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Como podemos começar a (re)desenhar nosso futuro

O que a pandemia do coronavírus pode nos dizer sobre a maneira como temos conduzido os negócios?

Por Eloisa Artuso*

*Designer, diretora educacional do Fashion Revolution Brasil e nossa professora de Design Sustentável. Com um trabalho fundamentado no espaço onde sustentabilidade, cultura e educação se fundem com o design, se dedica a projetos que incentivam profundas transformações na indústria da moda. Siga @eloartuso

Vivemos em uma emergência climática, enquanto a indústria da moda é considerada uma das maiores poluidoras do mundo, além de responsável por uma exploração crescente de trabalhadores em sua cadeia de fornecimento. No entanto, marcas e varejistas ainda não estão assumindo responsabilidade suficiente pelos salários e condições de trabalho em suas fábricas e fornecedores, pelos impactos ambientais dos materiais e processos que utilizam ou por como seus produtos afetam a saúde das pessoas, animais e planeta.

Junto a isso, em meio à crise trazida pela propagação global da covid-19, gostaria de trazer uma reflexão: o que a pandemia do coronavírus pode nos dizer sobre a maneira como temos conduzido os negócios?

Primeiro, precisamos reconhecer que a ideia de desenvolvimento e progresso que conhecemos está nos conduzindo para um fim cada vez mais crítico, insustentável e talvez irreversível. Continuar vivendo na crença de crescimento infinito em um planeta finito é uma ilusão trazida por um sistema econômico centrado no homem, que desconsidera completamente a natureza e nossa intrínseca relação de vida com ela. A natureza não é nossa, não podemos fazer com ela o que quisermos, ela é a nossa casa e nós somos ela.

Recentemente, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente declarou que a humanidade estava pressionando demais o mundo natural, com consequências nocivas, e alertou que não cuidar do planeta significa não cuidar de nós mesmos e que o coronavírus é um “claro tiro de advertência”. A destruição dos sistemas naturais tem que acabar agora.

Empowerment to help others. Making masks for those in need. Image created by Guilherme Santiago. Submitted for United Nations Global Call Out To Creatives – help stop the spread of COVID-19

Está na hora de ser melhor do que o de costume, nossos modelos de produção e consumo, assim com as diretrizes políticas e econômicas imperantes, não são nem de perto o suficiente para lidar com uma pandemia ou com a crise climática que bate a nossa porta. Definitivamente, precisamos mudar.

Neste momento, estou em quarentena, recebendo uma enxurrada de informações e atualizações constantes, 24 horas por dia, assim como você, sobre a pandemia global, suas vítimas e suas desastrosas consequências. As notícias giram em torno, basicamente, de duas grandes esferas, a ciência da saúde e a ciência econômica, que por sua vez, parecem ter se tornado dois polos em combate.

Em meio a contradições, guiadas por líderes governamentais claramente perdidos mediante à crise e muitas vezes completamente irresponsáveis em suas tomadas de decisões como, por exemplo, as ações negligentes do nosso governo federal, que colocam toda a população brasileira em alto risco ao tratar com descaso as orientações impostas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo próprio Ministério da Saúde.

No entanto, o sistema econômico que se defende aqui, ainda se baseia em um modelo de produção e consumo que surgiu das condições e da mentalidade do século XIX, portanto, completamente incapaz de resolver os desafios que enfrentamos hoje. Schumacher, um influente economista do Reino Unido defendia, já no início da década de 70, uma “economia como se as pessoas importassem”, ou seja, uma economia que coloca as pessoas e a natureza acima do lucro. Esse é o pensamento econômico que o mundo (ainda que tardiamente) precisa agora.

Todos os sinais já foram dados, não nos cabe mais adiar essa mudança de paradigma, precisamos de novas e mais avançadas economias, que façam jus à realidade em que vivemos, que sejam adequadas a 2020 e sustentáveis. Economias aptas a dar suporte e respeitar a capacidade regenerativa do sistema natural e garantir uma vida digna e o bem-estar das pessoas. Precisamos de um sistema resiliente, inclusivo, igualitário, equitativo e sustentável, baseado na abundância – e não na escassez dos recursos naturais – que gere valor para as pessoas e para o planeta.

Ao mesmo tempo, sabemos que crises como a causada pelo coronavírus e a climática afetam muito mais profundamente as populações vulneráveis. A prevenção do coronavírus, assim como a proteção contra catástrofes do clima, é um luxo para grande parte das pessoas no Brasil e no mundo, muitas das quais não têm sequer acesso à água limpa, a um sistema de saúde eficaz ou a condições dignas de trabalho, estudo e moradia. Assim como a maioria das pessoas na cadeia de fornecimento global da moda é vulnerável e carece, por exemplo, de licença saúde, assistência médica adequada ou qualquer tipo de estrutura que as permite enfrentar situações drásticas como essas.


Mas a natureza tem seu tempo e está no mostrando que ele é agora. Ao final da crise do coronavírus, os governos certamente tentarão reaquecer suas economias fomentando a volta das produções em grande escala e incentivando as pessoas a consumirem em maiores proporções, o que aumentará muito (entre outros problemas) as emissões de carbono, a exploração do trabalho e dos recursos naturais ao redor do mundo. Tudo isso implicará ainda no retrocesso de acordos tramitando entre os países e da luta contra a catástrofe climática iminente, se não agirmos antes. Nesse sentido, o coronavírus também poderá piorar uma situação que já está bastante complicada.

O que o mundo, e a indústria da moda, precisam hoje é de uma mudança real e sistêmica. Uma mudança capaz de acabar com a exploração das pessoas e do planeta. Este ano, uma das mensagens-chave do Fashion Revolution é a promoção das ações coletivas e está claro que, mais do que nunca, devemos unir forças, porque juntos somos mais barulhentos, mais poderosos e temos muito mais chances de provocar transformações quando trabalhamos em colaboração.

Share kindness. Image created by João Pedro Costa. Submitted for United Nations Global Call Out To Creatives – help stop the spread of COVID-19.

Qual futuro você quer alcançar?

Desde que o movimento começou, em 2013, usamos nossa voz coletiva para reunir comunidades, oferecer apoio, compartilhar conhecimento e pensar criativamente sobre soluções para situações desafiadoras, pois nossa missão é mudar radicalmente a maneira como a moda é pensada, produzida e consumida. Lutamos por uma indústria da moda que conserva e restaura o meio ambiente e valoriza as pessoas acima do crescimento e do lucro. Então, agora queremos pedir para que você traga seu ativismo para casa e transforme suas ações diárias: conserte, doe, revenda, aprenda um trabalho manual, visite seu guarda-roupa: observe as etiquetas, analise os detalhes das peças, pesquise as marcas.

Ajude a proteger sua economia local: compre de empresas próximas, especialmente as pequenas; compre cartões-presente e pague antecipadamente por serviços futuros; apoie pessoas cujas atividades e eventos tenham sido cancelados por meio de compras e assinaturas online; doe dinheiro a uma causa ou organização que assista grupos vulneráveis, essas são as dicas de Donnie Maclurcan, diretor executivo do Post Growth Institute.

Ele ainda recomenda, caso você tenha um negócio: implemente o trabalho remoto (quando possível); garanta licença saúde paga, horários flexíveis, bônus antecipados e os empregos pelos próximos meses e, se preciso, reduza a proporção salarial de cima para baixo; rejeite o racismo e tenha paciência extra com ineficiências. Isso dará às pessoas segurança e uma melhor capacidade de lidar com as demandas do trabalho e da família.

Podemos usar esse momento para fazer um balanço e permitir que o presente nos torne mais bem preparados e comprometidos com um futuro sustentável. Vamos criar juntos o mundo que queremos após a crise. Acompanhe nossas redes @fash_rev_brasil e faça parte da revolução!

*Texto originalmente publicado no Blog do Fashion Revolution

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DESIGNERS PODEM MUDAR O MUNDO

Como o design de produtos e serviços pode nos ajudar a transformar a forma como vivemos e consumimos.

Por Carolina Bastos, colaboradora da Escola São Paulo  

Para onde estamos indo como sociedade? Estamos tomando decisões conscientes, ou estamos apenas seguindo o fluxo de um comportamento irresponsável, nos eximindo de nossas responsabilidades e nos autodestruindo?  

Essas perguntas já faziam sentido em 2019, quando nem eu e nem você que lê esse texto agora poderíamos imaginar que 2020 seria um ano de acontecimentos tão avassaladores. Além das questões humanitárias e de saúde, em algumas semanas, milhões de pessoas ao redor do mundo tiveram que mudar a maneira como trabalham, estudam, se alimentam, se divertem, convivem, consomem… enfim… vivem. E o que os designers podem, devem e estão fazendo com isso?  

