulo, o sistema de recolhimento, tratamento e destinação dos resíduos custa bilhões de reais todos os anos e envolve milhares de pessoas, incluindo toda a economia informal gerada pelos catadores e suas famílias, peças fundamentais no processo da reciclagem. Mas tudo isso não é suficiente se cada um de nós, cidadãos, não tomarmos consciência sobre nossas opções de consumo de produtos e a destinação dos resíduos que inevitavelmente são gerados. Para refletir sobre como essas questões estão todas interligadas, o painel “Jogando Luz no Lixo Invisível” reuniu uma roda de conversa com diferentes olhares sobre experiências de manejo sustentável de resíduos com Patrícia Lorena, CEI e Founder da Inurbe, Larissa Kroeff, cofundadora da Meu Copo Eco, e João Bourroul, do Pimp My Carroça. 
Patrícia Lorena nos apresentou dados como o de São Paulo ser responsável por 12% do PIB brasileiro e produzir, aproximadamente, 8% dos resíduos do país – 19 mil toneladas por dia, quantidade que encheria 140 aviões cargueiros 747-8F, os quais, se enfileirados, ligariam a Avenida Paulista ao aeroporto de Congonhas! Acumulando essa quantidade por três dias, encheríamos o Estádio do Pacaembu.

Lamenta a relação que os paulistanos têm com os resíduos – tratam de manter suas casas limpas, mas entendem a rua como responsabilidade alheia, sem perceber suas responsabilidades individuais em manter a cidade limpa e conservada.
Larissa Kroeff trouxe uma reflexão sobre o lixo produzido nos eventos, e percebeu uma oportunidade de negócio criando o projeto “Meu Copo Eco”. No Brasil, o custo do lixo se divide com o de saúde e o de educação nas gestões municipais – 97% do lixo geram custo por meio da coleta e manutenção dos aterros sanitários, enquanto que apenas 3% geram receita às cooperativas de reciclagem. “E se fosse o contrário?”, questiona ela.
João Bourroul, além de nos contar do trabalho dele com os catadores nos projetos Pimp My Carroça e Cataki, empoderando e trazendo autoestima a esses atores praticamente invisíveis da cadeia, nos presenteou com o testemunho de um catador, que veio para relatar os problemas que enfrentam no dia a dia, como a logística e a falta de respeito.

Clique aqui para para ler sobre o que vimos e sobre nossas impressões do dia 22, o dia seguinte!

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COMO A TECNOLOGIA PODE TORNAR AS CIDADES MAIS EFICIENTES?

A relação da humanidade com a tecnologia sempre foi conflituosa. Ao mesmo tempo em que a encarávamos como uma aliada para tornar o nosso dia a dia mais ágil e prático, também a enxergávamos como uma potencial ameaça (seremos substituídos por robôs?). Nos últimos anos, contudo, ela tem sido encarada como uma maneira de tornar as cidades cada vez mais eficientes. Um relatório recente elaborado pelo McKinsey Global Institute (MGI) concluiu que as tecnologias inteligentes podem ajudar as cidades a melhorar entre 10% e 30% alguns índices importantes de qualidade de vida, como redução de emissões de carbono, agilidade no deslocamento e redução de incidentes criminais.

Vidas podem ser salvas

Otimizando as centrais de atendimento e auxiliando no deslocamento no trânsito, por exemplo, a tecnologia pode reduzir entre 20 e 35% o tempo de resposta das chamadas emergenciais em casos de acidentes de carro ou incêndios, o que significa mais chances de salvar vidas. Um exemplo prático: graças a 8.200 megafones instalados na Cidade do México, seus 20 milhões de habitantes conseguiram ser alertados a tempo sobre o terremoto que atingiu o município em setembro de 2017, o maior registrado em um século. Instalado na costa do Pacífico há 20 anos, o sistema lança uma onda que aciona alarmes em escolas, escritórios e outros prédios da capital mexicana, dando aos habitantes o tempo de um minuto para saírem dos prédios antes do início dos tremores. O aplicativo SkyAlert também foi lançado com este objetivo, mas não funcionou durante o abalo sísmico – ainda que seja uma importante aliada, a tecnologia também falha.