Conhecer e entender o Design Sustentável, nos dá a certeza de que é possível transformar todo um sistema por meio de ações concretas, utilizando ferramentas e processos de desenvolvimento de produtos e serviços que nos respeitem como espécie, e que também respeitem nossa casa, nosso planeta. Durante essa pandemia, ficou mais evidente que nossas escolhas diárias tem um impacto coletivo muito grande. O que e como vamos lidar com o que descobrimos é o que pode (e provavelmente vai) moldar o nosso futuro e das próximas gerações.

O lixo é um erro de design

Nessa fase de isolamento social, muito tem se falado sobre nossa alimentação, como muitas pessoas estão re-descobrindo a cozinha e como podemos usar essa oportunidade para fazer escolhas mais saudáveis e conscientes. Além disso, fica mais claro que consumimos embalagens demais, plástico demais e que isso não faz nenhum sentido.  

No livro “Daily Bread: What Kids Eat Around the World, usando como exemplo nossas ações mais cotidianas, o fotógrafo americano Gregg Segal fotografou crianças ao redor do mundo, com diferentes perfis, ao lado de todo o lixo que produziram em uma semana. Apesar da beleza das imagens, é chocante ver mais uma vez como, infelizmente, estamos destruindo nosso planeta. Segal mostra que, ao contrário dos alimentos embalados e processados ​​consumidos principalmente nos países desenvolvidos, ainda existem diversas bolhas de culturas tradicionais em cada continente, que comem, em grande parte, da mesma maneira como tem feito há centenas de anos. No Mediterrâneo, por exemplo, as pessoas gastam uma parcela maior de sua renda em produtos frescos, em vez de encher seus congeladores com alimentos cheios de conservantes e embalagens plásticas. Comparando as imagens, é possível ver claramente questões sobre saúde e sustentabilidade e o livro serve como catalisador para questionarmos cada vez mais nossas escolhas.

Há alguns dias, outro projeto de Segal, o 7 Days of Garbage”, foi selecionado para a 7ª edição do Tokyo International Photography Competition, e estará na exposição “Turbulence”, que trata das causas e efeitos das mudanças climáticas e segundo ele: “será realizada em Tóquio, Taipei, Dublin e Brooklyn assim que retornarmos à (relativa) normalidade.”.

Segundo relatório da Ellen MacArthur Foundation, “The New Plastics Economy: catalysing action“: Quarenta anos após o lançamento do primeiro símbolo universal de reciclagem, apenas 14% das embalagens de plástico são recolhidas para reciclagem a nível global […] Dado o crescimento projetado na produção, em um cenário de negócios, em 2050, os oceanos poderiam conter mais plásticos do que peixes (em peso)”

No Brasil, apesar do aumento da demanda nos últimos anos, apenas 13% de todos os resíduos sólidos urbanos produzidos são destinados para a reciclagem, de acordo com levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Segundo estudo do Ibope Inteligência, 66% dos brasileiros sabem pouco ou nada sobre coleta seletiva, 75% não separam os materiais recicláveis, 39% não separam o lixo orgânico do inorgânico e 56% não utilizam serviço de coleta seletiva.  

Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) a quantidade de resíduos domiciliares ao longo deste período de pandemia será de 15 a 25% maior, e na área de resíduos hospitalares o crescimento será de 10 a 20 vezes.  

Qual futuro você quer alcançar?

É urgente adotarmos uma postura mais consciente em relação à maneira como consumimos e desenvolvemos nossos produtos e serviços. Se antes falhamos como sociedade, especialmente nesse sentido, agora temos a oportunidade de fazer diferente e garantir um futuro melhor para nós e para as futuras gerações.  

A inovação e a colaboração podem ajudar a desenvolver ainda mais nossa aprendizagem coletiva e se tornar um chamado à ação para a criação de novos elos e valores dentro das esferas de produção e consumo. Mas, para tornar essa transição bem sucedida, é crucial saber onde queremos chegar e o que queremos alcançar. Qual futuro você quer alcançar? (Eloisa Artuso)

Segundo Eloisa Artuso, designer e nossa professora de Design Sustentável, “a responsabilidade social e ambiental do designer claramente não se limita apenas aos produtos, as embalagens também representam uma enorme parcela dos impactos causados pelo modelo de desenvolvimento econômico e produção industrial global, e devem ser repensadas urgentemente. Está na hora de uma reformulação radical na maneira como as embalagens são pensadas, produzidas e utilizadas. Mas para isso, é imprescindível um esforço concertado envolvendo a indústria, o governo, o terceiro setor e a sociedade civil, para promover ações coletivas e setoriais para reduzir as pegadas de carbono, água e resíduos dos produtos e suas embalagens, e impulsionar a criação de um valor compartilhado. Apoiar a utilização inteligente de recursos, produções eficientes e processos de reutilização e reciclagem, proporcionará crescimento econômico, benefícios sociais e criará novas oportunidades de negócios.”

Aqui na escola, nós acreditamos que a economia criativa é um agente de transformação e que, por meio dela, podemos, juntos, repensar futuros possíveis. Estamos todos conectados, e todas as nossas ações profissionais e pessoais afetam não só nossa carreira, mas o mundo como um todo. Sabemos que a decisão particular transforma o coletivo, e que nesse momento, podemos juntos ressignificar nosso modo de estar no mundo.  

Termino citando o designer dinamarquês Nille Juul-Sørensen:
“Não é sobre como será o futuro. Mas como será o futuro que nós estamos desenhando.”.

#FiqueEmCasa. Fique bem.  


#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva  #FiqueEmCasa com a Escola São Paulo! #ContinueEmCasa#VaiDarTudoCerto

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O PROFISSIONAL SLASH

Por Sabina Deweik  

Em minhas palestras e cursos, eu exponho as minhas concepções sobre o futuro a partir das análises de comportamento e de consumo que realizo cotidianamente. O que faço me dá abertura para estudar inúmeros assuntos que estão sob o enorme “guarda-chuva” chamado de futuro, mas aqui vou discutir um pouco a respeito de como eu construí o meu presente quando ainda ele ainda era um futuro e sobre uma reflexão que tangenciou a discussão sobre o futuro do trabalho.  

CHAMADO DE ALMA

Há anos atrás me joguei em um aprendizado transformacional chamado coaching ontológico. Na época não tinha a menor ideia onde aquela estrada me levaria e nem tão claro o porque de tê-la escolhido. Só fui. Fiquei me perguntando se não seria melhor ter feito todo aquele investimento em um mega blaster curso de inovação já que durante mais de 15 anos havia me dedicado inteiramente ao meu trabalho como caçadora de tendências e pesquisadora de comportamento.  
Apesar da minha decisão, não deixei de ser uma caçadora de tendências full time, pois meu pensamento e meu olhar são de uma caçadora de tendências e essas são ferramentas que não são simplesmente desligáveis, elas sempre estão ali, trabalhando e criando insights de inovação. Pensando nisso que decidi gravar um curso online de Cool Hunting com a Escola São Paulo no qual divido com os alunos quais ferramentas são essas e como eu as opero para ser um profissional em constante atualização.  

Foi apenas quando terminei todo o processo, diga-se de passagem me “viraram do avesso”, é que entendi o que havia me mobilizado nessa direção. Entendi que houve um chamado de alma por criar e dar um sentido maior a minha existência. Diz-se na antroposofia que é na virada deste setênio (contagem de 7 em sete anos), aos 42 anos, que vamos em busca de aprendermos com as nossas escolhas e estamos prontos para encarar a vida com mais sabedoria e espiritualidade.  

Foi exatamente aos 42 anos que me joguei nessa formação. Depois, entendi profundamente que aquilo que me move na vida é compreender o comportamento humano. Como caçadora de tendências, do ponto de vista social, detectar como os comportamentos humanos se manifestam em tendências. Como coach ontológico, olhando para os comportamentos humanos individuais e como eles se expressam nas histórias de vida.  


OS SLASH/BARRA, BARRA, BARRA

A angustia de não saber me definir: jornalista de formação, palestrante, educadora, caçadora de tendências, pesquisadora e também coach ontológico, deu lugar a um entendimento voltado ao futuro das profissões. Foi aí que percebi que a inquietação de não saber me colocar em uma única caixa não era meramente uma angústia pessoal. Era um fenômeno social chamado Slash Career ou Carreiras Slash.  

Os profissionais chamados Slash (termo popularizado pela escritora nova iorquina Marci Alboher em seu livro “Uma Pessoa/ Múltiplas Carreiras: O Guia das Carreiras Slash”), são aqueles que precisam da barra para poder responder à pergunta: Qual sua profissão? Aqui no Brasil conhecido como o “profissional barra, barra, barra”.  

É um modelo híbrido que reflete, em certa medida, a necessidade das pessoas de realizar todo o seu potencial, com diferentes formas de atuação. Em meu caso, refletiu-se em meu potencial ser expresso com várias atuações: em inovação mas também em acompanhar seres humanos a abrir novas perspectivas para viver com mais bem estar e coerência.  

O fenômeno de ter várias carreiras simultaneamente está ganhando cada vez mais adeptos por conta da flexibilização do mercado e da busca por propósito no mundo profissional. Segundo a autora Marci Alboher, pessoas com carreiras Slash são aquelas que tem múltiplos fluxos de renda simultaneamente de diferentes carreiras.  

Muitas pessoas tendem a confundir um estilo de vida Slash com o trabalho em tempo parcial. Uma diferença fundamental é que, em uma carreira Slash, todo trabalho é conectado de um jeito ou de outro com os outros. Há um efeito de cruzamento e todos eles desempenham um papel no planejamento geral de carreira. A maioria das pessoas opta por uma carreira de Slash porque não consegue encontrar um único emprego satisfatório. O Slash permite experimentar, encontrar uma direção e aprimorar habilidades diferentes.  

A própria autora Marci expandiu sua carreira original como advogada ao negociar um acordo de trabalho flexível, que lhe permitia viajar e buscar outras carreiras como jornalista / autor, palestrante e coach de escritores aspirantes. Hoje, ela se identifica como líder de autora / palestrante / líder sem fins lucrativos, embora muitas vezes conte com sua experiência em direito e jornalismo.  

Um dado curioso é que ter múltiplas carreiras ao mesmo estava associada a profissões mais criativas como fotógrafo/escritor porém, atualmente, principalmente com a geração dos millennials, o fenômeno tem se tornado mainstream também com carreiras mais tradicionais. É que para essa geração, o trabalho não é apenas uma fonte de renda mas também uma esfera de realização pessoal. A sharing economy e o crescimento da tecnologia também proporcionaram um aumento desse tipo de atuação como por exemplo motorista de uber/ host do airbnb/blogger/youtuber.  

PORQUE SE TORNAR UM PROFISSIONAL SLASH?

Ter uma carreira não linear não fazia parte do pensamento de emprego há vinte anos atrás. Os empregadores até penalizavam carreiras não lineares em seus processos de recrutamento. Hoje, as organizações buscam maior agilidade e flexibilidade em termos de modelos de emprego. No futuro próximo, as organizações tenderão a contratar funcionários em tempo parcial, remotos e flexíveis.  

Do ponto de vista pessoal, poder abraçar diferentes paixões e talentos, dá a possibilidade de assumir múltiplas identidades. Não é preciso abrir mão do que você ama em nome do trabalho. Sem falar nas múltiplas fontes de renda e na possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional, unindo hobbies com a profissão como por exemplo um jornalista, que é coach mas também é músico como freelancer.  

Se você também já é ou se sente híbrido provavelmente você já está vivendo no futuro. E se formos mais a fundo, o gênio da renascença Leonardo da Vinci, já vivia desta forma. Ele era artista/ inventor/ pintor/ escultor/ desenhista/ cientista/ engenheiro/ anatomista/ matemático/ arquiteto/ botânico/ poeta/ músico. Imaginem desconsiderar uma das barras? Da Vinci provavelmente não expressaria todo o seu potencial e seu talento e não seria essa referência na história da humanidade. E você? Quais talentos você ainda não expressou? O que te impede de se tornar um profissional slash?


#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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MUNDO EM TRANSIÇÃO

Por Sabina Deweik, professora da Escola São Paulo dos cursos de “Cool Hunting” e “Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes” 

O mundo está vivendo um grande período de transição no qual antigos valores e estruturas já não dão mais conta do fluxo da vida. Nas famílias, nos indivíduos, na política, nas empresas e organizações, no significado do que é ter sucesso nos dias de hoje, tudo vêm sendo questionado e desconstruído. “Estamos em um estado de interregno, entre uma etapa em que tínhamos certezas e outra em que a velha forma de atuar já não funciona. Não sabemos o que vai substituir isso. As certezas foram abolidas”, diz o sociólogo Zygmunt Bauman. 

O QUE HERDAMOS 

Nós herdamos um modelo da Revolução Industrial. Um modelo que primou pelo individualismo, pela produção em massa, pelo avanço a qualquer custo do homem sobre a natureza. De lá para cá, a ideia de competitividade, resultado, foco e individualidade só se intensificou. Desde então, a relação das pessoas com o ato de consumir vem se intensificando exponencialmente bem como a ideia de que trabalhar e ser feliz são departamentos distintos. O homem chegou a acreditar no lema “você é o que você consome”. Status, ostentação visibilidade, marca, imagem, principalmente a partir da década de 80 passaram as ser valores vigentes. 

Diante de tais fatos, bem como a grande crise social, econômica e ambiental que vivemos, passando pelo problema dos refugiados, terrorismo, o aparecimento das chamadas doenças modernas como síndrome do pânico, ansiedade e distúrbios alimentares, às grandes mudanças climáticas advindas da poluição, destruição de habitats, superpopulação humana, sobre-exploração dos recursos naturais — o homem começa a se dar conta que algo está ruindo neste sistema. 

NOVA DIREÇÃO 

Alguns indícios apontam para essa nova direção. O empreendedorismo, por exemplo sofreu um boom nos últimos anos, a palavra startup se popularizou e o número de pessoas empreendendo por oportunidade é cada vez maior. ARevolução Digital que se iniciou com a popularização da internet, e as revoluções pós digitais que caracterizam o momento presente e os anos subsequentes começaram a modificar radicalmente não só nossa relação com as tecnologias, como também com trabalho, educação e até mesmo nossos valores mais intrínsecos. Podemos então prever transformações profundas em todos os sistemas que ancoram a economia e o mundo hoje. As redes sociais mudaram a forma como as pessoas protestam e a exigência de transparência. 

Por conta de novas gerações que nasceram na era digital, a educação como conhecemos hoje também está com os dias contados. O objetivo da educação não será ensinar coisas, porque as coisas já estão na internet, estão por todos os lugares, estão nos livros. A educação será um facilitador para ensinar a pensar e criar na criança essa curiosidade. Quanto ao modelo trabalho de 8 horas por dia dentro das empresas, este, também se tornará cada vez mais distante, dando lugar a novas dinâmicas de espaço e novas configurações de emprego.  

A LÓGICA É SE REINVENTAR 

Dentro dessa lógica, precisaremos nos reinventar todos os dias, reinventar nossas carreiras, e nossos modelos de negócio. O lucro, antes prioritariamente financeiro, passa a ser reavaliado por ângulos que ressignificam o conceito de sucesso. Alteram-se os critérios para o que seria uma pessoa ou um negócio bem-sucedido, colocando em pauta outras motivações compensatórias: realização de propósito, desenvolvimento pessoal, satisfação criativa. 

A diminuição do consumismo, a internet sendo utilizada para descentralizar o poder de empresas, governos e instituições, o movimento crescente de pessoas produzindo seus próprios bens ou comprando de pequenos produtores, a colaboração, o compartilhamento e o crescimento da indústria criativa são alguns dos paradigmas que tem sustentado a nova economia.  

Sem falar na emergência de uma nova consciência coletiva, desde o movimento biker, que faz crescer odesinteresse de um jovem por ter um carro, até a economia colaborativa com modelos de negócios como o Uber eAirbnb, além do crowdfunding, modelo que permite que ideias inovadoras sejam implementadas à partir de um financiamento coletivo ou até mesmo o surgimento de formas de trabalhar e viver coletivas como o co-working e o co-housing. 

Urge sabermos de onde vêm os alimentos que comemos, cresce o consumo de orgânicos, aparecem projetos de upcycling, na gastronomia fala-se de slow food, no consumo fala-se de lowsumerism (baixo consumo), o consumidor quer saber que o que consumimos respeita um ciclo sustentável e por isso cresce também o ato da compra como um ato social. É fundamental compreender os novos valores para entrar em sintonia com esse novo mundo 

OS MILLENIALS 

Vale dizer, que na década de 90, o advento da internet e das novas tecnologias impulsionou ainda mais a mudança comportamental. Nascia naquele momento uma nova geração, que presenciou de perto novidades do mundo digital nunca antes vistas até então. Nasciam os e-mails, as ferramentas de busca e, principalmente, a possibilidade de interação com outras pessoas sem sair de casa. Formava-se ali a chamada Geração Y, ou Millennials, uma geração mais autocentrada e egoísta, porém, de maneira antagônica, adepta por compartilhar informações pelas redes sociais. Rapidez, instantaneidade, flexibilidade e não linearidade de pensamento caracterizam este grupo, que passou a influenciar outras gerações com suas habilidades e sua vontade de trabalhar por projetos com propósito. Geração que está contestando o mundo corporativo e ressignificando o que é trabalho, família, sucesso, profissão, relações.  