Mapeamento para aumentar a segurança

Embora não possa, isoladamente, solucionar a criminalidade de uma cidade, a tecnologia pode ajudar a reduzir entre 30% e 40% os incidentes de assalto, roubo de carros e furtos, segundo o levantamento do MGI. Tudo graças ao mapeamento em tempo real das situações e, claro, ao policiamento preventivo. Contudo, este monitoramento deve ser feito com bastante cautela de modo a não interferir no direito de ir e vir dos cidadãos e a não contribuir na criminalização e no isolamento de alguns bairros e comunidades – muito antes de ser uma questão tecnológica, a criminalidade, de uma maneira geral, é fruto de desigualdades sociais.

Ainda segundo o estudo, até o ano de 2025, as cidades que fizerem o uso de aplicativos de mobilidade inteligente têm o potencial de reduzir os tempos de deslocamento entre 15 e 20% em média. Isso significa uma economia de 15 minutos por dia em uma cidade de trânsito intenso, por exemplo. Além disso, a tecnologia pode ajudar as equipes técnicas responsáveis a resolverem problemas de atraso e falhas com mais agilidade e orientar os motoristas a optarem por rotas mais rápidas.

No âmbito da saúde, a tecnologia pode reduzir em mais de 5% o índice de doenças em crianças, levando em consideração uma cidade em desenvolvimento, por exemplo, baixando as taxas de mortalidade infantil. Em cidades mais desenvolvidas, já existem sistemas que, por meio de dispositivos digitais, realizam exames que são posteriormente encaminhados para avaliação médica – tudo à distância. As avaliações ajudam o paciente e o médico a saberem quando uma intervenção é necessária, evitando complicações e internações.

Um exemplo prático de como a tecnologia pode contribuir com a saúde das populações é o data_labe. Criada no Rio de Janeiro, a iniciativa ajuda moradores da periferia da cidade a sugerirem políticas públicas que melhorem a realidade de suas comunidades. As propostas são feitas a partir da análise e do cruzamento de dados públicos. Por meio da iniciativa, por exemplo, a doula Vitória Lourenço identificou que as grávidas que mais morriam na cidade eram moradoras da periferia, jovens, negras e com baixo nível de escolaridade. Sua pesquisa serviu de base para o projeto de ampliação das Casas de Parto, lei apresentada pela vereadora Marielle Franco – assassinada em março de 2018.

Internet das coisas

Integrante da incubadora da Coppe, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a startup criada pelo engenheiro Sergio Rodrigues combina tecnologias como internet das coisas e inteligência artificial para ajudar a solucionar problemas das cidades. Em parceria com o Ministério do Planejamento, a empresa desenvolveu o projeto Sigelu Aedes com o objetivo de contribuir nas ações de enfrentamento do mosquito Aedes aegypti. “No primeiro ano do projeto, aumentamos de duas mil para 200 mil vistorias. Deste total, seis mil tiveram focos comprovados”, afirma Rodrigues em entrevista à revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios.

A tecnologia também tem sido utilizada para combater o déficit habitacional das grandes cidades no mundo. Atualmente, os edifícios são pensados e construídos como no século passado, mas iniciativas como construções modulares e bairros integrados tecnologicamente estão se tornando cada vez mais comuns, conforme aponta artigo da consultoria CB Insights. Neste novo cenário em desenvolvimento, até empresas de tecnologia como Google e Facebook têm se mostrado presentes, conforme reportagem da revista Época Negócios. A primeira investiu entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões em 300 unidades habitacionais modulares no bairro de Moffett Field, na Califórnia, e iniciou em 2017 a construção de um empreendimento com cerca de 10 mil unidades. Já a segunda vai construir em seu campus 1.500 apartamentos planejados (além de estabelecimentos e parques) voltados para seus funcionários e também para o público.

Para além da dualidade vilã x heroína, devemos encarar a tecnologia como nossa aliada na construção de cidades mais eficientes para todos os seus moradores, facilitando o seu dia a dia e, principalmente, fortalecendo os laços em comunidade. Afinal, não podemos esquecer que não é a inteligência artificial que faz uma cidade, mas sim os seus habitantes.

Arquitetura como agente de transformação

O Projeto de revitalização do Mirante Nove de Julho é um ótimo exemplo de como a tecnologia pode tornar a cidade mais inteligente, com soluções simples e relativamente baratas. Após a reforma, o espaço é ocupado por um café, feiras e eventos, e como nos conta Mila Strauss, arquiteta e nossa professora do curso online de Arquitetura e Urbanismo, responsável junto com Marcos Paulo Caldeira, pela reforma e recuperação da primeira fase do Mirante:

“O Mirante Nove de Julho é um exemplo onde a internet funciona como um ator muito importante. No pavilhão que foi reformado, encontra-se internet disponível. Tem muita gente que passa o dia trabalhando lá, ou desce para consultar alguma coisa. E é assim que as empresas que estão lá conseguiram engajar muitas atividades: através da internet. Esses usos novos, que são as bases das cidades inteligentes (tecnologia e a sustentabilidade), vão ativar muito espaços que estavam ociosos, de uma forma democrática e dinâmica. E ficamos muito felizes (e animados!) em poder fazer parte disso”.

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NEGÓCIOS COM PROPÓSITO PODEM AUMENTAR A LUCRATIVIDADE

Quando o lucro é aliado a um propósito

Você já ouviu falar em negócios sociais? O termo foi cunhado na década de 1970 pelo economista Muhammad Yunus. Ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 2006, ele é o fundador do Yunus Social Business Global Initiatives, um fundo de investimento sem fins lucrativos que transforma doações filantrópicas em investimentos em negócios sociais. A iniciativa tem uma unidade brasileira, a Yunus Negócios Sociais Brasil.

Desde a década de 1990, os negócios sociais foram ganhando cada vez mais adeptos no mundo, sobretudo nos EUA e na Europa. Segundo estimativa do banco de investimento JPMorgan Chase, os negócios sociais devem movimentar US$ 1 trilhão no mundo todo até 2020 – R$ 50 bilhões somente no Brasil. “Negócios sociais são empresas que têm como foco principal servir a base da pirâmide. O impacto social é o foco central do trabalho, mas, para isto, elas utilizam mecanismos de mercado, como a venda de produtos. Pode ser uma empresa que visa o lucro, no entanto, que tenha como sua atividade principal resolver um problema social”, explica Renato Kiyama, Gerente da Aceleradora de Impacto da Artemisia, em entrevista à Exame. A Artemisia é uma organização sem fins lucrativos, pioneira na disseminação e no fomento de negócios de impacto social no Brasil, que já acelerou mais de 100 negócios e já ofereceu capacitação para outros 300.

Negócios que tendem a crescer cada vez mais

A startup de compras on-line Welight é um exemplo. Criado em 2016, o negócio é um misto de empresa social e ONG e atua em três ferramentas: site, aplicativo e plug-in. Ao fazer uma compra pelo site ou pelo aplicativo da startup em uma das mil lojas parceiras da iniciativa, a Welight repassa entre 0,5% e 15% do valor do produto adquirido. Parte deste dinheiro vai para um dos 30 projetos sociais listados pelo site dedicados a questões de gênero, educação, combate à fome, meio ambiente, entre outras. A Welight fica com cerca de 10% do total arrecadado com as comissões para se manter. Todo o processo é auditável e fica disponível para os clientes. “Todas as relações de consumo podem ser uma geração de impacto social escalável. A ideia é globalizar a operação, já que desafios humanitários e ambientais existem em todos os lugares”, explica Pedro Paulo Lins e Silva, um dos criadores da iniciativa, em entrevista ao Draft.

Oportunidades não faltam

Outra iniciativa bastante interessante é a da Signa, que é atualmente uma das principais referências de educação online para surdos. Criada há dois anos, a startup oferece mais de 20 cursos, já atendeu mais de 1.300 alunos e tem um faturamento mensal de R$ 40 mil. A próxima etapa da empresa é abrir espaço para que os próprios alunos criem novos cursos (uma maneira da startup aumentar o portfólio de cursos e oferecer aos estudantes uma nova fonte de renda) e expandir a proposta para outros países. “O empreendedorismo é a resposta para melhorar a sociedade”, afirma Randall Kempner, diretor executivo da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande), rede global de apoio a negócios de impacto social.