O FUTURO DO TRABALHO 

Raymond Kurzweil, inventor, futurista e idealizador da Singularity University aponta que a evolução tecnológica acontece em um ritmo exponencial e uma vez que cada tecnologia serve de suporte para o desenvolvimento da próxima chegará o momento em que atravessaremos uma fronteira onde a velocidade do avanço tecnológico será maior do que a capacidade dos seres humanos de acompanhar a sua mudança.  

Estudos apontam que 40% das empresas não sobreviverão a Revolução Digital, o número de funcionários das empresas será cada vez menor e em 2030 existirá uma empresa para cada 10 pessoas. Vivemos um momento de transição e entender para onde o mundo está caminhando tornou-se premissa para continuar a caminhada. 

Na Escola São Paulo, ofereço um curso online chamado Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes, onde indico quais são esses movimentos que estão se efetivando ou ainda se efetivarão nas próximas décadas e como eles podem ser utilizados para que você trabalhe estrategicamente a sua criatividade de forma a colocá-la à serviço da inovação, o que, no mercado, é um diferencial competitivo. 

MINDFUL REVOLUTION 

Inicia-se uma nova revolução, batizada pela Revista Time como Mindful Revolution ou a revolução do auto-conhecimento. O ser humano começa a se voltar para a essência depois de muito tempo de exterioridade. Com a popularização de técnicas orientais milenares como yoga e meditação, a valorização do silêncio, a ideia de espiritualidade desassociada do esoterismo ou do misticismo, o digital detox e o fim da glamurização do workaholic, começamos a vislumbrar um futuro diferente. A mudança é radical. 

E você, como tem se conectado com essa transição? Quais são as mudanças necessárias para que encontre mais sentido na sua existência? Qual a verdadeira jóia da tua alma? 

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva 

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VEM CONHECER UM DOS MELHORES PRÉDIOS DO MUNDO

Sim, temos aqui no Brasil um dos prédios que está na lista das melhores construções do planeta. E é com mais orgulho ainda que falamos sobre isso, afinal, é uma escola brasileira feita de madeira e localizada numa área remota, projeto do nosso professor Marcelo Rosenbaum.

Canuanã é uma escola rural em regime de internato mantida pela Fundação Bradesco. Um espaço que acolhe crianças e jovens entre 7 e 18 anos e que, durante todo esse tempo, cumpre vários papéis: é casa, família, abrigo, laboratório e sala de aula. Uma escola rural mantida há quase 40 anos, onde 540 crianças e adolescentes, filhos de caboclos e indígenas que moram na zona rural do centro oeste brasileiro, cujo deslocamento impossibilita a rotina escolar, sendo necessário o regime de internato. A instituição é um internato por necessidade: atende a região agrícola remota em torno do município de Formoso do Araguaia, onde os alunos fazem longas viagens a cavalo por estradas não pavimentadas para chegar lá. O isolamento também fez da construção um desafio.

A Vila das Crianças, como ficou conhecida, é feita de madeira e tijolos de barro, não precisa de ar-condicionado, mesmo com o calor de 45 graus, e ganhou, entre outros, o prêmio do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos de 2018.

Foi eleita também vencedora do  RIBA International Prize 2018 (como melhor edifício do mundo), do American Architecture Prize 2017 – categoria Habitação Social, Arch Daily – Building of The Year 2018,  4º Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel 2017, 5º Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável – categoria Edificação Institucional e Melhor Projeto da Edição,  APCA 2017 – categoria Obra de arquitetura no Brasil,  Prêmio IBRAMEM A MATA 2018 – categoria Profissional.

Sim! Uma longa lista de prêmios e uma demonstração de que, quando queremos, é possível transformar, utilizando técnicas locais e sem agredir o meio ambiente.

Legenda foto: O complexo é um modelo de design ambiental leve, proporcionando uma enorme extensão de sombra . Foto: Leonardo Finotti/Rosenbaum Arquitetura 2017.

A impressão é de que a floresta próxima tomou conta do prédio. São colunas de eucaliptos que se estendem dentro do amplo complexo de dormitórios da escola de Canuanã. Entre os troncos altos, há grupos de pequenas salas de tijolos de barro dispostas em torno de pátios abertos. Paredes perfuradas e respiráveis ​​permitem ventilação cruzada natural.

No site do Projeto, o grupo de trabalho conta que “Fomos convidados pela Fundação Bradesco para repensar e qualificar as moradias dos estudantes na Fazenda Canuanã, em Formoso do Araguaia, Tocantins. O ponto de partida deste projeto foi a mudança do conceito de alojamento para o conceito de morada, através do uso da tecnologia social desenvolvida pelo Instituto A Gente Transforma, o Design Essencial, que entende a arquitetura como uma ferramenta de transformação social, capaz de conectar as crianças e jovens com os saberes dos seus antepassados.”

Segundo a diretora Fundação Bradesco, Denise Aguiar: “Escolhemos os arquitetos justamente porque eles não são do tipo que pensam que sabem tudo”

“Não sabíamos o que precisávamos, mas os designers pareciam realmente ouvir o que os alunos queriam, em vez de impor suas próprias ideias”. (Denise Aguiar)

O projeto começou com uma residência intensiva de 10 dias no local, quando os arquitetos se reuniram com alguns dos adolescentes para os quais estariam projetando, desenvolvendo jogos e oficinas para entender como os estudantes queriam viver juntos.

Só podíamos transportar materiais leves para o local, por isso pré-fabricamos os elementos da estrutura de madeira, mas decidimos que os materiais pesados ​​deveriam vir do próprio local”, diz Gustavo Utrabo, que fundou a Aleph Zero com seu ex-colega de classe Pedro Duschenes em 2012. Em entrevista ao The Guardian, ele conta: “O desafio era convencer os alunos e professores de que os materiais locais de terra, tijolos e madeira poderiam representar progresso – que ser moderno não significava vidro, aço e ar condicionado.

Felizmente, Aleph Zero conseguiu. O complexo resultante é um modelo de design ambiental leve, proporcionando uma enorme extensão de sombra, sob a qual são organizados grupos de pequenos edifícios, com paredes perfuradas e respiráveis, permitindo ventilação cruzada natural. A única reclamação que os alunos fizeram é realmente sentir frio à noite, um problema facilmente resolvido com mais cobertores.

Os dormitórios estão agrupados em estruturas de tijolos de barro sem cozimento que foram fabricados na obra utilizando a terra da própria fazenda, assentados como muxarabi nas áreas de serviço, exatamente como nas casas da região, criando conforto térmico eficiente. A estrutura de Madeira Laminada Colada (MLC) foram produzidas com madeira 100% de florestas de reflorestamento, tecnologia com baixo impacto ambiental.

O paisagismo cria nos pátios o microclima resultante do encontro de 3 biomas – Cerrado, Amazônia e Pantanal e reconecta as crianças com a biodiversidade do local.

O espaço organiza as relações entre o publico e o privado, criando espaços de convívio entre o coletivo, a natureza e o indivíduo, reconecta as crianças e os jovens às suas origens como humanidade, com ligação viva em seu ecossistema de entorno.

“O principal objetivo do design era criar um lugar que pareça um lar longe de casa para as crianças”, diz Utrabo ao The Guardian. As instalações anteriores consistiam em dormitórios superlotados, às vezes dormindo 40 pessoas no mesmo ambiente. A nova casa oferece quartos para seis em beliches de madeira, dispostos em torno de pátios arborizados, conectados por um nível superior de passarelas de madeira e áreas de lazer, criando uma varanda arejada. Existem dois edifícios idênticos, um para meninos e outro para meninas, cada um com 165 metros x 65 metros de cada lado da escola, agora sendo usados ​​de maneiras muito diferentes.

Destaque: “O melhor prédio novo do mundo. Precisa nos acordar do nosso estupor cotidiano para algo desafiador que nos ensina por que a arquitetura ainda é relevante.” (Elizabeth Diller – presidente do júri do Prêmio Internacional RIBA 2018)

Os edifícios ganharam vida própria. Foto: Leonardo Finotti / Rosenbaum Arquitetura | 2017

Utrabo e o grupo de trabalho da Rosembaum revisitou o projeto algumas vezes depois para acompanhar o uso do espaço e descobriu que os edifícios ganharam vida própria. As meninas começaram a organizar aulas de pilates e quem precisa estudar para os exames agora pode ter aulas extras nos arredores menos formais da vila, em vez de precisar voltar para a escola depois do horário.