A iniciativa conta com 280 integrantes em todo o mundo e auxilia empreendedores em 150 países emergentes. Em entrevista à revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios, ele explica que o Brasil ainda está descobrindo o potencial dos negócios sociais. Um estudo realizado pela Ande, em 2016, conseguiu identificar apenas 29 investidores de impacto locais, com US$ 177 milhões para investir, a maioria na região Sudeste. Ainda assim, ele espera que o levantamento deste ano irá apresentar um crescimento no número de adeptos ao modelo. “Eu gostaria que as grandes companhias percebessem que investir em negócios sociais pode ser uma grande oportunidade. Você tem a possibilidade de lucrar e causar impacto social nas áreas em que atua. Então, vá atrás disso, explore diferentes caminhos.”

Como criar novos modelos de negócios para o design no Brasil e pensar outras economias?

A FIA {oficina de artesãs} nasceu da vontade de repensar os laços entre mercado, artesãos, designers e consumidores.

Refletindo sobre formatos de comercialização tradicionais e em como minimizar os custos em toda a cadeia do artesanato para que o artesão pudesse ser mais valorizado, o projeto foi idealizado a partir de conversas durante oficinas ministradas na Casa da Economia Solidária pela designer Celina Hissa, diretora da marca Catarina Mina, para artesãs de Sobral (Ceará). 

Ao final das oficinas, com uma mini coleção criada e peças-piloto prontas para serem reproduzidas, veio à tona o principal desafio: como fazer com que aquelas peças, tão bonitas, feitas com tanto carinho e vontade chegassem até o consumidor final? E mais: como fazer com que as pessoas que se dedicaram ao artesanato – e que reinventaram seus processos – pudessem se sentir encorajadas, confiantes e seguras, inclusive financeiramente, com aquilo que produziram?

Juntas, Celina Hissa, Silvana Parente, do IADH, e Lívia Salomoni, especialista em marketing e comunicação, decidiram entrar no Catarse, mas de uma forma diferente. Por meio do financiamento coletivo, conseguiram 222 apoiadores e, em um mês, fizeram uma pré-venda de quase R$ 40.000,00. Assim foi dado o start financeiro para a primeira coleção. Hoje, a Fia tem uma pop-up no site da Catarina Mina, marca da designer Celina Hissa, que, em conjunto com a oficina de artesãs, criou coleções para marcas como a Neon e já fecharam parceria com a OppaDesign.

Segundo Eloisa Artuso, professora do curso online de Design Sustentável da Escola São Paulo, “O futuro da moda e do design precisam refletir a nova consciência de uma era em que designers e consumidores estão verdadeiramente preocupados com a pegada ecológica e social dos produtos. Precisamos finalmente entender que as coisas devem ser vistas a partir de outra perspectiva: onde ‘ser’ é mais importante do que ‘ter’. As mentes criativas podem combinar inovação e sustentabilidade para transformar comportamentos culturais e levar o consumo a um patamar de melhor qualidade para então conseguirmos fechar a equação de um planeta finito.”

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O PLÁSTICO NO FUTURO

A imagem é chocante: uma gigantesca camada de lixo plástico boiando no oceano, reflexo direto dos nossos hábitos de consumo e descarte, um sinal claro de que devemos rever urgentemente nossas atitudes. O registro é da chamada Grande Mancha de Lixo do Pacífico, uma área descoberta na segunda metade da década de 1980, localizada entre a costa ocidental dos EUA e o Havaí, que acumula resíduos levados pelas correntes marítimas, muitos deles plástico.

De acordo com levantamento da fundação holandesa The Ocean Cleanup, a mancha tem cerca de 80 mil toneladas de plásticos descartados em uma área quase duas vezes e meia maior que o território da França. O estudo coletou 1,2 milhão de amostras e selecionou 50 itens com data de fabricação legível. O resultado? Havia plástico de 1977 e das décadas de 1980 e 1990. Além disso, a pesquisa identificou que a maior parte do 1,8 trilhão de peças presentes na mancha é composta por pedaços pequenos que medem menos de meio centímetro. “Um relatório de 2016 da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 800 espécies marinhas e costeiras são afetadas pela ingestão desses plásticos”, explica a pesquisadora Daniela Gadens Zanetti, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em entrevista à revista Planeta. “Além disso, esses resíduos têm um efeito adverso nas indústrias de pesca, navegação e turismo. O relatório da ONU avalia o custo da poluição causada por detritos marinhos em US$ 13 bilhões”, acrescenta.