O projeto foi o segundo vencedor do prêmio internacional bienal da RIBAO. Children Village venceu a concorrência do edifício O’Donnell & Tuomey da Universidade da Europa Central em Budapeste, da Escola de Música Toho Gakuen em Tóquio por Nikken Sekkei e das torres de apartamentos arborizados de o Bosco Verticale em Milão, de Stefano Boeri.

FICHA TÉCNICA

Tecnologia Social – Design Essencial
 A Gente Transforma

Arquitetura
 Rosenbaum + Aleph Zero

Projeto, fabricação e construção da estrutura de madeira 
Ita Construtora

Projeto de paisagismo
 Raul Pereira Arquitetos Associados

Projeto de luminotécnica
 Lux Projetos Luminotécnicos

Projeto de fundações
 Meirelles Carvalho

Consultoria em conforto térmico 
Ambiental Consultoria

Instalações 
Lutie

Lajes em concreto
 Trima

Construtora 
Inova TS

Gerenciadora
 Metroll

Design mobiliário
 Rosenbaum e o Fetiche

Material de registro e comunicação do projeto 
Fabiana Zanin

Fotos e filmes 
Leonardo FInotti
 Diego Cagnato
 Galeria Experiência

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CULTURA E CIDADANIA À MESA

Cada um tem uma receita para se sentir bem à mesa: a presença de amigos e familiares, a experiência de comer algo novo, a certeza de ingerir um alimento saudável e natural. Há quem queira alimentar corpo e alma. Ou apenas manter o bom funcionamento da máquina humana.

COMER O QUÊ?

O filme apresenta o cotidiano de uma série de personagens ligados ao mundo da alimentação, de chefs consagrados a produtores rurais, passando por especialistas em nutrição, economia e gastronomia, que apresentam à atriz e nutricionista Graziela Mantoanelli as diversas dimensões e possibilidades da boa alimentação.

Com direção de Leonardo Brant, COMER O QUÊ? serve ao público um banquete de sabores, imagens, reflexões e emoções, de maneira leve e despretensiosa. Afeto, saúde, cultura, indústria e educação formam equações possíveis entre desfrute e cuidado, consciência e espontaneidade, equilíbrio e bem estar.

“Eu não entendo a cozinha como arte, mas como expressão artística. A cozinha confere ao autor a possibilidade de se expressar através da arte. Essa expressão artística é incontestável”, diz o chef Alex Atala no filme, que também traz depoimentos da chef Helena Rizzo, da nutricionista e apresentadora de TV Bela Gil, do professor de Educação Física e consultor Marcio Atalla, do ator e produtor de alimentos orgânicos Marcos Palmeira, do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, do jornalista especializado em gastronomia Josimar Melo e da ativista chef e nutricionista Neka Menna Barreto, entre outros.

O DIRETOR

“Nos últimos 20 anos eu estive envolvido com pesquisa cultural. De uns tempos para cá, me dei conta de que aquilo que eu estava pesquisando, sobretudo política e mercado cultural, tinha muito pouco efeito na vida das pessoas. Então passei a me envolver com questões culturais mais cotidianas, que têm a ver com todos nós. E comida é um desses temas”, conta Brant.

Para ele, as nossas escolhas em relação à alimentação dizem muito sobre quem somos, as relações que desejamos manter com as pessoas ao nosso redor e com o planeta. O diretor acredita que os hábitos alimentares de uma sociedade são determinantes em seu modelo político e econômico. “Revelam também como é a nossa relação interior, com o corpo, saúde, cultura e espiritualidade”.

A COLABORAÇÃO

O filme foi produzido pela Deusdará Filmes, empresa de Brant, e pela Gaia Oficina de Cultura. Contou com a realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Federal de Incentivo e patrocínio da Alelo.

Com a colaboração de Caio Amon e Graziela Mantoanelli, Brant buscou personagens que misturassem diferentes realidades, visões e percepções a respeito da alimentação. “A ideia por trás dessa curadoria é tirar a alimentação do campo do certo e do errado, nos libertar um pouco dos dogmas e dos regimes fechados. A ideia é pensar na autonomia que cada um tem de escolher o seu próprio jeito de alimentar, e fazer relações mais amplas, com o modelo econômico e social”, explica o diretor.

A MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Alimentação também é política, e a partir dela é possível dialogar sobre temas como agronegócio, formas de sociabilidade a partir da comida, a incorporação de paisagens brasileiras à mesa, alimentos orgânicos, diversidade, saúde e muitos outros.

COMER O QUÊ? aborda essas questões de forma descontraída, pela própria fala dos entrevistados, e estimula o debate.

Como parte de uma iniciativa de mobilização realizada pela Taturana Mobilização Social, o filme já circulou por cidades como Belém, Brasília, Fortaleza, Niterói e São Paulo em sessões especiais de pré-lançamento, e foi exibido gratuitamente em universidades, equipamentos públicos e cineclubes.

Depois do lançamento oficial, o filme voltou para esse circuito, e está disponível para exibição em centros culturais, escolas, coletivos, cineclubes, universidades e qualquer outro equipamento de interesse público.

Para fazer parte da rede de exibidores, basta acessar a página do filme e se cadastrar.

#escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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O FUTURO É FEMININO

Por Sabina Deweik

O nome deste post faz referência a uma campanha de conscientização a respeito dos direitos das mulheres que vem tomando força no mundo todo. Elas reivindicam a correção de atrasos sociais, institucionais e constitucionais, a fim de finalmente alcançar uma sociedade equitária em oportunidades para homens e mulheres. Mas a campanha também nos leva a refletir a respeito de quais valores queremos imprimir no mundo, afinal o ser feminino está vinculado à diversas questões cotidianas que, se valorizadas, caminharemos para uma nova sociedade com novas perspectivas.

O PASSADO É MASCULINO

Há muitos anos a humanidade está vivendo uma era de valores masculinos. Em todas as esferas de nossa vida aprendemos a competitividade, o individualismo, a ação, o foco em resultados, os resultados a qualquer custo, a racionalidade. Esta forma de viver e enxergar o mundo e as coisas está dando espaço à emocionalidade, à colaboração, à intuição, ao cuidado, à empatia — valores esses ligados ao feminino. E aqui não entra em questão o gênero masculino ou feminino, mas de uma forma de ser, viver, trabalhar e perceber o nosso entorno de maneira distinta.

Se pensarmos no mundo do trabalho, fica fácil entender o quanto nos movemos até agora segundo padrões do masculino. No mundo organizacional, por exemplo, as habilidades até então requisitadas em um colaborador eram sua capacidade analítica e seu poder de gerar números e resultados. Até mesmo a competição foi super- valorizada. A mentalidade era: tenho que ser melhor que meu colega porque posso não receber a tão desejada promoção. Ou ainda: Se ele/ela se der bem eu não vou me dar bem.

FALHAMOS. E AGORA?

Aprendemos inúmeros valores herdados da Revolução Industrial. Adam Smith, em 1776, escreveu em A Riqueza das Nações: “Individualismo é Bom para toda a sociedade” ou “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”. Esse modelo foi incorporado por nós como a única lógica vigente. Um modelo social e econômico impondo sucesso como uma forma para atingir a felicidade ou ainda a ideia de que mais é melhor. Um modelo no qual o fazer sozinho, o não compartilhar fazem parte da lógica. Um modelo que nos distanciou das emoções, da consciência, do sentido maior. O resultado: uma população com altos índices de depressão, suicídio, burn out, estresse, ansiedade.

De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será até 2020, o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo. No Brasil, cerca de 5,8% da população tem a doença, o que faz do país o campeão de casos na América Latina. Os índices demonstram que algo neste sistema está falhando. O aumento de bens de consumo e produtividade não é proporcional ao aumento de felicidade e bem-estar.

NOVOS VALORES EMERGENTES

Mas a boa notícia é que a antiga lógica está começando a ser revisitada, dando lugar a uma série de valores emergentes que apontam a bússola para outra direção. Se pensarmos nos modelos de negócios mais inovadores de hoje, desde Spotify, Netflix, Waze, Google, Airbnb, Uber e outros, há sempre a lógica do compartilhar, de gerar experiência para o usuário, de democratizar o uso e levar a um número cada vez maior de pessoas a se beneficiar do serviço/produto. Sem falar que nenhum deles trabalha com um bem físico, nem possui nada. Essa é uma mudança de mentalidade importante. Passar da posse ao acesso. Vamos desfazendo a necessidade de pagar pela propriedade de algo para ter a experiência com algo.