Muito além do canudinho

No ano de 2014, foram fabricadas 311 milhões de toneladas de plástico. Caso não mudemos os rumos, em 2050, serão produzidas 1,124 bilhão de toneladas. Uma quantidade gigantesca de plástico que demorará anos para desaparecer. Plásticos usados em embalagens de água e refrigerantes, por exemplo, levam até 200 anos para se decompor. Já os utilizados na fabricação de talheres e cartões de crédito de seis meses a dois anos. “Bactérias e fungos que decompõem os materiais não tiveram tempo de desenvolver enzimas para degradar a substância”, explica a engenheira química Marilda Keico Taciro, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em entrevista à revista Superinteressante. “Com a evolução, os microorganismos devem se adaptar, mas isso pode levar milhões de anos”, acrescenta o biólogo José Gregório Cabrera Gomes, também do IPT, na mesma publicação.

Nossos números assustam

Segundo dados do estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) o volume de plástico que chega aos oceanos anualmente é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o equivalente a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos.

Nesse ranking, o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Esse número foi divulgado no relatório “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização” apresentado na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4) em Nairóbi, no Quênia, em março de 2019.

Além disso, segundo esse mesmo estudo, somos um dos países que menos reciclam no mundo. No caso do plástico, reciclamos 145.043 toneladas, ou seja, apenas 1,2%, bem abaixo da média mundial, que é de 9%.

Veja mais alguns números:

  • Cada brasileiro produz 1 kg de lixo plástico por semana
  • O Brasil produz 11.355.220 milhões de toneladas de lixo plástico por ano
  • 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular
  • 7,7 milhões de toneladas ficam em aterros sanitários

Alternativas em curso

Já temos no mercado um plástico biodegradável chamado PHB que vira pó em seis meses nos aterros sanitários. Mas a sua fabricação custa até cinco vezes mais que os plásticos comuns e, portanto, ainda o torna inviável na prática (atualmente, ele responde por apenas 1% do total de plástico vendido no mundo). Recentemente, os engenheiros chilenos Roberto Astete e Cristian Olivares anunciaram a criação de sacolas plásticas e de tecido solúveis em água e que não contamina, uma vez que não levam petróleo em sua composição. “Nosso produto deriva de uma pedra calcária que não causa danos ao meio ambiente”, assegurou Astete, diretor-geral da empresa SoluBag, conforme reportagem do portal UOL. “É como fazer pão”, acrescenta. “Para fazer pão é preciso farinha e outros ingredientes. Nossa farinha é de álcool de polivinil e outros componentes, aprovados pela FDA (agência americana reguladora de alimentos, medicamentos, cosméticos, aparelhos médicos, produtos biológicos e derivados sanguíneos), que nos permitiu ter uma matéria-prima para fazer diferentes produtos.”

Após a diluição dos produtos, o que fica na água é carbono, elemento que não afeta a sua qualidade. A iniciativa inovadora ganhou o prêmio SingularityU Chile Summit 2018 como empreendimento catalizador de mudança e rendeu aos inventores um estágio no Vale do Silício em setembro de 2018. A proposta ainda está em estágio inicial e não pode ser considerada uma solução definitiva para a questão.

Nada se perde, tudo se renova

O mal causado pelo plástico nos oceanos é um problema real e urgente que mobilizou a opinião pública e governos e fez com que diversas empresas apresentassem ações visando não apenas a redução do consumo de plástico, como também a readequação da sua cadeia produtiva para esta finalidade. Baseando-se na lógica da economia circular, essas empresas estão se adequando para produzir de maneira modular, de modo a reaproveitar ao máximo os elementos que compõem o seu processo de produção e gerar menos impacto ao meio ambiente. Nada se perde, tudo se renova.

A cervejaria dinamarquesa Carlsberg anunciou recentemente que irá colar as latinhas ao invés de utilizar o invólucro de plástico em seus conjuntos de seis unidades. A cola utilizada no processo é uma espécie de goma de mascar que não gruda nos dedos. A expectativa da empresa é reduzir em até 76% o plástico utilizado (uma economia de 1,2 mil toneladas de plástico por ano). Batizada de Snap Pack, a novidade entrou em vigor em setembro no Reino Unido e na Noruega e deverá chegar em breve nos demais mercados de atuação da marca.

O mercado da moda também está se transformando, pressionado por consumidores mais conscientes. Em parceria com a organização Parley for the Oceans, a Adidas lançou pares de tênis feitos com plástico retirado dos oceanos (cada par utiliza 11 garrafas de plástico que são transformadas em uma espécie de fibra). A novidade rendeu mais de um milhão de vendas e se desdobrou na fabricação de camisas de futebol (adquiridas por times como Real Madrid e Flamengo). A empresa pretende, até 2024, produzir produtos apenas com plástico retirado dos mares.

Reconhecida pelo seu foco em ações sustentáveis, a designer Stella McCartney anunciou a utilização de plástico dos oceanos em suas criações graças, também, a uma parceria com a Parley for the Oceans. “Quando eu era mais nova, couro era sinônimo de luxo, e as pessoas não aceitavam que eu não usasse couro nas minhas peças. O couro é mais barato do que outros produtos alternativos, é menos interessante, menos moderno. Será que um plástico reciclado será pensado como luxo algum dia? Se as pessoas perceberem que viver por mais tempo neste planeta é um luxo, então sim, essa é a minha ideia de luxo”, declarou a estilista em entrevista ao The New York Times.

Até 2020, a Starbucks vai deixar de usar canudos de plástico substituindo-os por materiais menos poluentes. A empresa também vai passar a utilizar copos que não demandem o uso do objeto plástico. O objetivo da rede é que mais de um bilhão de canudos deixem de ser usados por ano graças à medida. Vale lembrar que o tempo de decomposição de um canudo plástico é de 500 anos. Empresas como Nestlé e PepsiCo também estão sendo pressionadas por seus investidores a implementarem ações semelhantes.

Design Circular

Eloisa Artuso, designer, pesquisadora e diretora educacional do Fashion Revolution Brasil, desenvolve seu trabalho baseado no lugar onde sustentabilidade, cultura e comunicação se fundem com o design.

O designer sustentável tem um papel crucial na implementação de novos processos e sistemas mais sustentáveis. Ele enxerga a sustentabilidade como uma possibilidade criativa, e não limitadora. Traz para sua prática um olhar ativista. Se entende como criador de mensagens, como um propulsor e propagador de novos modelos de produção e de consumo, em um papel muito importante no desenho de novos futuros e de futuros mais sustentáveis.

Segundo Eloisa, o papel do designer vai muito além do que criar produtos. Vê o designer num papel de criar novos sistemas, novos processos e novos futuros onde estes produtos estarão incluídos.

Em nosso curso online de Design Sustentável, ela traz o design como um dos agentes de transformação da situação que enfrentamos, utilizando as 5 ferramentas para o design circular: design para longevidade, design para serviços, design para reuso, design para desmontagem e design para recuperação.

“É o dever de cada um de nós garantir que a busca pela prosperidade material não comprometa nosso meio ambiente. As escolhas que fazemos hoje definirão nosso futuro coletivo. As escolhas podem não ser fáceis. Mas através da conscientização, da tecnologia e de uma parceria global genuína, tenho certeza de que podemos fazer as escolhas certas.”

Primeira ministra da Índia, Narendra Modi

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A FACULDADE DO FUTURO

No atual mercado de trabalho, todo conhecimento é válido

Em um mercado de trabalho cada vez mais concorrido, qualificação profissional (diploma universitário) é um quesito indispensável, correto? Não necessariamente, ao menos para as mais importantes empresas de tecnologia do mundo, como Google, Apple e IBM. A informação consta em um levantamento feito pelo site de busca de empregos Glassdoor. Além das gigantes de tecnologia, figuram na listagem empresas como Hilton, Whole Foods, Starbucks e Bank of America.