Segundo Jeremy Rifkin em seu livro A Era do Acesso, “A transformação do capitalismo industrial para cultural está desafiando muitas de nossas suposições básicas sobre o que constitui a sociedade humana. As antigas instituições fundadas nas relações com propriedade, nas trocas de mercado e no acúmulo de bens materiais estão sendo arrancadas lentamente para dar lugar a uma era em que a cultura se torna o recurso comercial mais importante, o tempo e a atenção se tornam a posse mais valiosa e a própria vida de cada indivíduo se torna o melhor mercado”.

UM NOVO SER HUMANO

Esse tipo de relação está dando lugar a um ser humano diferente, com um novo significado do ser, em detrimento do ter. Essa prerrogativa está sendo impulsionada pelas novas gerações, principalmente a geração Y, nascida entre fins dos anos 70 e início dos anos 90, e a geração Z, nascidos entre o fim de 1992 a 2010. Esses jovens começaram a trazer à tona o conceito de propósito no trabalho. Para eles, assim como para a geração Z, o “fazer” precisa fazer sentido.

Quando nos perguntamos pelo sentido das coisas, estamos acessando uma maior consciência. Depois de muito tempo de resultados, de racionalidade, de ação, passamos a dar espaço para nossas emoções, dentro e fora do mundo corporativo. Nos permitimos, por exemplo, falar de empatia no mundo do trabalho.

O MASCULINO RESSIGNIFICADO

O masculino também está sendo ressignificado e hoje sua única função não é prover, mas cuidar, exercer outros papéis. Esses papéis ainda não estão consolidados, mas aos poucos sendo discutidos em inúmeras instâncias. No universo do consumo, as marcas já estão incorporando esses novos conceitos. A Axe por exemplo, por mais de uma década, realizava campanhas nas quais as mulheres perdiam a cabeça e controlavam seus impulsos sexuais quando confrontadas com as fragrâncias da marca. Mas há dois anos, a estratégia é outra. Desmascarando estereótipos e com mais inclusão, a marca retratou homens usando sua confiança e sabedoria, não necessariamente as fragrâncias, para conquistar mulheres.

UMA ERA MAIS FEMININA

A busca pelo conhecimento, a valorização do silêncio, da natureza, a valorização de técnicas de colaboração, de autoconhecimento como CNV (Comunicação Não Violenta), Mindfulness, Yoga ou o crescimento do coaching como ferramenta de desenvolvimento humano apontam para o mesmo lugar: a emergência de uma era mais feminina. O livro Liderança Shakti dos indianos Nilima Bhat, criadora dessa filosofia, e Raj Sisodia, líder do movimento “Capitalismo Consciente”, fala desta transição de paradigma:

“Tanto os homens quanto as mulheres foram condicionados a valorizar características de liderança que tradicionalmente são consideradas masculinas: hierárquica, individualista e militar”, dizem eles. “Nós reanimamos um arquétipo feminino de liderança: regenerador, cooperativo, criativo e empático”, acrescentam os autores.

No curso Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes da Escola São Paulo, exponho detalhes desta e de muitas outras novas formas de se comportar e de ser em sociedade. Nesse conteúdo, explico e faço análises de cases e movimentos de transformação, mostrando os prováveis próximos passos das pessoas, do mercado e das relações estabelecidas por eles.

POR QUE O FEMININO?

O feminino é circular, emocional, intuitivo, colaborativo, empático, compassivo, flexível, adaptável, acolhedor, solidário, multidisciplinar. O feminino permite um encontro genuíno com o eu, com a consciência de si, do outro, do mundo. Independente de gênero, o que o mundo precisa é trazer esses valores do feminino para todas as esferas e domínios da vida. Reconhecer o feminino em si, é reconhecer nossos valores mais humanos. É um antídoto para muitos anos de desconexão e não consciência.

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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O FOMO E OS NOVOS PARADIGMAS

Por Sabina Deweik

A sociedade contemporânea ocidental conta com inúmeras vantagens em relação às gerações anteriores. A tecnologia nunca foi tão avançada, a inovação e a criatividade nunca foram tão valorizadas. Mas junto dessas benesses, as nossas relações com as coisas e pessoas também mudaram. O tempo se acelerou, nos isolamos no mundo digital e doenças relacionadas aos novos hábitos, como a ansiedade e a depressão, se intensificaram e se “espalharam”. Por conta disso, é importante entendermos o que está acontecendo conosco.

O FOMO

Em um mundo repleto de novos comportamentos e mudanças, fica difícil radiografar a realidade e direcionar a bússola que nos dá a rota para saber, por exemplo, como empreender, como falar com o consumidor, quais estratégias usar em seu negócio, o que é preciso para que uma marca seja relevante. Vivemos o tempo todo uma espécie de FOMO (sigla em inglês que quer dizer Fear of Missing Out), a crescente síndrome da contemporaneidade na qual estamos o tempo todo com a sensação de que não sabemos o que escolher porque parece que sempre estamos perdendo uma enormidade de oportunidades.

Estudando, observando e captando tendências e comportamentos aprendemos a olhar não apenas para os movimentos passageiros mas também para aqueles que tem uma maior duração. Como caçadores de tendências, acompanhamos muitas vezes os chamados “Trend Reports” (relatórios de tendências) e percebemos que na realidade o que é apresentado como um novo movimento, é apenas a evolução de um comportamento manifestado de outra forma. Por isso, ao invés de falar apenas de tendências, olhamos para os chamados Paradigmas do Futuro.

As tendências podem causar o tal do FOMO. São tantos os novos comportamentos que uma empresa, uma marca, pode ficar perdida e não saber o que escolher para aplicar em seu negócio. Já os paradigmas são a certeza de que um movimento pode durar 20 anos. É aí que sentimos o JOMO (Joy of Missing Out), que prega justamente a alegria de não escolher todas as opções.

OS PARADIGMAS

Os Paradigmas são novas forças que direcionarão o mercado e a sociedade: são novos parâmetros culturais, comerciais, “empreendedoriais” que estão trazendo uma mudança radical na construção do futuro. Eles representam as novas direções. São linhas guia para o desenvolvimento de todas as estratégias e projetos de empresas, instituições e consumidores. Um paradigma é uma mudança no imaginário coletivo mundial, uma nova consciência global da qual marcas, instituições, organizações ou indivíduos não podem escapar. Diferente de uma macro tendência, os paradigmas tem um núcleo de estabilidade maior, portanto tem uma duração no tempo também maior. Os paradigmas perduram por até 20 anos ao passo que as macro tendências tem uma vigência de 6 ou 7 anos.

Os paradigmas apresentados abaixo são fruto de mais de 20 anos de observação e monitoramento de comportamentos em diferentes setores (são baseados na experiência com o renomado instituto de pesquisa de tendências e consultoria estratégica Future Concept Lab, com sede em Milão). Eles representam as chaves de leitura para compreender as tendências e suas evoluções no tempo. É como uma moldura, um frame que enquadra múltiplos comportamentos que conversam com o mesmo impulso. O conhecimento dos paradigmas nos dá a possibilidade de entendimento de inúmeros comportamentos. Sendo assim, para um único paradigma, podem existir inúmeras tendências coexistindo.

Como afirma Francesco Morace no livro O que é o Futuro, os paradigmas não são apenas dimensões descritivas e analíticas , mas sim dimensões conceituais e geradoras por meio das quais é possível imaginar projetos e produtos voltados para o futuro. Então vamos comigo conhecer essas 4 forças que trazem clareza e foco: Crucial & Sustainable, Trust & Sharing, Quick & Deep, , Unique & Universal.

CRUCIAL & SUSTAINABLE

Esse paradigma diz respeito ao tema da sustentabilidade que está moldando o futuro do nosso planeta e de todos os consumidores do mundo.

O Crucial & Sustainable é “Voltar às origens, protegendo ao longo do tempo tudo aquilo que nos circunda: nosso patrimônio econômico, ambiental e, ao mesmo tempo, também social e cultural. Redescobrir a importância dos recursos essenciais, que demonstram ter um papel decisivo em nossas vidas”, diz Francesco Morace no livro O que é o futuro?

Dica: Se uma empresa quer se manter relevante nos próximos 20 anos ela precisa refletir em como sua marca pode pensar no coletivo maior. Essa era de transição é definida pela busca dos sentidos e do propósito. As marcas podem ser disruptivas mas também com um impacto social. Se uma marca pensa e age na era industrial, ela está em um tempo diferente do que vive o seu consumidor”.

Um exemplo é a Tesla que faz carros elétricos com custo baixo e está mudando a mobilidade urbana e impactando o planeta positivamente. O erro está em ver o negócio como uma fábrica gigante de produzir produtos ao invés de cuidar de sistemas humanos reais.