Não que elas desconsiderem a formação tradicional ao contratarem seus colaboradores, muito pelo contrário. Mas, cada vez mais, estão ampliando o seu leque de análise e considerando a qualificação de profissionais sem diploma universitário em seus processos seletivos. A mudança de comportamento tem uma motivação prática: o número de vagas no setor é superior à quantidade de candidatos. Além disso, o desenvolvimento de setores como o de Tecnologia tem motivado o desenvolvimento de novas habilidades e a criação de “novos empregos”.

Um outro modelo de formação

A vice-presidente de talentos da IBM, Joanna Daley, declarou ao site CNBC Make it que, em 2017, cerca de 15% das contratações de sua empresa nos EUA não têm graduação de quatro anos. Segundo ela, em vez de olhar exclusivamente para candidatos que foram para a faculdade, a IBM agora avalia também os candidatos que têm experiência prática por meio de bootcamps (programas de ensino imersivo que focam nas habilidades mais relevantes de determinada área), outros empregos ou mesmo por esforço próprio. Na visão da empresa, cursos livres ou vocacionais e a experiência adquirida no trabalho muitas vezes são mais eficazes do que o conhecimento adquirido em quatro anos de universidade, por exemplo.

De acordo com levantamento da Associação de Controle e Auditoria de Sistemas de Informação dos EUA (Information Systems Audit and Control Association, em inglês), 55% dos recrutadores da área consideram a experiência prática a qualificação mais importantes. “Os ‘novos empregos’ não apenas trazem candidatos que constroem habilidades através de outros campos de conhecimento, mas também profissionais mais velhos ou aposentados que retornam ao mercado de trabalho”, afirma Joanna.

Seres humanos excepcionais

Em 2004, o então vice-presidente de Recursos Humanos da Google, Laszlo Bock, declarou em entrevista ao The New York Times que a companhia priorizava a capacidade cognitiva geral do candidato, não o seu quociente de inteligência. “É a capacidade de aprender. É a capacidade de processar na hora. É a capacidade de reunir diferentes tipos de informações”, disse. “Quando você olha para pessoas que não fazem faculdade e, mesmo assim, fazem o seu caminho no mundo, elas são seres humanos excepcionais. E devemos fazer tudo o que pudermos para encontrar essas pessoas. Muitas faculdades não cumprem o que prometem. Você gera uma tonelada de dívidas e dúvidas, você não aprende as coisas mais úteis para a sua vida. É [apenas] uma adolescência prolongada”, acrescentou.

A Escola São Paulo pensando no futuro

A Escola São Paulo é, desde 2006, um espaço democrático de compartilhamento de experiências e de conhecimento, a favor de iniciativas que promovam o diálogo e o respeito às diferenças e que contribuam para que a gente possa viver em uma sociedade mais justa, respeitosa e generosa. Não acreditamos em verdades absolutas. A nossa proposta é fazer um convite à reflexão. A partir dessa responsabilidade procuramos profissionais atuantes no mercado e produzimos cursos com conteúdos que a gente tem curiosidade em estudar e acredita que são relevantes e que vão acrescentar alguma coisa na vida das pessoas.

Em um mundo em constante transformação como o nosso, um diploma de graduação já não é garantia de sucesso. No atual mercado de trabalho, mais importante que um certificado acadêmico é o conhecimento adquirido por cada profissional, seja pelos métodos tradicionais ou por vias menos convencionais.

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PERIFERIA EMPREENDEDORA

Em 2012, inspirado pelo livro O banqueiro dos pobres, do economista Muhammad Yunus (criador do termo Negócios Sociais), o jovem Thiago Vinícius criou o Banco Comunitário União Sampaio, no Capão Redondo, bairro onde mora na periferia de São Paulo. O capital de giro inicial foi de R$ 20 mil, captados via crowdfunding. A iniciativa funciona com duas carteiras, uma produtiva e outra para consumo. A primeira opera em reais, com juros de até 2%, e segunda com o Sampaio, moeda criada pela instituição, sem juros, que é aceita por diversos estabelecimentos da zona sul paulistana. Desde sua criação, o banco já movimentou mais de R$ 1 milhão.

Presidente da Associação das Mulheres de Paraisópolis, na zona sul paulistana, Elizandra Cerqueira criou o Bistrô & Café Mãos de Marias, iniciativa que, desde 2017, oferece cursos de capacitação e empreendedorismo para mulheres do bairro. Além disso, mantém uma horta orgânica de onde as cozinheiras tiram os ingredientes para fazer os pratos vendidos no espaço (o cardápio é composto por iguarias da culinária nacional, como virado à paulista, feijoada, bobó de camarão e moqueca de peixe, entre outros). O Bistrô tem o objetivo de apoiar as mulheres de Paraisópolis – atualmente, elas representam 53% da população local e chefiam 20% das famílias do bairro.

Thiago e Elizandra integram o grupo de quase 18 milhões de empreendedores das classes C, D e E que movimentam mais de R$ 228 bilhões por ano no país, segundo o Instituto Locomotiva e o Data Favela. Segundo levantamento da consultoria Data Popular, na última década, os negócios movimentados entre os 12,5 milhões de moradores de favelas geraram R$ 68,5 bilhões de renda anual. Um mercado cada vez mais forte e diverso que tem impactado diretamente os índices econômicos nacionais. “A periferia é a base da economia solidária”, afirma Thiago, em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

Apesar dos números expressivos, os empreendedores da periferia ainda sofrem preconceito do mercado e têm dificuldade para encontrar investidores que os auxiliem a colocar os seus projetos em prática. “Muitos acreditam que quem mora nas periferias não tem muito conhecimento. Não levam muita fé no nosso trabalho”, afirma Elizandra, em entrevista à Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

Mesmo diante destes entraves, é cada vez maior o número de iniciativas em curso com o objetivo de auxiliar projetos empreendedores das periferias das grandes cidades brasileiras. A Artemisia é uma delas. Dentre os projetos já apoiados pela aceleradora de negócios de impacto social está a boutique Krioula, criada no Capão Redondo, em São Paulo, que vende turbantes, colares, anéis e brincos inspirados na cultura afro. “Queremos focar o nosso trabalho cada vez mais nas regiões periféricas porque potenciais não faltam”, afirma Priscila Martins, gerente de relacionamento institucional da Artemisia, em entrevista à revista Época Negócios.

O Fundo de Aceleração para o Desenvolvimento Vela (FA.VELA), de Belo Horizonte, Minas Gerais, é outro espaço que vem auxiliando empreendedores da periferia. Em entrevista ao jornal Brasil Econômico, o presidente e cofundador da iniciativa, João Souza afirma que, somente em fevereiro de 2017, 48 negócios foram gerados para garantir o crescimento e a sustentabilidade das iniciativas lideradas pelos 35 empreendedores periféricos. Atualmente, já foram acelerados 122 negócios e formados mais de 130 empreendedores. De acordo com o Fundo, 42% atuam na área de serviços, 40,3% em fabricação de alimentos/artesanato e 17,7% na área comercial. “A gente tenta fortalecer este perfil empreendedor do morador de periferia democratizando o acesso a conhecimentos e a ferramentas que o ajudam a modelar melhor esse negócio, esse projeto que ele quer tocar e pensar a médio e longo prazos”, explica Tatiana Silva, diretora de projetos do FA.VELA, em entrevista à TV Globo de Minas Gerais.

Retratar como moradores da periferia de São Paulo estão transformando a realidade de suas comunidades com iniciativas inovadoras em áreas como gastronomia, comunicação e moda é o principal objetivo do documentário Visionários da Quebrada. “Acreditamos nas mudanças estruturais vindas das margens, nos saberes das periferias e na potência das pessoas engajadas na construção de suas comunidades. É um convite para atravessarmos as pontes que já estão construídas”, explica, explica Ana Carolina, idealizadora e diretora do filme.

Em visita ao Brasil em 2019, Barack Obama causou furor e comoção, falando sobre diversidade de direitos e oportunidades.

“Se houver apenas homens que pensam da mesma forma, as lideranças acabam perdendo informações”, e aqui acrescentaríamos: se não ampliarmos nossos olhares estaremos todos perdendo grandes profissionais, empreendedores, criativos, desenvolvedores, desbravadores dessa nova economia que está nascendo.

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