QUICK & DEEP

Esse paradigma diz respeito à qualidade do futuro que estará cada vez mais em sintonia com a ideia de respeito pelas pessoas normais, pelos consumidores em busca de experiências felizes, sem perseguir a quimera do luxo. A capacidade de ser rápido, oportuno e acessível deverá ser conciliada com a ideia de felicidade e profundidade de experiência.

Dica: Acessibilidade com qualidade. O futuro pede pelo cruzamento destas duas dimensões. Um bom exemplo é a o serviço Rent The Runway que recentemente anunciou uma parceria com o varejista de itens para casa West Welm. A partir da ideia de que a casa costumava ser um lugar privado, mas agora é um lugar público, ou seja os interiores são hoje flexíveis e instagramáveis, é possível combinar qualidade e rapidez. A parceria responde às mudanças de comportamento dos Millennials que usam produtos de interiores para ter controle criativo sobre espaços alugados. Já que os Millennials e a Gen Z estão constantemente postando fotos de si mesmos em suas casas no Instagram, há uma necessidade de mudança dos interiores sem um custo alto. O serviço atende essa necessidade Quick & Deep.

TRUST & SHARING

O futuro é caracterizado por uma relação muito mais próxima e de confiança, não só com a marca, mas também com toda a empresa em seu complexo orgânico. As grandes empresas terão um novo papel de liderança e responsabilidade social e cultural muito além de seu produto. O compartilhamento irá encontrar a sua importância entre o real e o virtual e a explosão de novas tecnologias e a acelerada afirmação das redes sociais tem papel relevante na transparência da mensagem.

O paradigma Trust & Sharing, segundo Francesco Morace no libro O que é o Futuro?, “redefine uma cadeia de valor que toma forma atravessando todos os setores da sociedade e do mercado: a reciprocidade das relações repropõe uma economia das “não equivalências”, regenerando uma relação baseada na lealdade e no compartilhamento entre as pessoas, instituições, empresas e consumidores”.

Dica: Com a possibilidade de compartilharmos cada vez mais, torna-se essencial o item confiança e transparência. A Yellow é um ótimo exemplo de Trust & Sharing — os patinetes compartilhados que tomaram conta das ciclovias, calçadas e ruas em uma grande parte das capitais brasileiras. O serviço vai crescer ainda mais: a Uber, por exemplo, pretende chegar ao mercado brasileiro com bicicletas e patinetes ainda neste ano. O modelo é apostar na confiança. Os patinetes ficam soltos nas ruas e o usuário desbloqueia seu uso pelo app. A localização é compartilhada no aplicativo para saber onde está o veículo. Depois que você usa, outra pessoa pode utilizar o patinete. Um modelo cada vez mais crescente de pensar os negócios desafiando o antigo sistema do fazer individual e da propriedade privada.

UNIQUE & UNIVERSAL

Esse paradigma diz respeito a capacidade de produzir e comunicar uma identidade única e distinta, inclusiva e não exclusiva, fundada na dimensão cultural de sua história, de sua identidade. Em um mundo global, torna-se essencial negócios ou pessoas que assumem seu caráter único, sua personalidade, sua maneira única de ser e se expressar no mundo seja como marcar ou como ser humano. A diversidade constitui a condição do sucesso dos negócios no futuro.

Dica: O caráter único é o que diferencia. A diversidade não é momentânea, não é tema de nicho, ela permite a inclusão de quem ficou a parte durante muito tempo. É o ponto de partida para ficarmos mais perto das pessoas e do consumidor. Um exemplo é o reposicionamento da Mattel, fabricante da famosa boneca Barbie que nos anos 80 refletia um modelo de consumo aspiracional, com uma única boneca magra, alta, loira. Trazendo o novo paradigma, a Mattel trabalha hoje com uma gama de bonecas com diferentes biotipos para se comunicar com essa nova geração.

No curso de Cool Hunting da Escola São Paulo, eu explico as minhas metodologias para fazer análises ricas da realidade e no curso Os Novos Paradigmas do Futuro e as Tendências Emergentes, também da Escola São Paulo, conto todos os detalhes desses novos movimentos, seus desdobramentos e muitas outras informações a respeito do que veremos emergir nos próximos anos.

#escolasaopaulo #descubra #reinvente #viva

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A NOVA MODA É SUSTENTÁVEL

A seguir, a atualização sobre a semana do Fashion Revolution em abril de 2020, publicada no Instagram:

Marcas, indústrias e varejistas: participem da Semana Fashion Revolution Digital!

O Fashion Revolution não irá realizar nenhuma atividade presencial em abril, mas enquanto marca ou indústria você pode seguir engajado nas nossas campanhas, principalmente revelando como os trabalhadores da sua rede estão amparados neste momento de crise e quais têm sido suas políticas perante isso. ??Por ser um momento complexo para todos, vamos fortalecer a coletividade, atentar para os mais vulneráveis e garantir o bem-estar de nossas comunidades. Suas principais ativações durante a Semana Fashion Revolution podem ser algumas das sugestões na sequência de imagens do post!

Para ler mais e descobrir outras formas de se envolver – durante a Semana e além – veja a publicação completa no site!

#fashionrevolution #quemfezminhasroupas #doquesãofeitasminhasroupas

A MODA

Ao longo de muitos anos a indústria da moda se manteve isolada da sociedade em geral como parte de sua própria proposta de se colocar enquanto algo para poucos. Por muito tempo, se criticou esse isolamento a partir de diversos ângulos, desde elitismo até questões trabalhistas. Felizmente, os novos ventos do comportamento social nos trouxeram uma era de valorização da transparência enquanto paradigma e hoje a situação é diferente.

Mais do que nunca, hoje temos muitos agentes e órgãos interessados em fazer dessa indústria (de extrema importância para a economia mundial) um bom setor para se trabalhar, independentemente da posição na cadeia de produção, e fazer da moda um dos pivôs da mudança de valores do sistema capitalista, reconhecendo na sustentabilidade o único caminho para uma sociedade mais justa.

A MODA E O FASHION REVOLUTION

A moda é uma força a ser considerada. Ela inspira, provoca, conduz e cativa. O Fashion Revolution acredita no poder de transformação positiva da moda, e tem como principais objetivos  conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade.

O movimento foi criado após um conselho global de profissionais da moda se sensibilizar com o desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh, que causou a morte de 1.134 trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. A tragédia aconteceu no dia 24 de abril de 2013, e as vítimas  trabalhavam para marcas globais, em condições análogas à escravidão.

#QUEMFEZMINHASROUPAS

A campanha #QuemFezMinhasRoupas surgiu para aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto no mundo, em todas as fases do processo de produção e consumo. Realizado inicialmente no dia 24 de abril, o Fashion Revolution Day ganhou força e hoje tornou-se a Fashion Revolution Week, que conta com atividades promovidas por núcleos voluntários, em mais de 100 países.

Queremos tornar a moda uma força para o bem!

SEMANA FASHION REVOLUTION BRASIL

No Brasil, o movimento atua há 5 anos. Durante a Semana Fashion Revolution, e ao longo do ano em eventos pontuais, realizamos ações, rodas de conversa, exibições de filmes e workshops, que promovem mudanças de mentalidade e comportamento em consumidores, empresas e profissionais da moda.

Ficamos muito felizes com o crescimento do movimento, que hoje está estabelecido como Instituto Fashion Revolution Brasil e trabalha em parceria com diversos atores.

A Semana Fashion Revolution 2019 envolveu aproximadamente 25 mil pessoas em 50 cidades do Brasil e contou com mais de 230 voluntários, 48 representantes locais, 55 embaixadores em 114 escolas e universidades, comprometidos com a organização de 815 eventos. Para se ter uma ideia, em 2018 foram realizados 733 eventos, e em 2017, 225. Além disso, aproximadamente 500 marcas de vestuário se engajaram na campanha.

Queremos mostrar ao mundo que a mudança é possível, através do engajamento de todos! A conscientização é o primeiro passo para que poderosas transformações sejam concretizadas. Vamos criar conexões e exigir práticas mais sustentáveis e transparentes na indústria da moda?

No curso Design Sustentável da Escola São Paulo, Eloisa Artuso mostra as suas conexões estabelecidas com marcas e iniciativas para tornar seus processos produtivos mais sustentáveis. Ela ensina como podemos atuar para projetarmos uma sociedade econômica, social e ambientalmente viável. Com uma visão de mundo integrada e uma riqueza de cases de redução de impactos sobre o planeta como um todo, o conteúdo do curso se alinha aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Participe de nossa campanha nas redes sociais, em qualquer momento do ano:

1 – Faça uma selfie com a etiqueta da marca que está vestindo

2 – Pergunte na legenda: @nomedamarca  #QuemfezMinhasRoupas? #FashionRevolution

3 – Poste e faça parte dessa revolução!

“O Fashion Revolution promete ser uma das poucas campanhas verdadeiramente globais a surgir neste século”, diz Lola Young, criadora do Grupo Parlamentar de Todos os Partidos sobre Ética e Sustentabilidade na Moda no Reino Unido.

A co-fundadora do movimento, Orsola de Castro, completa: “Nós queremos que você pergunte: ‘Quem fez minhas roupas?’. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos. Esperamos iniciar um processo de descoberta, aumentando a conscientização de que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve centenas de pessoas, e realçando a força de trabalho invisível por trás das roupas que vestimos”.

CONTATOS

  • Para dúvidas, saber como participar e ver o que esta acontecendo em sua cidade, escreva para a Dandara Valadares no email:

fashionrevolution.br@gmail.com

  • Para apresentar projetos, propostas ou convites, escreva para a nossa diretora executiva Fernanda Simon no email:

brasil@fashionrevolution.org 

  • Marcas, industrias e empresas podem escrever para a Bárbara Poerner, nossa articuladora no email:

frd.comunicacao@gmail.com

  • Faculdades e projetos educacionais podem escrever para a nossa diretora educacional,  Eloisa Artuso:

frd.educacional@gmail.com

  • Mídia e veículos de divulgação, escreva para a nossa assessora de comunicação, Giovanna Campos:

frd.assessoria2@gmail.com

CRÉDITOS TEXTO:
https://www.fashionrevolution.org/south-america/brazil/

#escolasãopaulo #descubra #reinvente #viva

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BJÖRK, YOUTUBE E A REALIDADE VIRTUAL

É lugar comum dizer que Björk é um dos ícones culturais mais importantes do século 20. Gostando ou não de suas músicas, as suas pesquisas artísticas, de linguagem, de experimentação e tecnologia não têm como passar desapercebidas. Com seu posicionamento de artista transmídia, ela desafiou e segue desbravando e desestruturando o status quo musical. Como lembra Ali Prando, em seu texto no site do MIS, “A artista, que se confessa fascinada com o uso da tecnologia, é aclamada pela crítica especializada por combinar diversos gêneros musicais, como música eletrônica, jazz, trip hop, folk e ethereal wave, mantendo-se eternamente inclassificável.”

Cultura Pop

Quando falamos de cultura pop, os valores éticos e estéticos contemporâneos aparecem de formas diferentes, mas são sempre muito importantes para que possamos entender onde estamos, e, talvez (por que não?), para onde vamos.

“Sempre acostumados a nos admirar com cada evolução musical e artística que Björk nos apresenta – que são, de fato, pequenas grandes revoluções –, não nos damos conta de que ela, na mesma medida em que nos traz todas essas novidades, também oferece uma questão ligeiramente perturbadora: para onde vai o futuro?”– *Zeca Camargo

*Trecho do texto produzido por Zeca Camargo para um folder especial que se transforma em um pôster, com textos também de Björk e Cleber Papa (diretor cultural do MIS).

A Exposição de Björk no Brasil

Björk Digital é um projeto de realidade virtual de Björk em colaboração com alguns dos maiores artistas visuais do mundo, como Andrew Thomas Huang e Jesse Kanda. A exposição-instalação traz ao Brasil seis trabalhos da artista, extraídos de seu penúltimo álbum, Vulnicura**, lançado em 2015: Stonemilker, Black Lake, Mouth Mantra, Quicksand, Family e Notget. Além dos seis vídeos, Björk Digital apresenta o projeto educativo Biophilia e uma sala de cinema onde o público confere diversos clipes da carreira da artista feitos por gênios do videoclipe como Michel Gondry e Spike Jonze. A mostra, que estreou em Sydney (Austrália) em 2016 e já rodou o mundo, passando por Tóquio, Barcelona, Cidade do México, Londres, entre outras cidades, foi apresentada pela primeira vez no Brasil em São Paulo, onde esteve até 18 de agosto, e agora segue para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.

Segundo a própria artista escreve no programa da exposição: “[…] pareceu natural invadir o circo particular que é a realidade virtual com um material como este: Vulnicura é o primeiro álbum meu que insistiu para que as músicas seguissem uma ordem cronológica. Depois que elas foram escritas, ficou claro que eu involuntariamente tinha esbarrado na narrativa de uma tragédia grega. A realidade virtual não é apenas uma continuidade natural do videoclipe, mas tem um potencial dramatúrgico ainda mais íntimo, ideal para esta jornada emocional”.

Quando Raimo Benedetti, artista e pesquisador, professor do curso “O Pré-Cinema e o YouTube”, conta sobre os Panoramas, começa nos dizendo que essas imensas estruturas são uma mídia morta, mas que a vontade de viver uma narrativa imersiva ainda é forte no imaginário das pessoas. E então, somos levados a entender como as sensações provocadas pela imersão da realidade virtual ou da realidade aumentada seguem confundindo nossos horizontes e percepções.

Imagens que pulam aos nossos olhos, nos envolvem e nos fazem sentir transportados para outro lugar. Assim eram os Panoramas, imagens gigantescas, que envolviam e deixaram boquiabertas as pessoas no final do século XIX. Hoje, a realidade virtual faz conosco a mesma coisa. Ficamos muitas vezes perdidos em um “labirinto confuso”, às vezes enjoados, mas sempre admirados.

Assim como nossos antepassados desbravadores e experimentadores, Björk testa, experimenta, propõe. A mostra é dividida em seis áreas compostas por realidade virtual e elementos audiovisuais imersivos que demandam a interação dos visitantes. Em muitos momentos, a tecnologia ainda deixa a desejar, como no caso do peso dos óculos, que depois de um tempo começam a incomodar.

björk: stonemilker (360 degree virtual reality)

Na primeira parte da exposição, cada grupo de visitantes entra em salas com bancos e óculos de realidade virtual para assistir sentados aos clipes. O primeiro deles é Stonemilker (em português, “Alguém que tira leite de pedra”), que a artista fez meses antes de sua separação, com apenas uma paisagem de praia e a atuação de Björk se movendo entre as cenas. Existe uma versão em 360º disponível no YouTube, mas a sensação gerada pela realidade virtual é mais intensa e bem interessante.

björk: black lake

O segundo vídeo vai na mesma frequência apresentando o clipe de Black Lake, filmado em locação na Islândia pelo premiado diretor Andrew Thomas Huang. O filme, que estreou em 2015, tem dez minutos de duração e foi encomendado pelo Museu de Arte Moderna de Nova York em. O clipe, feito meses após a separação da cantora, é muito melancólico, refletindo ideias de dor, perecimento e renascimento.

Em uma terceira sala, dois vídeos são rodados na sequência. O primeiro é o clipe da música “Quicksand”, dirigido por Warren Du Preez & Nick Thornton Jones, uma viagem psicodélica, cheia de cores e poesia.

bjork: mouth mantra

O segundo clipe, “Mouth Mantra”, é uma viagem surreal dentro (literalmente) da boca da cantora, que Björk fez quando precisou de uma cirurgia na garganta, e foi dirigido por Jesse Kanda. Fazendo um paralelo com o Cinema das atrações, não existe aqui uma narrativa. As imagens em si não são lineares, mas imersivas e provocadoras de sensações.

bjork: family

A experiência interativa segue para uma sala com mais dois vídeos em sequência, agora de pé. Para “Family”, o visitante é equipado com controles remotos que, com os óculos de RV se transformam em mãos. Apertando os botões, os controles tremem e seus braços virtuais passam a se mover e serem rodeados por fios que saem de uma grande vulva.

bjork: notget

Em seguida entra “Notget”, dirigido por Warren Du Preez & Nick Thornton Jones, uma Björk gigante dança rodeada de luzes e chega a atravessar seu corpo.

No MIS, em São Paulo, o segundo andar da exposição foi dividido em duas salas: Biophilia e Cinema. A primeira trazia uma área educativa baseada no álbum Biophilia (2011), com tablets permitindo a composição de músicas e a exploração da relação entre o mundo natural e a tecnologia. A segunda sala apresentava dezenas de clipes da carreira da artista remasterizados em alta definição, como Armyof Me (Michel Gondry), It’s Oh So Quiet (Spike Jonze) eAll Is Full of Love (Chris Cunningham), incluindo o seu videoclipe mais recente Tabula Rasa (Tobias Gremmler).

**Vulnicura videos – LISTA

Imagem de destaque retirada do site oficial da exposição Björk Digital no MIS
Créditos: Avatar Family VR | Imagem: Andrew Thomas Huang

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